EMBRAER se prepara para feira de aviação de Farnborough em meio a uma demanda saudável de aeronaves comerciais –  com ações em alta, em 19.06.24


Fonte: Reuters/InfoMoney – 17/06/2024
A EMBRAER (EMBR) chegará na feira de aviação de Farnborough, na Inglaterra, no mês que vem – nos dias 22 e 26 de julho -, aproveitando os “ventos favoráveis” ​​que elevaram suas ações a um nível mais alto da história da empresa, à medida que a demanda recente mostra que a fabricante brasileira de aviões está pronta para preencher uma lacuna para as cias. aéreas que enfrentam atrasos na entrega de jatos.

As ações da EMBRAER (EMBR3) acumulam alta de quase 70% este ano e atingiram um recorde na semana passada, de longe o maior ganho no índice Ibovespa (na Bolsa de Valores de SP) em 2024. Vários analistas ainda veem espaço para ganhos do papel.

A feira na Inglaterra, alternadamente na França (em Le Bourget), tradicionalmente é um evento quando fabricantes de aviões costumam anunciar o recebimento de grandes encomendas.

No ano passado, os investidores ficaram decepcionados com os fracos números de pedidos anunciados pela EMBRAER durante a Paris Airshow.

A EMBRAER revelou, no ano passado, apenas 13 encomendas de jatos comerciais na Paris Airshow, ficando aquém das estimativas do mercado e dos anos anteriores. Mas com as cias. aéreas enfrentando cada vez mais dificuldades para conseguirem novos aviões, isso representa oportunidades para a fabricante brasileira.

Neste mês, a EMBRAER anunciou encomenda de 20 jatos EJet E2  (10 E190-E2, com 108 assentos,   e 10 E195-E2, com 132 assentos, para entregas iniciadas no 2T25), pela cia. Mexicana de Aviación, abrindo um novo mercado para seus jatos comerciais de próxima geração e aumentando sua carteira de pedidos firmes em relação ao pico de sete anos de US$ 21,1 bilhões atingido em março.

“Continuamos vendo um ambiente saudável para novos pedidos”, disseram analistas da XP Investimentos após o anúncio do acordo.

A EMBRAER tem slots de produção disponíveis a partir de 2026, o que significa que pode entregar novos jatos antes da Airbus e Boeing, com esta última atualmente com capacidade esgotada de produção de aviões de corredor único até o final da década.

Observadores do mercado dizem que os slots disponíveis da EMBRAER podem ajudá-la a atender aos planos de crescimento de curto prazo de cias. aéreas como a Mexicana. O nicho tradicional da fabricante brasileira de aviões fica logo abaixo do mercado mais vendido aeronaves com capacidade para mais de 150 passageiros da Boeing e da Airbus.

A encomenda da Mexicana, divulgou o JP Morgan, “corrobora nossa tese de que a EMBRAER deve continuar a se beneficiar da falta de slots de seus pares para entregar aeronaves no médio prazo”.

O acordo da Mexicana com a EMBRAER ocorreu após negociações com a Boeing, que analistas indicaram que podem não ter progredido devido aos prazos de entrega estendidos da norte-americana.

A situação pode dar um impulso extra à família E2 na América do Norte. Os jatos E1 da EMBRAER menores de primeira geração (E175), são a “espinha dorsal” da aviação regional no EUA, e a Embraer espera entrar nesse mercado-chave com o modelo E195-E2 (de segunda geração). O E2 voa no Canadá com a Porter Airlines, incluindo algumas rotas para o EUA.

Os E2s foram tiveram vendas lentas inicialmente devido à pandemia, à escassez de motores da Pratt & Whitney e a uma incompatibilidade entre o peso da aeronave e as restrições de “cláusula de escopo” nos acordos sindicais de pilotos do EUA.

“Acreditamos que a entrada bem-sucedida dos E2 no México ajudará posteriormente a impulsionar a estreia da aeronave no mercado regional dos EUA, uma vez que os regulamentos da cláusula de escopo sejam atualizados”, disseram analistas do BTG Pactual.

