Eurocontrol avalia custos envolvidos nas medidas descarbonização da aviação e contra emissão de CO2 até 2030, em 17.05.22
O Eurocontrol publicou seu 16º exemplar numa série definida como artigos de reflexão, neste caso avaliando como a redução das emissões de carbono (CO2) em 55% em 2030 em comparação com os níveis de 1990 afetaria a aviação europeia em termos práticos. De acordo com o relatório, o custo extra para o setor aéreo de medidas destinadas a atingir essa meta pode chegar a 29 bilhões de Euros até 2030.
A análise do Eurocontrol está alinhada com as propostas de políticas planejadas associadas ao “Acordo Verde” (“Green Deal”) da União Européia outras iniciativas de toda a Europa. A análise do Eurocontrol baseia suas estimativas nos três cenários de tráfego – alto, básico e baixo – publicados no recente relatório de projeções da aviação – o Eurocontrol Aviation Outlook 2050.
O documento demonstra que a indústria pode alcançar uma redução de 55% nas emissões de CO2 até 2030 em todos os três cenários de tráfego aéreo, mas seu sucesso depende muito de medidas baseadas no mercado, principalmente por meio do Sistema de Comércio de Emissões (ETS – Emissions Trading System) da União Européia, que contribuiria com 83% para a redução líquida da emissão de CO2.
Do lado da política, o documento avalia o efeito e o custo extra da absorção de combustível de aviação sustentável (SAF), o efeito do aumento dos impostos sobre o querosene e a eliminação progressiva das licenças de emissão gratuitas.
O documento estima que o custo extra acumulado das medidas de descarbonização para a indústria da aviação no período de 2022 a 2030 seria de € 62 bilhões. O total consiste em:
– € 29 bi (47%) em custos extras de impostos sobre querosene (aplicados a vôos intra-EEA, sendo European Economic Area/Espaço Econômico Europeu),
– € 23 bi (37%) em custos extras de ETS (aplicados à UE, Reino Unido e Suíça), e,
– € 10 bi (16%) em custos extras de mix de combustível (aplicado a todos os Estados da Conferência Européia de Aviação Civil com base em uma mistura de 5% SAF/95% QAv).
No entanto, o Eurocontrol considera que as medidas orientadas pela indústria podem desempenhar um papel importante na obtenção das economias líquidas de emissões necessárias e compensar os custos extras da descarbonização. O efeito positivo de medidas como a implementação do “Céu Único Europeu” (Single European Sky), outras melhorias operacionais e a renovação acelerada da frota podem reduzir drasticamente o custo extra em € 33 bilhões no mesmo período, reduzindo o custo acumulado para a indústria para € 29 bilhões, aponta o documento.
“Este é um momento desafiador para a indústria de aviação européia, mas o caminho para a descarbonização é alcançável: a aviação pode reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 1990”, disse o diretor geral do Eurocontrol, Eamonn Brennan. “No entanto, seu sucesso dependerá muito de medidas baseadas no mercado. Embora a implementação de medidas políticas de descarbonização crie custos extras significativos para as companhias aéreas, as melhorias lideradas pelo setor de aviação são capazes de reduzir significativamente os custos cumulativos extras de € 62 bilhões para € 29 bilhões até 2030”, disse Brennan.
No início desta semana, o Comitê de Mudanças Climáticas publicou um novo relatório buscando influenciar o governo do Reino Unido a estabelecer metas e requisitos de redução de carbono mais ambiciosos para o setor de aviação em seu Sexto Orçamento de Carbono (Carbon Budget), abrangendo os anos 2033-2037. A publicação fornece uma análise detalhada do desempenho da indústria nas apostas líquidas zero até agora e considera opções para mais progresso abrangendo gerenciamento de demanda, novas aeronaves mais eficientes em uso e consumo de combustível e maior adoção de SAF.
Apontando para a modelagem conduzida pelo Departamento de Transportes da Grã-Bretanha, o relatório aponta que o governo não parece imaginar que a propulsão elétrica, híbrida e hidrogênio-elétrica seja uma parte significativa do mix da aviação comercial antes de 2050.
“Combinadamente, este alcance, classe de aeronaves e os prazos de desenvolvimento significam que as penetrações dessas opções em 2050 provavelmente serão limitadas ou poderão ocupar pequenos nichos até 2050, embora nenhuma delas provavelmente melhore significativamente o perfil geral de emissões do Reino Unido”, concluiu o Comitê de Mudanças Climáticas. “Os vôos de longo curso dominam as emissões da aviação do Reino Unido e provavelmente continuarão usando um combustível de hidrocarboneto até 2050 ou além, daí a necessidade de SAF”. [EL] – c/ fontes