EMBRAER posta resultado 4T23, com tem lucro ajustado de R$ 350,6 mi (alta sobre 4T22 de 55%) com receita líquida de R$ 9,728 bi (queda de 7%), em 20.03.24


Nesta segunda dia 18, a EMBRAER postou seus resultados no 4T2023 (4T23).

A EMBRAER registrou aumento de 55% no lucro líquido ajustado no 4T23 em relação a igual período de 2022, de R$ 226,2 milhões para R$ 350,6 milhões (aumento de R$ 124,4 mi). Considerando o resultado atribuído aos acionistas, houve lucro de R$ 943,6 milhões, ante R$ 119,2 milhões reportado um ano antes (aumento de R$ 824,4 mi, de 690%).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) ajustado foi de R$ 1,244 bilhão, alta anual de 3,8%. Isso levou a uma elevação da margem EBITDA ajustada de 1,3 p.p. (pontos percentuais), para 12,8%.

No 4T23, o lucro antes de juros (EBIT) ajustado foi de R$ 890 milhões, enquanto a margem EBIT ajustada foi de 9,1%.

A receita líquida somou R$ 9,728 bilhões no trimestre, queda de 7% na comparação com igual etapa de 2022.

Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da fabricante era de R$ 2,737 bilhões, contra R$ 3,767 bilhões no 4T22 (uma redução de R$ 1,03 bi, de 27,3%).

A carteira de pedidos firmes (backlog) encerrou o 4T23 em US$18,7 bilhões, o maior volume registrado nos últimos 6 anos. A Aviação Executiva e a Aviação Comercial registraram book-to-bill superior a 1:1. A backlog da EMBRAER Serviços & Suporte atingiu o valor mais alto desde 2017, encerrando o ano em US$ 3,1 bilhões.

A EMBRAER entregou 75 aeronaves no 4T23, sendo 25 jatos comerciais (33,3%), 49 jatos executivos (65,3%) e ainda um jato transportador-militar C-390. No ano, a EMBRAER entregou 181 aeronaves, sendo 64 jatos comerciais (35,4%), 115 jatos executivos (63,5%) e ainda 2 jatos transportador-militar C-390. Estas 181 entregas em 2023 foram um aumento de 21 unidades (13,1%) na comparação com as 160 entregas de 2022.

No segmento da aviação executiva, as 49 aeronaves entregues no 4T23 foram de 30 jatos leves (Phenom) – 61,2% – e de 19 jatos médios (Praetor) – 38,8%. No ano de 2023, as 115 aeronaves entregues no 4T23 foram de 74 jatos leves (Phenom) – 64,3% – e de 41 jatos médios (Praetor) – 35,7%.

A fabricante informou que continua enfrentando desafios na cadeia de suprimentos, que impactaram negativamente os resultados de 2023.

A EMBRAER também divulgou estimativas para 2024, com expectativa de entregas de aeronaves da aviação comercial entre 72 e 80 e entregas de aeronaves da aviação executiva entre 125 e 135. A receita total da empresa deve ficar entre US$ 6,0 e US$ 6,4 bilhões, margem EBIT ajustada entre 6,5% e 7,5% e fluxo de caixa livre ajustado de US$ 220 milhões ou maior para o ano.

O CEO da EMBRAER Francisco Gomes afirmou, nesta segunda-feira (18), que considerou o ano de 2023 “marcante”, com início de um novo ciclo para empresa. Entretanto, os desafios, relacionados aos “gargalos” nas linhas de produção, como o recebimento de materiais para a fabricação das aeronaves, podem seguir em 2024.

“Sobre jatos executivos e comerciais, nós fizemos o plano para esse ano levando em conta os compromissos dos fornecedores [que são] gargalos para nós, como, por exemplo, motores. Nós fizemos um plano com base nesses compromissos”, afirmou Gomes durante teleconferência com analistas. “Claro que durante o ano tem os riscos deles atrasarem como aconteceu nos anos anteriores, mas acho que a gente está bem calibrado, para a produção e entregas dentro dos limites do guidance”, Gomes complementou, ao comentar os resultados do 4T23.

Aos analistas e investidores, durante a teleconferência, a EMBRAER voltou a falar sobre os “gargalos” na cadeia de suprimentos. Por esse motivo, a entrega de aeronaves ficou abaixo das estimativas em 2023.

Na aviação executiva, o guidance era entre 120 a 130 (média – 125), mas as entregas acabaram somando 115 aeronaves, uma diferença de 10 unidades, ou -8%. Já na aviação comercial, a estimativa era entre 65 a 70 (média – 67,5), mas a entrega no ano passado foi de 64 aeronaves, uma diferença de 3,5 unidades, ou 5,2%. As duas unidades perfaziam meta de 185 a 200 entregas (média – 192,5), e a entrega somou 179 entregas, uma diferença de 13,5 unidades, ou de -7%.

O guidance para 2024 é ainda mais audacioso. Na aviação executiva, o mínimo de entregas é de 125 unidades e o máximo de 135, sendo 130 aeronaves a média, ante 115 entregas em 2023, uma diferença de 15 unidades, ou de 13%. Na comercial, a estimativa desse ano está entre 72 e 80 aeronaves, sendo 76 aeronaves a média, ante 64 entregas em 2023, uma diferença de 12 unidades, ou de 18,8%. As duas unidades perfazem meta de 197 a 215 entregas (média – 206), ante 179 entregas em 2023, uma diferença de 27 unidades, ou de 15,1%.