“Todas as quatro divisões da EMBRAER estão vivenciando cenários industriais favoráveis”, divulgou o BTG, citando também campanhas bem-sucedidas de vendas do cargueiro C-390 Millennium para países como Coréia do Sul e Áustria: “Somos compradores [de ações da EMBRAER]”.

EMBRAER é “ótima solução” para aéreas aumentarem capacidade rapidamente, diz CEO
A EMBRAER se vê como uma “ótima solução” para as cias. aéreas aumentarem sua capacidade mais rapidamente em meio a restrições às entregas de aeronaves maiores de fuselagem estreita (corredor único) no setor, disse o presidente-executivo da fabricante de aviões, Francisco Gomes Neto, nesta terça (18).

De acordo com o executivo, a EMBRAER tem observado um aumento na demanda por seus jatos comerciais e está trabalhando ativamente em diversas campanhas de vendas que espera concluir nos próximos meses. E a EMBRAER tem slots de produção disponíveis a partir de 2026, o que significa que pode fechar vendas de novos jatos antes dos rivais maiores Boeing e Airbus, com esta última tendo esgotado sua produção de jatos de corredor único até o final da atual década.

A fabricante brasileira está se preparando para a Farnborough Airshow no próximo mês, quando os fabricantes de aviões costumam anunciar grandes pedidos.

Gomes Neto disse que a EMBRAER espera que o evento deste ano seja “o melhor todos os tempos” para a empresa. No início deste mês, a EMBRAER obteve um pedido de 20 jatos E2 da estatal Mexicana de Aviación, abrindo um novo mercado para seus jatos comerciais de segunda geração. 

Gomes Neto falou para repórteres em evento na sede da empresa em São José dos Campos (SP).

Bom momento de vendas de aeronaves comerciais e do transportador C-390
Fonte: Brazil Journal – 18/06/2024
Do evento com imprensa e agentes do mercado, com o Ceo Gomes Neto, na sede em São José dos Campos (SP), a mídia de negócios Brazil Journal postou artigo de Pedro Arbex quanto ao atual momento da fabricante.

A EMBRAER divulgou que suas vendas estão com um momentum, com uma demanda crescente pelos seus aviões comerciais EJets e pelo transportador C-390. 

Gomes Neto revelou também que o desenvolvimento de um jato comercial de fuselagem estreita (narrow body) de maior capacidade à Família EJet seria um marco histórico para a EMBRAER, mas que ainda está em fase preliminar.

“Em termos de capacidade técnicas, já estamos preparados [para um narrow body]. Mas não temos planos concretos ainda. Já começamos os estudos, mas não é algo para o curto prazo. Agora estamos focados em vender o que temos para ser uma empresa de R$ 10 bi de receita, o que vai melhorar nossa performance, gerar mais caixa e deixar a gente mais preparado para novos movimentos”.

O CEO disse que a demanda pelos E2 tem sido beneficiada pelo fato dos aviões narrow-body dos concorrentes estarem vendidos (sold out) pelos próximos anos. “Nossos aviões são um ótimo complemento para as grandes cias. aéreas,” disse Gomes Neto.

Para o CEO Gomes Neto, a backlog da EMBRAER (incluindo as quatro “verticais” da fabricante – aviação comercial, aviação executiva, Defesa e serviços), no final do primeiro trimestre (1T24) batendo US$ 21,1 bilhões (o maior nível dos últimos 7 anos), vai “ajudar a entregar nossa meta para 2030”.

O CEO também explicou o plano da EMBRAER para linearizar a produção de suas fábricas, o que deve ajudar a resolver um problema grande da indústria nos últimos anos: o atraso nas entregas de aeronaves. Segundo Gomes Neto, a EMBRAER tem “trabalhado muito forte” nesse plano desde o final do ano passado e espera que as melhoras nos resultados apareçam de forma mais acentuada a partir de 2025. “Temos sofrido pelos gargalos na cadeia de suprimento  com a alavancagem [ramp up] da produção, o que tem levado a uma concentração das entregas no final dos trimestres e especialmente no segundo semestre do ano”, disse o CEO.

