EASA alerta para aumento de interrupções (perda) de sinal de satélites, em 19.03.23


A EASA emitiu recentemente uma revisão de Boletim de Informação de Segurança – 2022-02R1 – relativo a um problema contínuo de interrupções (perda) de sinal de satélite prejudicando a navegação aérea (GNSS).

Boletim de Informação de Segurança (Safety Information Bulletin) 2022-02R1, de 17/02/2023:
https://ad.easa.europa.eu/ad/2022-02R1

“Desde fevereiro de 2022, houve um aumento no bloqueio (perda) e/ou sinais espúrios de sistemas globais de navegação por satélite (GNSS)”, divulga o boletim. “Esse problema afeta particularmente as áreas geográficas ao redor das zonas de conflito, mas também está presente no Mediterrâneo oriental, no mar Negro, no mar Báltico e na área do Ártico”. E, segundo a EASA, o problema “se intensificou” nos últimos meses.

As principais Regiões de Informação de Vôo (FIR – Flight Information Region) afetadas são:
[1] na área do mar Negro:
– FIR Istanbul (LTBB) e FIR Ankara (LTAA)
– setor leste da FIR Bucureste (LRBB) e FIR Sofia (LBSR)
– FIR Tbilisi (UGGG), FIR Yerevan (UDDD), FIR Baku (UBBA)
[2] na área do sudeste do mar Mediterrâneo e Oriente Médio:
– FIR Nicosia (LCCC), FIR Beirute (OLBB), FIR Damasco (OSTT), FIR Telaviv (LLLL), FIR Amman (OJAC)
– setor nordeste da FIR Cairo (HECC)
– setor norte da FIR Bagdá (ORBB) e noroeste da FIR Teerã (OIIX)
– setor norte da FIR Trípoli (HLLL)
[3] na área do mar Báltico – FIR ao redor da FIR Kaliningrad (UMKK):
– setor oeste da FIR Vilnius (EYVL), setor nordeste da FIR Warszawa (EPWW), setor sudoeste da FIR Riga (EVRR)
[4] na área do Ártico:
– setores norte da FIR Helsinki (EFIN) e da FIR Polaris (ENOR)

Os efeitos bloqueio (perda) e/ou sinais espúrios de sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) foram observados por tripulações em várias fases de vôo, em alguns casos levando a redirecionamentos (novas trajetórias) ou até desvios para destinos alternativos (“alternados”) devido à incapacidade da execução de uma operação de aproximação e pouso segura.

Ainda de acordo com a EASA, “nas condições atuais, não é possível prever a interferência GNSS ou seus efeitos. A magnitude dos problemas gerados por essas interferências dependeria da extensão da área em questão, da duração e da fase do vôo”.

A lista a seguir fornece exemplos de problemas que uma degradação do sinal GNSS pode gerar:

  • incapacidade de usar navegação por satélite para uma operação por fixo-waypoint (por coordenada);
  • perda da capacidade aproximação por operação por navegação de área (RNAV – Area Navigation);
  • incapacidade de conduzir ou manter operações por navegação de área (RNAV) de Performance de Navegação Requerida (RNP – Required Navigation Performance), incluindo aproximações RNP e RNP-AR (RNP – Authorization Required, ou RNP com requisito de aprovação);
  • ativação de alertas de proximidade de terreno/obstáculo do GPWS, possivelmente com mensagem de ação corretiva “PULL UP”;
  • posição inconsistente da aeronave na tela de informação de vôo/display de navegação;
  • perda das funcionalidades de Vigilância Dependente Automática (ADS-B – Automatic Dependent Surveillance-Broadcast), Tesoura de vento, terreno e superfície;
  • falha ou degradação de ATM/ANS/CNS e sistemas de aeronaves que usam navegação GNSS como referência de tempo; e,
  • potenciais infrações do espaço aéreo e/ou desvios de rota.

Além de recomendações às autoridades aeronáuticas nacionais e aos serviços de controle de tráfego aéreo (ATC), a EASA recomenda aos operadores que as tripulações [1] reportem prontamente a órgão ATC qualquer interrupção, degradação ou desempenho anômalo do equipamento GNSS ou aviônicos relacionados, [2] assegurem que limitações introduzidas pelo despacho de aeronaves com sistemas de radionavegação inoperantes de acordo com o MEL sejam consideradas antes de operar nas áreas afetadas, e [3] verifiquem se os auxílios de navegação alternativos críticos para a rota e aproximação pretendidas estão disponíveis. [EL]

No Blog:
https://aib-el.com.br/site/site/easa-reporta-ocorrencia-de-eventos-de-interferencia-e-sinais-falsos-do-sistema-de-navegacao-por-satelite-gnss-em-meio-ao-conflito-na-ucrania-em-22-03-22/