Em 2023, a aviação executiva respondeu por 64,2% das entregas, e pela meta de 2024 responderá por cerca de 63%.

Nessa conta não estão os aviões E175 do contrato com a American Airlines, que envolve 90 unidades. As entregas para a companhia aérea americana estão previstas de iniciar em 2025.

Em meio à euforia justamente pelo crescimento das encomendas da companhia, a EMBRAER anunciou que pode voltar a pagar dividendos ano que vem. “A gente ainda tem prejuízos acumulados. Então, a gente precisa de 2024 e um pedaço de 2025 para zerar o prejuízo. Sendo assim, a empresa está qualificada a voltar a pagar dividendos, que é o nosso plano e nosso sonho para 2025”, disse o CFO Antonio Carlos Garcia a analista. “Sobre quantidade de pagamento de dividendos, a gente não chegou lá ainda, pois estamos revendo nossa política. A gente hoje tem uma política que é muito simples de 25% do lucro líquido no período, mas a gente está fazendo uma revisão até para desenhar o futuro da companhia”, ressaltou. “Então, no geral, 2025 [para pagamento de dividendos], mas a primeira fronteira é zerar o prejuízo acumulado que ainda existe”, afirmou.

Pelo balanço da EMBRAER, o prejuízo acumulado em 31 de dezembro de 2023 era de R$ 1,593 bilhões.

Repercussão no mercado do resultado 4T23
Equipe InfoMoney – 18/03/2024
A EMBRAER, maior alta do Ibovespa no ano (com alta de 30% no ano e de 44% em 12 meses), teve uma sessão de forte volatilidade nesta segunda-feira (18) pós divulgação de balanço. A ação da fabricante (EMBR3) chegou a bater os R$ 30 no intraday, mas logo passou a ter queda, que chegou a 4,95% (R$ 27,66) na mínima, em um movimento de realização de lucros. Contudo, as ações amenizaram as perdas e voltaram a subir durante a tarde, fechando com ganhos de 1,82%, a R$ 29,63, mais próximas das máximas do dia.

A forte volatilidade ocorreu em meio à repercussão dos resultados do 4T23 e do guidance (projeções) para 2024, que contava com grandes expectativas dos investidores.

Apenas na semana passada, as ações da empresa acumularam uma alta de mais de 8% com revisões positivas de analistas e visões de uma boa carteira de pedidos a ser apresentada pela companhia.

Já na teleconferência pós-resultado trimestral, o vice-presidente financeiro da EMBRAER também afirmou em que a fabricante poderá retomar o pagamento de dividendos em 2025. Com isso, a queda na sessão é atribuída ao fato dos investidores estarem embolsando lucros após os recentes ganhos – enquanto analistas seguem bastante otimistas.

O Bradesco BBI destacou um sólido EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de US$ 254 milhões, alta de 11% ao ano e superando as projeções em 8%, enquanto o guidance de 2024 também foi forte. A expectativa é de entregas de aeronaves da aviação comercial entre 72 e 80 e da aviação executiva entre 125 e 135.

Após o resultado, o Bradesco BBI reafirmou recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) ERJ, com preço-alvo sendo elevado de US$ 27 para US$ 30, ou potencial de alta de 29%.

O Itaú BBA também tem recomendação outperform para os ativos e destacou os resultados próximos ao esperado no 4T23 nas linhas de receita e EBITDA, enquanto o guidance forte para o ano reforça a boa demanda atual do setor. A margem pode aumentar, segundo as projeções da própria companhia, enquanto o fluxo de caixa livre (FCF) projetado é de US$ 220 milhões em 2024, ante US$ 318 milhões no ano anterior.

Por outro lado, em sua teleconferência, os executivos mencionaram que a EMBRAER preferia ser conservadora em sua orientação devido a questões da cadeia de suprimentos e potencial volatilidade no fluxo de caixa durante o ano, mas permanece bastante confiante de que os números divulgados serão entregues, apontou o Itaú BBA.

Já o BTG Pactual apontou que a EMBRAER divulgou uma receita líquida sem surpresas no 4T23, embora o EBITDA tenha sido uma leve decepção frente às projeções do banco. Os resultados do 4T foram impactados por itens não recorrentes, principalmente relacionados a despesas da EVE (não-caixa), ativos mantidos para venda e marcação ao mercado das ações da Republic. A margem, por sua vez, foi resiliente em todos os segmentos, enquanto a geração de fluxo de caixa livre ficou acima do guidance.

“Apesar das entregas de aeronaves apenas razoáveis no 4T, esperamos que a atenção se concentre no guidance positivo para 2024, com entregas sólidas esperadas e fluxo de caixa robusto. O backlog da EMBRAER encerrou 2023 em US$ 18,7 bilhões (o mais alto em 6 anos), a empresa permanece bem-posicionado na aviação e oferece uma boa exposição a uma indústria de aviação em recuperação, o que significa que as ações permanecem uma tese de valor interessante (crescimento do eVTOL, cibersegurança, outras parcerias)”, avalia o BTG, que também segue recomendando compra para a ação apesar da alta acumulado do ano, ainda vendo o papel como atrativo, “principalmente à medida que sua campanha comercial acelera”, pontua o banco.