EASA e IATA anunciam plano estratégico para tratar de interferência (perda e falsificação de sinais) em sistema global de navegação por satélite (GNSS), após registro de aumento de 220% em eventos do gênero – “as interrupções no GNSS estão evoluindo em termos de frequência e complexidade”, em 23.06.25
A EASA (Agência Européia para Segurança da Aviação) e a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) anunciaram um plano estratégico para lidar com a crescente ameaça de interferência em sistema global de navegação por satélite (GNSS) após um workshop conjunto realizado em Cologne, na Alemanha, no mês passado.
A iniciativa colaborativa aborda um aumento de 220% nos eventos de perda de sinal de satélites entre 2021 e 2024, de acordo com dados da IATA a partir da plataforma Global Aviation Data Management Flight Data eXchange. Incidentes de interferência (jamming) e falsificação (spoofing) proliferaram na Europa Oriental e no Oriente Médio, com ocorrências semelhantes relatadas globalmente.
“As interrupções do GNSS estão evoluindo em termos de frequência e complexidade”, afirmou Jesper Rasmussen, diretor de padrões de vôo da EASA. “Não estamos mais apenas contendo a interferência do GNSS — precisamos construir resiliência. A ameaça em evolução exige uma resposta dinâmica que vá além das abordagens tradicionais de contenção”.
A estrutura de quatro “pilares” abrange [1] relatórios e monitoramento aprimorados, [2[ medidas de prevenção e mitigação, [3] melhorias na infraestrutura e [4] melhorias na gestão do espaço aéreo e na coordenação reforçada entre as agências. As principais iniciativas incluem [i] a padronização dos procedimentos de chamada de rádio (rádio-comunicação) para reportar interferências, [ii] a implementação de códigos Q padronizados para emissão de NOTAM e [iii] o estabelecimento de capacidades de monitoramento do espaço aéreo em tempo real.
As soluções técnicas em desenvolvimento concentram-se na redução de alertas falsos de terreno, na melhoria da consciência situacional por meio de detectores portáteis de falsificação (spoofing) – sinais espúrios – e na garantia da rápida recuperação do equipamento GNSS após a interrupção do sinal. O plano também enfatiza a manutenção de auxílios à navegação de reserva e o uso mais eficaz das capacidades de gerenciamento do tráfego aéreo militar.
“O número de eventos de perda de sinal do sistema de posicionamento global aumentou 220% entre 2021 e 2024”, observou Nick Careen, vice-presidente sênior de operações, segurança e proteção da IATA.
Com a participação de mais de 120 especialistas da indústria da aviação, organizações de pesquisa e órgãos governamentais, o workshop concluiu que o aprimoramento da coordenação civil-militar e da preparação para a evolução das capacidades de ameaças, incluindo a interferência relacionada a drones, continua sendo prioridade crítica para a manutenção da segurança da aviação.
Press-release EASA
https://www.easa.europa.eu/en/newsroom-and-events/press-releases/easa-and-iata-publish-comprehensive-plan-mitigate-gnss
[Cologne/Alemanha – 18/06/2025] A Agência Européia para a Segurança da Aviação (EASA) e a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) publicaram um plano abrangente para mitigar os riscos decorrentes da interferência no Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS). O plano fez parte das conclusões de um workshop organizado em conjunto sobre o tema da interferência no GNSS.
Dado o aumento contínuo da frequência de incidentes de interferência com sinais GNSS, o workshop concluiu que é necessária uma abordagem mais ampla e coordenada, com foco em quatro áreas principais:
– coleta aprimorada de informações,
– medidas mais rigorosas de prevenção e mitigação,
– uso mais eficaz da infraestrutura e da gestão do espaço aéreo, e,
– coordenação e preparação aprimoradas entre as agências relevantes.
Incidentes relatados de interferência com sinais GNSS, conhecidos como jamming (interferência/bloqueio) e spoofing (falsificação), têm aumentado na Europa Oriental e no Oriente Médio nos últimos anos. Incidentes semelhantes foram relatados em outras localidades do mundo. A resposta inicial se concentrou apenas em conter esses incidentes de interferência no GNSS.
“As interrupções do GNSS estão evoluindo em termos de frequência e complexidade. Não estamos mais apenas contendo a interferência do GNSS – precisamos construir resiliência. A natureza evolutiva da ameaça exige um plano de ação dinâmico e ambicioso. Por meio da colaboração com parceiros da União Europeia e da IATA, e do apoio à Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), estamos comprometidos em manter a aviação segura, protegida e navegável”, disse Jesper Rasmussen, diretor de Padrões de Vôo da EASA.
“O número de eventos de perda de sinal do sistema de posicionamento global (GPS) aumentou 220% entre 2021 e 2024, de acordo com dados da IATA do Global Aviation Data Management Flight Data eXchange (GADM FDX). E com as tensões geopolíticas contínuas, é difícil prever uma reversão dessa tendência no curto prazo. A IATA e a EASA estão trabalhando juntas para reforçar as redundâncias incorporadas ao sistema, a fim de manter a segurança dos vôos. O próximo passo é a OACI [ICAO] avançar com essas soluções, com alinhamento global em relação a padrões, orientações e relatórios. Isso deve ser uma alta prioridade na Assembléia da OACI ainda neste ano. Para se antecipar à ameaça, a aviação precisa agir em conjunto e sem demora”, disse Nick Careen, vice-presidente sênior de Operações, Segurança e Proteção da IATA.
Resultados detalhados do workshop
O workshop concluiu que quatro frentes de trabalho são essenciais:
1 – reportes e monitoramento aprimorados
1.1 – padronizar mensagens de rádio-comunicação – chamadas de rádio padrão – para reportar interferência GNSS e codificação padronizada em Aviso a Aeronavegantes (NOTAM), ou seja, códigos Q.
1.2 – definir e implementar procedimentos de monitoramento e alerta, incluindo monitoramento do espaço aéreo em tempo real.
1.3 – garantir a disseminação de informações sem atrasos às partes relevantes para relatórios formais.
2 – prevenção e mitigação
2.1 – reforçar os controles (incluindo restrições de exportação e licenciamento) sobre dispositivos de interferência.
2.2 – apoiar o desenvolvimento de soluções técnicas para:
2.2.1 – reduzir alertas falsos de terreno.
2.2.2 – melhorar a interferência situacional com detectores portáteis de spoofing (falsificação de sinais).
2.2.3 – garantir a recuperação rápida e confiável do equipamento GNSS após perda ou interferência de sinal.
3 – Infraestrutura e Gestão do Espaço Aéreo
3.1 – manter um backup para o GNSS com uma rede operacional mínima de auxílios à navegação tradicionais.
3.2 – utilizar melhor os recursos de gerenciamento de tráfego aéreo militar (ATM), incluindo redes de navegação aérea tática e monitoramento de incidentes GNSS do espaço aéreo em tempo real.
3.3 – aprimorar os procedimentos de contingência do espaço aéreo e o planejamento de reversão para que as aeronaves possam navegar com segurança, mesmo em caso de interferência.
4 – Coordenação e Preparação
4.1 – aprimorar a coordenação civil-militar, incluindo o compartilhamento de dados de eventos de interferência de radiofrequência (RFI – Radio Frequency Interference) do GNSS.
4.2 – preparar para capacidades de ameaças em evolução, inclusive para drones.
O workshop foi realizado na sede da EASA em Cologne, na Alemanha, de 22 a 23 de maio, e contou com a presença de mais de 120 especialistas da indústria da aviação, organizações de pesquisa, órgãos governamentais e organizações internacionais. [EL]
