FAB intercepta bimotor Baron que ingressou no espaço aéreo brasileiro (pelo MS) sem autorização, e cumpre procedimentos de tiro de detenção, forçando o pouso em SP entre as cidades de Jales e Pontalinda – avião transportava 660 kg de droga, em 04.07.22


Fonte: g1 – em 03/07/2022
A FAB divulgou que interceptou, por volta das 12:36 (horário de Brasília) deste domingo (3), um bimotor Beechcraft Baron 58 que ingressou no espaço aéreo brasileiro pela fronteira do MS sem autorização – sem Plano de Vôo. A interceptação resultou ao final no pouso do avião entre as cidades de Jales (no noroeste de SP, a cerca de 30 MN da divisa com o MS) e Pontalinda (a 10 MN ao sul de Jales), em SP.

De acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), os radares identificaram a aeronave entrando no espaço aéreo brasileiro. O avião, sem contato com o controle, descumpriu todas as medidas de policiamento realizadas, mostrando-se hostil.

Duas aeronaves de defesa aérea A-29 “Super Tucano” foram empregadas para monitorar e interceptar o avião, ainda no MS. Os pilotos de defesa aérea seguiram o protocolo das medidas de policiamento do espaço aéreo brasileiro, interrogando o tripulante-piloto da aeronave, mas não obtiveram resposta. Nesse momento, a aeronave foi classificada como suspeita, conforme previsto no Decreto 5.144, de 16 de julho de 2004. Na sequência, os pilotos da FAB ordenaram a mudança de rota e o pouso obrigatório em aeródromo específico. Porém, o piloto do avião interceptado não obedeceu. Foi necessário, então, que a defesa aérea comandasse o tiro de aviso. Ainda sem retorno, o avião foi considerado “hostil”, sendo realizados os procedimentos de tiro de detenção. Após a execução do tiro de detenção, pousou em um ponto entre as cidades de Jales e Pontalinda, no Estado de São Paulo, junto de um campo/lavoura. A partir daí, a Polícia Federal assumiu as Medidas de Controle de Solo (MCS).

Duas pessoas se evadiram antes da chegada dos policiais e no avião foram encontrados em torno de 660 kg de pasta base de cocaína.
A ação faz parte da Operação Ostium, para coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em conjunto a Força Aérea Brasileira e a Polícia Federal.

Conforme RAB, o avião Baron 58 – de matrícula PR-WCP, registro de produção TH-398, fabricação 1973 – é de propriedade e operação de uma Pessoa Física, registrado na categoria do transporte privado (TPP), com último registro de compra/transferência em abril passado. O avião é aprovado para capacidade de até cinco passageiros e MTOW de 2.449 kg, para operação IFR diurna/noturna. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) foi abril deste ano e o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) estava expirado no último dia 06 (de junho).

Jales dista 70 MN a nordeste de Três Lagoas (no MS, na divisa com SP) e 74 a noroeste de São José do Rio Preto (SP), e 17 MN a oeste de Fernandópolis.

Pelo cadastro aeroportuário, em Jales existem o aeródromo público (SDJL) e o aeródromo privado “Fazenda Vô Chico” (SIEH), distante 5 MN a SW do centro de Jales e 10 MN a NW de Pontalinda, com pista de terra de 20 x 900 m., em elevação de 1.539 pés.

Atualização [g1 – em 03/07/2022] – após ser içado, o avião foi transportado em um caminhão, com o apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Departamento de Estradas de Rodagem (DER), até a sede da Polícia Federal em Jales, que vai investigar o caso. O avião está apreendido pela Polícia Federal em Jales.
O avião tinha marcas de tiros. Segundo a Polícia Federal, há suspeita de que os disparos foram efetuados pelos próprios criminosos para tentar incendiar a aeronave e destruir a droga.

“No local do pouso, policiais federais conseguiram identificar cápsulas de munição de 9 milímetros deflagradas no local. Os policiais desconfiam que, no momento da abordagem, para ocultar as provas, ele mesmo atirou contra a própria asa da aeronave, com o intuito de causar o incêndio e destruir todos os produtos ilícitos”, afirma Alexandre Manoel Gonçalves, delegado da Polícia Federal de Jales.

Atualização: a Polícia Federal incinerou nesta terça (05/07) cerca de 663 kg de cocaína apreendidos no avião que foi interceptado por caças da FAB em uma operação conjunta com a PF.

A incineração da totalidade da droga apreendida ocorreu na presença dos policiais federais, representantes da Vigilância Sanitária e do Ministério Público Federal de Jales/SP.