Desaceleração do mercado de aeronaves executivas gerando “oportunismo”, segundo mídia de aviação, em 31.01.23


No dia 26, a mídia AeroNews Network postou nota de título “Slowing Business Aircraft Market begets opportunism”, ou Desaceleração do mercado de aeronaves executivas gera oportunismo, para discorrer do atual momento do mercado – de negócios – de aeronaves novas e usadas da aviação geral-executiva.

Conforme a nota, apesar dos relatórios do quarto trimestre de 2022 (4T22) de números de transações robustos e do aumento de preços, a demanda por aeronaves executivas novas e usadas parece estar estabilizando, e até retraindo, em 2023.

Os analistas atribuem a desaceleração dos negócios de aeronaves executivas às pressões econômicas, entre as quais o agravamento de uma recessão, ou retração econômica, global, o cenário de aumento de taxas de juros e a erradicação generalizada de renda discricionária resultante de níveis de inflação recordes pelo mundo. E adicionalmente, uma movimentação de “condenação” pública às viagens de aeronaves particulares, promovida por ambientalistas fervorosos – a mídia classificando como “fanáticos ambientais” e por políticos “ansiosos” para se retratar em tom de “sombra” verde também afetou negativamente o mercado de aeronaves executivas.

O vice-presidente de transações de aeronaves da ACASS (uma provedora canadense aeronáutica multidisciplinar, com atividade de compra/venda de aeronaves, gerenciamento de aeronaves e fornecimento de tripulantes, entre outras, com representações na Europa, Ásia e Oriente Médio) Zipporah Marmor relembrou um caso em que a aquisição de um jato executivo usado foi interrompida pelo candidato-comprador após a decisão da União Européia de propostas para proibir, tributar ou regulamentar aeronaves particulares baseadas ou operando na Europa.

Outro executivo do mercado de jatos executivos, sob condição de anonimato, revelou que recentemente lidou com contencioso de aeronaves executivas em condição de risco de posse, cujos compradores atrasaram os cronogramas de pagamento devido a dificuldades financeiras. “Estamos observando para ver se isso se estabilizará como um pouso suave em relação a outra coisa”, comentou o executivo.

As fabricantes aeronáuticas raramente divulgam casos de negócios de aeronaves “em perigo”, argumentando, em vez disso, que aviões indesejados podem ser facilmente revendidos.

O vice-presidente sênior da fabricante americana Textron Aviation, Lannie O’Bannion, declarou: “Se, por qualquer motivo, a venda final de uma aeronave não ocorrer, a equipe de vendas trabalhará para combinar a aeronave com a missão, localização e cronograma de um cliente semelhante”.

A fabricante canadense de jatos executivos Bombardier relatou que revendeu cinco aviões originalmente destinados a compradores russos, por desistência da aquisição por causa dos efeitos do conflito geopolítico russo-ucraniano.

O articulista da AeroNews Network sustenta que, ao contrário da intuição e da experiência popular geral, a exigência do Covid-19 ocasionou enormes acúmulos de riqueza em setores selecionados do mercado, gerando assim uma miríade de fortunas pessoais. A riqueza crescente, o acesso a dinheiro com juros baixos e legiões de compradores novos-ricos deram origem a um mercado vendedor e revendedor de jatos executivos e deixaram as carteiras de pedidos de aeronaves (backlogs) tão “inchadas e ricas” quanto J.B. Pritzker (empresário, filantropo e político, bilionário, americano que atua como governador de Illinois desde 2019. Membro da rica família Pritzker, proprietária da rede mundial de hotéis Hyatt, Pritzker é de Chicago e iniciou várias startups de capital de risco e investimento como o Pritzker Group, onde é sócio-gerente. Seu patrimônio pessoal estimado é de US$ 3,6 bi).

O articulista segue tese que a era pós-Covid., no entanto, tem sido caracterizada por taxas de juros crescentes, custos de empréstimos disparados e sinais crescentes de que uma recessão na qual os mercados globais estão atualmente ‘atolados’ pode degenerar em uma “depressão econômica total”. Mas que, no entanto, vários candidatos-compradores ‘agressivos’ – “sentindo ou ouvindo falar de sangue em águas proverbiais” – procuraram aeronaves numa situação posse/propriedade em risco, com o objetivo de contornar os tempos de espera prolongados (de posição nas carteiras backlogs, ou uma lista de espera) para novos jatos executivos ou aproveitar-se de estruturas fiscais favoráveis relativas a ativos usados.

Brian Proctor, CEO da empresa de consultoria e corretagem de aviação Mente Group, afirmou que tem conhecimento de dois candidatos-compradores dispostos para aquisição de aeronaves danificadas, mesmo que as condições estéticas ou de aeronavegabilidade em questão não sejam perfeitas. Proctor afirmou também que o ritmo de vendas de aeronaves diminuiu, citando que aeronaves usadas que antes eram vendidas em horas ou dias agora permanecem no mercado por períodos de tempo mensuráveis em semanas.

Da mesma forma, o advogado especializado em aviação Stewart Lapayowker comentou os reportes de candidatos-compradores “esperando do lado de fora, prontos para entrar numa entrega que está inadimplente”.

Conforme o articulista da AeroNews Network, mais evidências de um mercado de aeronaves executivas em declínio são fornecidas pelo analista de aviação Brian Foley, cujos exames de dados compilados pela American Statistical Association (associação de estatística americana) – AMSTAT – revelam que os níveis de estoque de aviões usados listados para venda aumentaram em mais de 40% durante os últimos seis meses (segundo semestre) de 2022.

E já a consultoria de pesquisa/provedora de dados WingX determinou que a atividade de fretamento de marca na América do Norte caiu 2% em 2022, e postula que 2023 verá uma diminuição ainda maior dos vôos fretados.

À luz de uma linha de pessimismo generalizado e previsões sombrias do mercado, os investidores e as partes interessadas do setor aeroespacial deverão prestar muita atenção e aferir-se nos resultados trimestrais 4T22 e consolidado do ano de 2022 reportados pelas controladoras das fabricantes americanas Gulfstream e Textron (com as marcas Cessna e Beechcraft), a General Dynamics e a Textron Aviation, respectivamente, no último dia 25.

As fornecedoras de jatos particulares têm se esforçado para amenizar o desconforto dos investidores, citando carteiras de pedidos (backlogs) de bilhões de Dólares e altos níveis de satisfação do cliente. Essas garantias serão muito pequenas, no entanto, caso os relatórios de quarta-feira reflitam nada menos do que ganhos estelares e vigoroso bem-estar fiscal, argumenta o articulista da AeroNews. [EL] – c/ fonte