FAB inaugura Projeto LANDELL, na fase CPDLC Continental, em 14.09.21
A Força Aérea Brasileira, por meio do órgão central do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), o DECEA, conduz a concepção e a implementação de diversos empreendimentos do Programa SIRIUS Brasil, dentre os quais, se destaca o Projeto LANDELL – a nova era das Comunicações Aeronáuticas no Espaço Aéreo Continental Brasileiro.
Advinda de um conceito muito bem-sucedido aplicado desde 2009 na porção do oceano Atlântico sob responsabilidade da FAB e operado pelo Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-AO), a ferramenta de comunicação entre pilotos e controladores de tráfego aéreo por enlace de dados, designada CPDLC (de Controller Pilot Data Link Communications), acaba de ser trazida para a porção continental do Brasil.
Após seis anos de muitas pesquisas, muitos estudos, debates, exercícios, treinamentos, alinhamentos e ajustes às características próprias da região (que difere muito da porção oceânica), a CPDLC Continental foi finalmente inaugurada num evento que faz jus a sua grandeza.
Na tarde da quinta dia 09 (de setembro), o Projeto LANDELL foi oficialmente ativado simultaneamente nos Centros de Controle de Área de Recife (ACC-RE) e Amazônico (ACC-AZ), sediados, respectivamente nos Terceiro e Quarto Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III e IV) – em Recife e Manaus. Uma cerimônia militar foi realizada e, respeitando os protocolos de segurança da pandemia, transmitida para ao vivo para representantes de instituições militares e civis e da comunidade aeronáutica que estiveram envolvidas em todo o processo de estruturação, desenvolvimento e implementação do projeto.
Dentre os expectadores do evento veiculado no canal do DECEA no Youtube, estavam autoridades do Departamento, dos Regionais, do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), NAV Brasil, Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (ANEAA), Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG), as cias. aéreas Azul, Gol, LATAM, TWO Flex, Lider Aviação, Atech e SITA.
Destacando a dimensão gigantesca da área de responsabilidade deste Centro – mais de 60% do espaço aéreo nacional, o Coronel Santopietro mencionou que o CINDACTA IV é uma das principais portas de entrada para o Brasil – especialmente para as aeronaves vindas da América do Norte e América Central.
Neste cenário, onde profissionais de múltiplos países se comunicam, o idioma e os sotaques podem ser um obstáculo para a compreensão das mensagens trocadas por voz, via sistema VHF (Very High Frequency).
“A comunicação via enlace de dados, mais conhecida como CPDLC, é uma grande ferramenta para que possamos minimizar as diferenças e trazer mais eficiência e, principalmente, segurança para essa comunicação. Podemos dizer que o Projeto LANDELL, englobado pelo Programa SIRIUS, trará para este Centro uma segurança e uma eficiência muito melhores do que as que já temos hoje, proporcionando para os usuários do SISCEAB um serviço de qualidade ainda melhor, como todos esperamos”, frisou o comandante do CINDACTA IV, coronel-aviador Alexander Santopietro de Sousa.
O comandante do CINDACTA III, coronel-aviador Edson Luiz Vieira Neto, fez seu pronunciamento, retornando a meados de 2007, quando o Centro de Controle de Área do Recife (ACC-RE) já se responsabilizava por uma área de um pouco mais de 10 milhões de km² do setor oceânico, provendo os serviços de controle de tráfego aéreo e informações de voo e alerta em toda parte oceânica do corredor EURO-SAM, atendendo os tráfegos que faziam voos entre os continentes sul-americano, africano e a Europa. Então, relembrou que em 2009, já tendo observado o incremento do tráfego aéreo nesta região, advindo destes voos internacionais com destino aos países europeus, o Centro de Controle de Área do Atlântico (ACC-AO) recebeu do DECEA a implementação do serviço de controle de tráfego aéreo com apoio das funcionalidades ADS-C (Vigilância Dependente Automática por Contrato), que fornecia a posição da aeronave sobre o oceano por meio satelital, e a CPDLC, incrementando sobremaneira as operações em termos de segurança, fluidez e economicidade.
“Nesse período de pleno sucesso, o CINDACTA III adquiriu uma experiência considerável, que foi muito bem utilizada no Projeto LANDELL. Projeto este que contempla, neste primeiro momento, uma porção significativa da Região de Informação de Voo de Recife (FIR-RE) com uma implantação segura, porém desafiadora, que trará vários benefícios, como segurança operacional para aviação, redução da carga de trabalho dos pilotos e dos controladores, maior automação na troca de informações, melhor eficiência nas comunicações e redução de custos operacionais”, declarou o coronel-aviador Edson Luiz Vieira. “Sinto-me orgulhoso por estarmos mais uma vez sendo pioneiros em um projeto revolucionário de extrema importância para o controle de tráfego aéreo no Brasil. Tenho plena convicção de que o Projeto será um sucesso e muito em breve o serviço estará sendo prestado em todo espaço aéreo continental brasileiro”, concluiu o coronel-aviador Edson Luiz Vieira, parabenizando o DECEA e as unidades que tiveram decisivas participações no processo – CISCEA, CINDACTA III e IV, ICEA, CGNA e GEIV.