No médio prazo, no entanto, a meta da EMBRAER com o plano de linearidade da produção é que as entregas sejam bem divididas ao longo do ano, com 25% em cada trimestre.

No ano passado, 70% das entregas de aeronaves foram feitas no segundo semestre; neste ano, a expectativa é que dois terços sejam feitos neste período, com uma melhora marginal.

Esse plano é especialmente importante dado o aumento expressivo na produção total da EMBRAER nos últimos anos. Em 2023, a produção cresceu mais de 30% e, este ano, mais 18%.

“E queremos continuar aumentando, o que é um grande desafio de cadeia de suprimento e recursos internos,” disse o CEO Gomes Neto. “Queremos executar melhor nossos planos de produção e passar a ter um plano de produção semanal e não mais trimestral”.

Para Gomes Neto, essa mudança na produção vai ser uma virada de jogo (game changer) para a EMBRAER em termos de melhora operacional e financeira.

A estratégia vem depois da EMBRAER executar um turnaround robusto em sua operação, saindo de uma alavancagem de 20,7x EBITDA em 2020 — no auge da pandemia — para 1,8x hoje, com a redução de R$ 1,2 bi da dívida líquida. Hoje, a dívida líquida é de R$ 1 bilhão e o objetivo é fechar o ano em R$ 600 milhões (uma redução de 40%, de R$ 400 mi).

O CFO Antônio Carlos Garcia também falou no evento.

Garcia disse que a meta é chegar a uma posição de caixa líquido no final de 2025. E também notou que a EMBRAER já atingiu nos últimos 12 meses terminados em março os mesmos níveis de receita de 2019, quando a companhia fez R$ 5,4 bi de top line. A meta é fechar este ano com R$ 6 bi a R$ 6,4 bi de receita.

O EBIT também melhorou de forma expressiva, saindo de 2,7% negativos para 8,7% no período. Na margem EBITDA, também houve uma melhora, com a Embraer se aproximando da margem do melhor player do setor, que opera com 12,4% de margem EBITDA, em comparação aos 10,4% da EMBRAER. Hoje, a EMBRAER negocia a cerca de 8x EV/EBITDA em comparação a uma média de 10-12x do setor.

“Poucas companhias se beneficiam como a gente da sinergia de ter várias operações – comercial, defesa, executivo, EVTOL … Deveríamos ter um prêmio por isso, e não um desconto”, disse o CFO.

Uma “vertical” (divisão de negócios) da EMBRAER que deve contribuir com o crescimento de vendas  receitas, segundo o CEO Gomes Neto, é a de serviços e suporte, que hoje faz uma receita de R$ 1,5 bilhão por ano e que a fabricante espera que dobre nos próximos três a quatro anos para mais de R$ 3 bilhões. A EMBRAER tem feito altos investimentos para aumentar a capacidade dessa” vertical” em mercados como o Estados Unidos.

A ação sobe 171% desde janeiro do ano passado. “No passado, nossa ação estava muito barata. Agora, ela está só barata. Ainda temos muito espaço para crescer conforme nosso bottom line for melhorando”, disse Garcia.

Demanda por jatos E2 é forte com falta de aeronaves atingindo aéreas, reporta EMBRAER
Fonte: Reuters/InfoMoney – 19/06/2024
A EMBRAER (EMBR) tem visto uma forte demanda por suas aeronaves de corredor único menores em um momento em que as cias. aéreas enfrentam a falta de jatos maiores de corredor único (como B.737 e A319/320) no mercado, disse o vice-presidente de marketing para Aviação Comercial Rodrigo Silva e Souza executivo da fabricante para repórteres: “Vemos mais e mais clientes olhando para o E2. Nunca vimos uma demanda tão forte para este tipo de aeronave como estamos vendo hoje”.

Silva e Souza acrescentou lembrando que as cias. aéreas têm usado os jatos regionais EJets E2 (E190/195) tanto para aumentar a frequência de vôos quanto para expandir suas malhas.