Dassault expande fortemente sua rede de suporte-serviços de manutenção/MRO global para jatos Falcon com novas instalações próprias, em 30.05.24
A colaboradora da mídia AIN na Europa Cathy Buyck escreveu post no dia 23 relativo à expansão da rede de suporte de jatos executivos Dassault Falcon empreendida pela fabricante francesa.
Buyck iniciou artigo escrevendo sobre a recente inauguração pela Dassault Aviation de uma instalação de manutenção, reparo e revisão (MRO) de 149.500 pés² (cerca de 13.890 m²) especialmente construída em Kuala Lumpur, na Malásia, que incorpora a estratégia da fabricante aeroespacial francesa de dar suporte e apoio para sua unidade de serviços para jatos executivos. Em suma, isso significa desenvolver uma presença global mais ampla no mercado de reposição com instalações modernizadas e ampliadas para apoiar a frota crescente e a linha de produtos da sua Família Falcon.
A aquisição das atividades de manutenção global da subsidiária ExecuJet da Luxaviation e das atividades de MRO da TAG Aviation, com sede na Europa, há cinco anos, consolidou o desejo da Dassault de comandar uma rede mundial de manutenção Falcon e aproximar a capacidade de suporte dos clientes, explicou Jean Kayanakis, vice-presidente sênior mundial de rede de centros de atendimento e atendimento ao cliente Falcon, na Dassault Aviation.
“Uma melhor gestão da experiência do cliente é realmente o objetivo número um”, disse Kayanakis para a matéria da AIN, em entrevista antes da EBACE (feira da associação de aviação executiva da Europa). Esta abordagem centrada no cliente e o compromisso de oferecer um padrão uniformemente elevado de suporte pós-venda são “aplicados em todas as regiões”, disse Kayanakis.
As aquisições de instalações de serviço-manutenção acrescentaram 17 instalações próprias de fabricante, principalmente no Médio Oriente, Ásia-Pacífico e África, onde a Dassault anteriormente tinha uma presença relativamente pequena.
As aquisições de 2019 também se basearam na tendência crescente das fabricantes de se tornarem de fato fornecedores de suporte em serviço e obterem mais receitas através de serviços pós-venda.
Buyck escreve que, por exemplo, os executivos Bombardier confirmaram durante evento de mercado – Investor Day -, em 1º de maio, que alcançou um aumento de 77% nas receitas do mercado de reposição desde 2020 e espera que seu negócio de serviços responda por 22% das receitas do grupo em 2025. A fabricante canadense planeja reduzir trabalho de MRO por terceiros em seus jatos executivos Bombardier para 50% até 2030. A participação de mercado de sua própria rede mundial de atendimento ao cliente aumentou de 36% em 2020 para 46% em 2023.
Buyck aponta que tal comparação não poderia ser feita para a Dassault Aviation porque a fabricante francesa não divulga números financeiros separados para o seu negócio de serviços de aeronaves civis e militares.
No presente, a unidade Dassault Falcon agora oferece serviço de fábrica em 40 localidades. Além disso, possui cerca de 20 centros de serviços autorizados (ASC – authorized service center) em todo o mundo.
“O objetivo claramente não é [da Dassault Aviation] ser o fornecedor exclusivo de suporte Falcon e MRO. Ainda temos centros de serviços autorizados onde são necessários como complemento”, disse Kayanakis.
No ano passado, por exemplo, a Dassault Aviation adicionou um segundo centro de serviços autorizado na Índia, localizado no Aeroporto Internacional Indira Ghandi, em Nova Delhi, e assinou um acordo com a Pro Star Aviation para fornecer manutenção de linha, instalação, inspeção e serviços de aeronaves em terra para o Família Falcon 2000EX EASy e 7X/8X e no nordeste do EUA.
Entretanto, um acordo com o centro de serviços autorizado existente na Turquia foi recentemente renovado por três anos.
Embora enfatize que fábrica continuará trabalhando com centros de serviços autorizados, Kayanakis admite que a Dassault prefere manter o trabalho de MRO internamente. “O compromisso de fornecer uma experiência uniforme ao cliente está por trás disso e os clientes estão solicitando que possam se beneficiar de nosso conhecimento de suporte e conjunto de serviços”, Kayanakis explicou.
Nas Américas, a Dassault pretende ter uma participação de 50% no mercado de reposição da linha Falcon, e na região EMEA (Europa, Oriente Médio e África) essa participação já foi alcançada.
Kayanakis não prevê que a Dassault fará novas grandes aquisições de instalações de MRO no curto prazo. “O crescimento do mercado neste momento não é [alto] o suficiente para considerar uma aquisição, é muito melhor desenvolver o que fizemos”, Kayanakis afirmou, salientando que adquirir uma empresa é mais do que uma transação financeira. “Também é garantir que as pessoas comecem a compartilhar nossa cultura”, observou Kayanakis.