Para falar do Programa Sirius Brasil, a palavra foi passada ao diretor-geral do DECEA, tenente-brigadeiro do ar João Tadeu Fiorentini, que celebrou este momento ímpar para as comunicações aeronáuticas do país. “Com a implementação da CPDLC Continental, evoluiremos, ainda mais, na eficiência do sistema de comunicações ar-solo, complementando o sistema VHF atual, por meio do uso de link de dados entre sistemas de bordo e terrestres, acima do nível de vôo 245. E outro ponto de destaque é o incremento da segurança operacional, reduzindo falhas de entendimento nas comunicações aeronáuticas, ao disponibilizar um meio sem ruídos ou interferências, tornando o entendimento das comunicações mais claro e preciso, além de ampliar a capacidade do controle e reduzir a carga de trabalho dos profissionais”, explicou o DGCEA.
“Para tornar este momento uma realidade, muitos foram os desafios superados pelos integrantes do projeto, tais como, o desenvolvimento da concepção operacional e de sua doutrina de emprego, ampliação e teste de performance da rede data link nacional, desenvolvimento de ferramentas complementares para o programa SAGITARIO, atualização de manuais e modelos operacionais bem como a capacitação de recursos humanos. A interação com a comunidade aeronáutica e o apoio, irrestrito, de toda estrutura organizacional do SISCEAB foram fatores determinantes para o sucesso”, ponderou o tenente-brigadeiro do ar Fiorentini.
O DGCEA mencionou ainda o Programa SIRIUS Brasil, conduzido pelo DECEA, estabelecendo, por meio do emprego de soluções de alta tecnologia, capacitação de recursos humanos e promoção da redução dos custos operacionais, a estratégia de evolução do Sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo do país de forma eficiente e sustentável.
“Tenho a honra de inaugurar uma nova era das comunicações aeronáuticas no espaço aéreo continental brasileiro. O sucesso deste empreendimento da Força Aérea Brasileira comprova que estamos estabelecendo um novo paradigma no cenário das comunicações trazendo maior segurança e operacionalidade para o Gerenciamento do Tráfego Aéreo nacional”, concluiu o tenente-brigadeiro do ar Fiorentini.
Para o chefe do Subdepartamento de Operações (SDOP), brigadeiro do ar Eduardo Miguel Soares, a entrada em operação do projeto LANDELL é motivo de muito orgulho. “Foram vários anos de trabalho de uma equipe multidisciplinar, altamente capacitada e comprometida com os resultados do projeto. O sucesso desta inauguração é a garantia da entrega de um produto, que desde a sua concepção, é completamente voltado para os usuários do SISCEAB, que, a partir de agora, terão ainda mais segurança e eficiência nas comunicações com os Órgãos de Controle de Tráfego Aéreo. A comunicação CPDLC continental é mais uma prova de que a FAB e o DECEA seguem na vanguarda da aviação mundial”.
O trabalho em equipe, harmonioso e coeso, também foi evidenciado pelo gerente-geral do Projeto LANDELL, capitão Marcelo Mello Fagundes: “A dedicação e a motivação constantes nos conduziram ao sucesso. A equipe LANDELL foi espetacular. Essa primeira conquista e todo o conhecimento do grupo LANDELL nos revestem de uma responsabilidade ainda maior para os próximos passos para a evolução CNS (Comunicação, Navegação, Vigilância) com vistas ao Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ATM) do futuro”.
Após atos de cerimônia, foi feita a atividade inaugural do serviço de CPDLC Continental. Anunciando por fonia e depois enviando mensagens pela ferramenta, controladores dos dois Centros (Amazônico e Recife) se comunicaram com pilotos do GEIV que cruzaram as duas FIR – Belém e Recife.
A mensagem de texto enviada pelos ACC trazia a seguinte informação: “Bem-vindos à nova era das Comunicações Aeronáuticas! Esta é a primeira mensagem CPDLC em espaço aéreo continental no Brasil. O DECEA e a Força Aérea Brasileira agradecem sua conexão”. O GEIV, por sua vez, respondeu aos dois Centros (ACC), pela mesma ferramenta, com o texto: “É uma honra para o GEIV fazer parte desse momento de grande importância para o DECEA e para a FAB”.
Encerrando a cerimônia, o chefe do Subdepartamento Técnico (SDTE), brigadeiro-engenheiro Dalmo José Braga Paim, declarou “oficialmente inaugurada a nova era das comunicações aeronáuticas no espaço aéreo continental brasileiro”.