Em audiência no Congresso, presidente do NTSB defende que mais dados sejam disponíveis para investigação aeronáutica, incluindo dados de gravadores de vídeo da cabine e de gravadores de voz (CVR) com maior capacidade de arquivamento e por operadores do transporte PART-91 e PART-135, em 14.02.23


A presidente do NTSB – National Transportation Safety Board, Jennifer Homendy, perante o Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara dos Deputados do EUA, requereu, que mais dados sejam disponíveis para investigadores de ocorrências aeronáuticas, incluindo o advento de gravadores de vídeo da cabine e adoção de gravadores de voz (CVR) com maior capacidade de arquivamento.

Durante audiência “FAA – Reautorização: Avançando do padrão de Ouro da América em Segurança da Aviação”, no seu depoimento Homendy observou que os esforços de muitas partes interessadas levaram o EUA a ter um “nível recorde de segurança, já que o número de mortes associadas a acidentes de aviação civil no país diminuiu de 541 em 2009 para 376 em 2021, uma diminuição de cerca de um terço [-165 mortes, ie, -30,5%]”.

Homendy enfatizou que o NTSB pode apenas fornecer recomendações, pois o Conselho (NTSB) “não tem autoridade para promulgar padrões operacionais, nem certificamos organizações, indivíduos ou equipamentos”. E acrescentou: “Nosso objetivo é identificar problemas e defender melhorias de segurança que, se implementadas, evitariam lesões e salvariam vidas”.

A necessidade de registros mais longos do gravador de vôo (CVR – Cockpit Voice Recorder) foi abordada e defendida mais uma vez.

“Na aviação, os gravadores de dados, áudio e vídeo capturam e armazenam informações críticas que podem ajudar os investigadores a determinar a causa dos acidentes, ajudando as empresas e operadores a tomar medidas imediatas para evitar acidentes”, disse Homendy em seu depoimento. Embora “os gravadores estejam prontamente disponíveis, sejam facilmente instalados e amplamente acessíveis”, segundo Homendy muitas companhias aéreas com sede no EUA que operam sob os regulamentos do transporte PART-91 e PART-135 não possuem essas soluções tecnológicas críticas, pois a FAA ainda não determinou estes equipamentos para estes operadores. Homendy disse que “os regulamentos atuais da FAA exigem capacidade de gravação CVR de 2 horas e fornecem orientação à tripulação de vôo sobre como proteger os dados CVR após um acidente ou incidente”, ele acrescentando que “dados valiosos CVR continuam a ser substituídos e, portanto, indisponíveis para investigações de segurança”.

A necessidade de registros mais longos do gravador de vôo (CVR – Cockpit Voice Recorder) foi levantada mais uma vez após dois incidentes em aeroportos do EUA nas últimas semanas.

A primeira ocorrência, em janeiro, no Aeroporto Internacional John F. Kennedy (JFK), em Nova Iorque, envolveu Boeing 777 da American Airlines, cruzando uma pista ativa sem autorização para este deslocamento, enquanto Boeing 737 da Delta Air Lines estava em sua decolagem. E, já neste mês (fev.), no Aeroporto Internacional de Austin, um Boeing 767F da FedEx Express precisou arremeter quase no pouso devido a perda de separação com Boeing 737 da Southwest Airlines na corrida de decolagem da mesma pista – a separação verticalmente chegou a menos de 100 pés (30,5 m.).

No depoimento, Homendy citou a quase-colisão em Austin. Mas usou o caso de incursão de pista e conflito de tráfego em solo em Nova Iorque, junto com o incidente em julho de 2017, no Aeroporto Internacional de São Francisco (SFO), quando um A320 da Air Canada quase pousou numa pista de táxi, onde quatro aeronaves estavam alinhadas, em espera, antes da partida.

Homendy também indicou que o NTSB está investigando dois pousos em pista errada desde junho de 2022.

Um primeiro caso foi com um Boeing 757 da FedEx Express que pousou na pista 18R ao invés da pista 18L, no Aeroporto Internacional de Tulsa. O segundo caso foi com um Boeing 737MAX-9 da United Airlines que pousou numa pista errada no Aeroporto Internacional de Pittsburgh.

Homendy apontou os eventos em Nova Iorque (no JFK), em janeiro de 2023, e em São Francisco (SFO), em julho de 2017, como casos em que os investigadores não conseguiram recuperar os dados do CVR, de forma “completa”. Assim, o NTSB recomendou que a FAA abordasse essas questões e determinasse a instalação de “CVR com capacidade mínima de gravação de 25 horas em todos os aviões recém-fabricados que precisem (sejam requeridos) ter um CVR e adaptar esse padrão de CVR em aeronaves existentes que precisem ter gravadores de vôo”, observou Homendy. O NTSB emitiu esta recomendação em 2018.

Companhias aéreas comerciais de transporte de passageiros sediada no EUA foram relacionadas por três mortes, desde o último evento fatal em acidente aéreo com um bimotor turboélice DHC Q400-8, da Colgan Air, caiu numa área residencial de Buffalo durante aproximação, em fevereiro de 2009, ceifando a vida de 50 pessoas.

As três fatalidades registradas consistiram [1] de uma pessoa atingida por um Boeing 737 da Southwest Airlines em pouso em Austin, [2] de um passageiro sugado parcialmente quando de danos à fuselagem, com ingresso de detritos, por uma falha incontida de motor de Boeing 737 da Southwest, e [3], no evento mais recente, em dezembro passado, uma agente de solo que foi sugada e ingerida por um motor de EMBRAER E175 da Envoy Air, associada regional da American Airlines, durante a operação de recepção da aeronave de um vôo, no Aeroporto Regional de Montgomery, no Alabama. [EL] – c/ fontes