EMBRAER decide aguardar 2023 para divulgar sua decisão quanto a lançar um turboélice regional, em 09.06.22
Ao final de maio, a EMBRAER confirmou que aguardará até 2023 para divulgar mais informações sobre o desenvolvimento planejado de um novo turboélice de passageiros.
Um executivo da fabricante brasileira também disse para a mídia Flight Global que a EMBRAER continua indecisa sobre desenvolver variante, primeiramente, de 70 assentos ou de 90 assentos.
“Esperamos que, no início do próximo ano, possamos anunciar uma decisão sobre o desenvolvimento do turboélice”, disse o presidente-executivo da EMBRAER, Francisco Gomes Neto, em 30 de maio. “Acreditamos que estaremos prontos no primeiro trimestre de 2023”, acrescentou Gomes Neto. “Pensamos que poderia ser o final deste ano, mas preferimos ser mais realistas”, também ponderou Gomes Neto.
Anteriormente, a EMBRAER divulgara que poderia anunciar notícias sobre seu turboélice conceitual ainda neste ano.
Por vários anos, a EMBRAER sugeriu lançar um programa para desenvolver um turboélice moderno, um movimento que poderia perturbar significativamente um mercado dominado pela ATR e com participação coadjuvante da DHC – de Havilland Canada (anteriormente a Bombardier). As aeronaves das duas fabricantes são baseadas em designs de decanos.
Ao anunciar notícias iniciais que avaliava um turboélice conceitual, a EMBRAER divulgou que esse novo turboélice compartilharia uma fuselagem com seus jatos regionais EJet. E que estaria olhando duas variantes, uma com 70 e outra com 90 lugares.
Agora, atualizando o andamento da maturação do novo programa, o vice-presidente sênior de engenharia, tecnologia e estratégia corporativa da EMBRAER Luis Carlos Affonso disse: “Esperamos que no próximo ano possamos obter luz verde em uma dessas aeronaves”.
A EMBRAER enxerga a variante de 70 assentos como ideal para as transportadoras americanas, que provavelmente equipariam uma aeronave do modelo com apenas 50 assentos (71%), em duas classes. As transportadoras adotariam o novo modelo para substituir os antigos jatos regionais de 50 assentos, disse Affonso, acrescentando que o de 90 lugares provavelmente seria mais popular em outras regiões globais.
Affonso se recusa a dizer qual variante a EMBRAER tem mais probabilidade de desenvolver primeiro, dizendo que a decisão dependerá de fatores de mercado.
A EMBRAER havia sugerido inicialmente que seu novo turboélice teria motores montados nas asas. Mas, em 2021, lançou uma renderização computadorizada mostrando uma aeronave proposta com motores montados na fuselagem traseira e uma cauda em “T”.
“Colocar os motores na parte de trás dessa plataforma [significa] que a arquitetura do avião, o projeto básico, poderia ser adaptado … com tecnologia inovadora”, disse Affonso.
Especificamente, uma configuração montada na seção traseira poderia permitir a EMBRAER modificar a aeronave para ser equipada com motores por fonte de células de hidrogênio. A EMBRAER poderia equipar o novo avião (originalmente turboélice) com “alguns tanques de hidrogênio na fuselagem, sem ter que redesenhar completamente o avião”, acrescentou Affonso. A EMBRAER poderia colocar essa variante no mercado na primeira metade da década de 2040, divulgou a fabricante. “Nossa visão é que há uma janela de oportunidade para um motor convencional nesta classe de potência que poderia … talvez depois de 15 anos, evoluir para um motor que usaria novas tecnologias”, disse Affonso, com mais esclarecimentos.
Tal movimento se alinharia ao plano mais amplo da EMBRAER de desenvolver aeronaves que emitam menos carbono.
Em 2021, A EMBRAER propôs quatro dessas aeronaves, que a fabricante designa Família “Energia”.
Esse plano inclui uma aeronave híbrida-elétrica de nove passageiros para entrada em serviço em 2030, seguida em 2035 por uma aeronave totalmente elétrica de nove passageiros e um avião de passageiros movido a hidrogênio de 19 passageiros. E então, para a década de 2040, a EMBRAER lançaria no mercado um jato regional de 35 a 50 assentos movido a hidrogênio ou biocombustível.
Quanto a um novo turboélice, os concorrentes da EMBRAER seriam a Família ATR série 600 – os modelos ATR42 e ATR72 -, e o DASH-8-400, da de Havilland Canada.
O destino do DASH-8 ficou em dúvida recentemente depois que a fabricante canadense anunciou a suspensão da produção do modelo, para aguardar um melhor momento do mercado, enquanto desativa sua linha de produção, em Toronto, por questões da necessidade de novo local.
A de Havilland insiste que pretende reiniciar a produção da DASH-8 em novas instalações de montagem seriada assim que a demanda por novos turboélices se recuperar da crise causada pelo Covid-19.
A fabricante franco-italiano ATR teve sucesso de vendas nos últimos anos, e uma recuperação de demanda recente, e detém pedidos para 169 turboélices entre as variantes -42 e -72, de acordo com dados de frotas da Cirium.
Em maio, a ATR divulgou planos para desenvolver uma variante híbrida-elétrica do atual turboélice designada EVO, para entrada em serviço até o final da década.
O presidente-executivo da EMBRAER, Francisco Gomes Neto, disse que o movimento da ATR dá credibilidade ao argumento de que o mercado de transportador turboélice está repleto de oportunidades. “O anúncio do ATR apenas valida que o ATR72 precisa ser substituído” – e que existe um “mercado para um novo turboélice”, disse Gomes Neto. [EL] – c/ fontes