A maior parte dos investimentos irá para a modernização e expansão das instalações de serviços de fabricante existentes. Isso inclui prepará-las para acomodar os modelos mais novos, como o Falcon 6X (com motor Pratt & Whitney Canada PW-812D), que ganhou a certificação FAA e EASA em agosto de 2023, e o (futuro) Falcon 10X (com motor Rolls-Royce Pearl 10X), que está programado para entrada em serviço em 2027.
O Falcon 10X, um modelo cabine larga de alcance ultralongo, terá comprimento de 33,4 m. (109,6 pés), altura de 8,4 m. e envergadura de 33,6 m., e apresentará a cabine de maior dimensão internamente – em largura e altura – do que qualquer jato executivo projetado e fabricado especificamente para aeronave executiva em serviço atualmente. “Já estamos fazendo muita coisa no 10X. Apoiar um avião tão grande como o 10X é um jogo diferente”, observou Kayanakis, confirmando que os preparativos estão bem encaminhados. Isso inclui encomendar peças de reposição para estoque de longo prazo e comissionar edifícios maiores para alocar serviços de MRO.
As instalações do Aeroporto Subang (em Selangor, na Malásia) da Dassault Falcon, por exemplo, incluem um hangar de 9.755 m² que pode acomodar até 15 jatos executivos de médio e grande porte simultaneamente – incluindo os modelos “6X” e “10X”. Além disso, sua instalação de MRO ExecuJet de 15.000 m² no Aeroporto Internacional Dubai World Central Al Maktoum, inaugurada no ano passado, foi projetada para receber os novos modelos Falcon de cabine ultragrande.
Apesar de seu tamanho menor – 3.600 m² – as novas instalações de propriedade fabricante em São Paulo, no Aeroporto Internacional Executivo de Catarina, no Estado de São Paulo, no Brasil, poderão acomodar o Falcon 10X.
Da mesma forma, a instalação planejada de 12.000 m² da Dassault Falcon em Melbourne, na Flórida (EUA), atenderá os mais novos modelos Falcon. Esta instalação de MRO está programada para ser inaugurada no próximo ano e continuará – como alguns outros centros de serviços de fábrica da Dassault Aviation – a fornecer manutenção de linha e base para outros tipos de aeronave-jato executivo, não apenas jatos Dassault Falcon.
Nos últimos anos, toda a rede de MRO Dassault Falcon tem se preparado para oferecer suporte ao modelo “6X”. Antes da entrada em serviço do bimotor de longo alcance, a Dassault garantiu a disponibilidade de peças de reposição em um estoque no valor de quase US$ 90 milhões por todo o mundo. “Não estou dizendo que tudo está na prateleira hoje, mas esse é o estoque necessário para dar suporte ao primeiro lote de aviões”, revelou Kayanakis.
A aeronave de demonstração Falcon 6X da Dassault tem viajado pelo mundo desde dezembro e a manutenção de linha tem sido fornecida em diferentes regiões pela rede de centros de serviços de fábrica da Dassault.
Além disso, estão em andamento discussões com instalações de linha autorizadas para atender às necessidades dos “vários” jatos Falcon 6X que estão programados para serem entregues neste ano, disse Kayanakis. “A manutenção da base não será significativa por alguns anos. O foco agora é realmente garantir que tenhamos as peças onde são necessárias e validar tudo o que foi feito no papel [documentado] para estarmos prontos para dar suporte à aeronave”, falou Kayanakis.
Após as aquisições de 2019, a Dassault Aviation reorganizou as suas diversas organizações de MRO numa nova organização de vendas, com o objetivo de simplificar o acesso dos clientes. Também fez algumas mudanças na marca – a TAG Maintenance Services foi renomeada para Dassault Aviation Business Services e a marca Dassault Aircraft Services no EUA foi inativada no ano passado em favor da adoção do nome Dassault Falcon Jet (DFJ).
No entanto, a Dassault optou por não consolidar os seus serviços globais de suporte Falcon sob uma única marca. “Definitivamente foi algo que consideramos e sim, poderia ter sido diferente”, comentou Kayanakis. “Mas concluímos que não se trata apenas de uma questão de marca, mas também de um reflexo da dinâmica do mercado. Nossa prioridade é garantir que os clientes, independentemente de sua localização, possam acessar uma rede de suporte ágil e coordenada. Portanto, optamos por focar na otimização da organização ao invés de reformulação de marca”, explicou Kayanakis. [EL] – c/ fonte