Efeitos das sanções na aviação executiva afetando operadores aéreos e também a cadeia de prestadores de serviços, em 08.07.22


Enquanto as consequências políticas do ataque da Rússia à Ucrânia tenham gerado um efeito deletério na aviação privada, com vôos na região caindo em 60 a 70% em relação aos níveis pré-pandemia, não são apenas os operadores de aeronaves que estão sendo afetados mas também os prestadores de serviços, como organizações de manutenção e operadoras de fretamento, empresas de apoio logística aeroportuário, entre outros.

Conforme artigo da mídia AIN em 05/07/22 – com título “Sanctioned Jets proving a problem for Service Providers” (Jatos sancionados provando-se um problema para provedores de serviços) -, por ocasião da feira de aviação executiva européia EBACE, no início de maio, David Paddock, presidente da Jet Aviation, revelou que observou que “menos de 20 jatos executivos russos” estavam nas instalações de manutenção da Jet Aviation quando as sanções resultantes da invasão russa, de fevereiro, foram impostas. “Tivemos que parar imediatamente o trabalho nesses aviões”, disse Paddock para a AIN, acrescentando que um projeto de conclusão para um cliente entre os cidadãos russos sancionados também foi interrompido. “O impacto sobre nós é uma mistura de clientes sancionados assim como cidadãos russos, e estamos obviamente impedidos de fazer negócios com esses dois grupos. Temos algumas centenas de clientes russos com quem não estamos tratando agora”, Paddock falou. Devido às restrições de controle de exportação do EUA, a Jet Aviation não consegue nem mesmo obter novas peças/componentes para as aeronaves impactadas na maioria dos casos. “Por exemplo, nossa empresa-irmã Gulfstream não fornecerá peças para aviões russos, sancionados ou controlados por russos, portanto, não podemos instalar nenhuma peça ou tocar nesses aviões, não apenas no espaço aéreo da União Européia ou do Reino Unido ou do EUA, mas em qualquer lugar, incluindo bases como Dubai e Cingapura, então a restrição de controle de exportação do EUA é global”, explicou Paddock.

As aeronaves que estavam nos hangares da Jet Aviation no momento em que as sanções foram impostas foram removidas e parqueadas (em pátio). Embora alguns provedores de serviços possam estar fazendo vista grossa para o processo desafiador necessário para determinar a propriedade final da aeronave que lhes é entregue, a subsidiária da General Dynamics está levando suas obrigações a sério.

“O que fizemos nos últimos dois meses foi trabalhar com todas as autoridades reguladoras da aviação, com nossa empresa controladora, [e] com os clientes”, disse Paddock, acrescentando que cada caso está sendo tratado separadamente. A Jet Aviation também conta com a orientação de seus advogados internos e externos, bem como recursos de conformidade dos Departamentos de Estado e de Comércio (DoC) do EUA.

Paddock revelou ações distintas no mercado, resultando uma situação mista. “Alguns pares na indústria têm aceitado basicamente uma isenção geral de quem está trazendo o avião para eles, dizendo: nós, como fornecedores de manutenção, estamos aceitando o que você está dizendo e não estamos fazendo nenhuma diligência, estamos apenas rubricando e fazendo o trabalho”, disse Paddock, para ressalvar: “Esse não é o conselho legal que temos recebido”.

Algumas das aeronaves sob os cuidados da Jet Aviation em suas instalações na Basileia e Genebra, na Suíça, além de Viena, na Áustria, estão em processo de venda. “Ou um banco reaverá um avião ou um proprietário russo o venderá”, explicou Paddock. “Estamos tentando, na medida do possível, facilitar uma transação legítima entre um vendedor russo e um comprador não russo, realmente abordar o fato de que, caso contrário, este avião ficará em nossas instalações e ninguém pagará o aluguel [arrendamento e estada]”.

De acordo com regras da EASA, um provedor de serviços pode fazer manutenção de preservação na aeronave enquanto a mesma estiver parada, mas nada que agregue valor à aeronave. Paddock afirmou que essas aeronaves provavelmente permanecerão no solo por algum tempo e que a situação que a Jet Aviation está vendo é apenas um pequeno subconjunto do que a indústria está enfrentando. “Estamos trabalhando com a EASA, a FAA e as autoridades suíças sobre como podemos manter esses aviões no futuro”, disse Paddock, acrescentando que o assunto foi um tópico de discussão durante uma recente reunião do Conselho da GAMA – General Aircraft Manufacturers Association (associação de fabricantes de aeronaves da aviação geral) para aqueles que procuram mais clareza.

Fundada na Suíça em 1967, a Jet Aviation é uma provedora de serviços de aviação executiva com sede em Basileia, na Suíça. A empresa tem aproximadamente 4.000 funcionários espalhados pela Europa, Ásia e América. Fornece serviços de manutenção, de venda e fretamento de aeronaves. [EL] – c/ fontes