Holandesa Electron lança aeronave elétrica de 5 assentos, em 30.03.24


A holandesa Electron Aerospace está intensificando o trabalho para lançar no mercado uma aeronave totalmente elétrica de 5 assentos até o final desta década. A start-up holandesa revelou um design atualizado para o modelo Electron 5, cujas entregas são pretendidas de serem iniciadas em 2028.
À medida que a tecnologia das baterias continua a melhorar gradualmente, a Electron acredita que o modelo Electron 5 terá um alcance operacional de 500 km (270 MN), com mais reserva de carga (energia) prevista para 250 km adicionais.

A Electron apresentou o novo design aos investidores no final de janeiro, antes de torná-lo público nesta última semana de março.

Segundo o cofundador e CEO Josef Mouris, para o mercado regional de mobilidade aérea, a Electron  pretende inicialmente atender setores pares de cidades com cerca de 370 km (200 MN) e velocidade de 350 km/h (cerca de 190 KT).

O design do Electron 5 consiste de um avião com uma célula ovalizada, asa alta com longa envergadura e uma cauda em T, com motorização tipo pusher. Com sua motopropulsão dupla, a aeronave (na aparência) lembra um pouco o turboélice o modelo Avanti, da Piaggio. Operado por um único piloto (Single Pilot), acomodaria até 4 passageiros ou 500 kg (1.100 lb.) de carga em um palete europeu padrão, sendo capaz de operar em pistas curtas de 600 m. (1.970 pés). A Electron prevê uma eficiência de  67 Wh/km com 4 ocupantes (1+3), velocidade de cruzeiro de 250 km/h (135 KT) à altitude de 10.000 pés e nível de ruído inferior a 55 db.

“Inspirando-se no albatroz, nosso Electron 5 apresenta um corpo aerodinamicamente eficiente, asas robustas e janelas que imitam os olhos vigilantes do pássaro”, explicou o chefe de design da Electron, Alexander Klatt. Para operadores de carga, a aeronave pode incluir uma porta de carga na lateral da fuselagem.

A Electron pretende concluir a certificação de tipo EASA até ao final de 2027. No momento, está se preparando para apresentar um pedido de aprovação de organização de design ao regulador europeu de segurança aérea (EASA), mas ainda não indicou quando pretende produzir e pilotar um protótipo em escala real.

Quando foi lançado em 2021, o plano de negócios inicial da Electron era arrendar e operar aeronaves elétricas. “Mas logo descobrimos que não havia nada adequado por aí”, disse Mouris para a mídia AIN. “O Pipistrel [Electro] [de dois lugares] é muito pequeno e o Alice [de nove lugares], da Eviation, ainda tinha motores não certificáveis na ponta da asa naquela época e é simplesmente grande demais para o mercado que queremos atender. Não queríamos aeronaves eVTOL porque não achamos que elas se enquadrassem nos padrões de certificação e operação existentes e não teriam o alcance exigido nem os baixos custos operacionais de um eCTOL elétrico puro. O que precisávamos era de algo como um bimotor Diamond DA-62 eletrificado, mas infelizmente o retrofit não funciona”, explicou Mouris.

Tendo resolvido desenvolver a sua própria aeronave, a Electron decidiu oferecê-la inicialmente a outros operadores para estabelecer onde poderia encaixar-se no mercado.

Assim, assinou Memorandos de Entendimento (MoU) com a Mint Air, da Coréia do Sul, e a distribuidora de aeronaves australiana FlyOnE. Juntamente com um acordo com o grupo logístico dinamarquês-alemão Danx Carousel, afirmou que o valor das pré-encomendas totaliza agora mais de 230 milhões de Euros (cerca de US$ 250 milhões).

Até agora, a Electron construiu um par de modelos de cabine para validar casos de uso com clientes que poderiam incluir carga e suporte médico de emergência, bem como vôos de passageiros em operações de piloto único (Single Pilot). A Electron está trabalhando com o software de design e engenharia Systèmes, da Dassault, com planos de firmar novos acordos com parceiros para fornecer tecnologia chave, como sistema de propulsão, baterias, aviônicos e outros componentes.

Tendo arrecadado uma quantia não revelada de sete dígitos para o programa, a Electron está agora buscando financiadores adicionais.

Mouris reconheceu que o ambiente atual para encontrar investidores na aviação elétrica está se mostrando desafiador, com mais dinheiro sendo investido anteriormente em start-ups de eVTOL do que em novos modelos de asa fixa que buscam desbloquear opções de transporte de vários pequenos aeroportos subutilizados.

“O nosso principal objetivo é converter viagens terrestres que envolvam viagens de quatro a oito horas [em vôos sub-regionais]”, explicou Mouris, apontando para exemplos do setor, como as cidades holandesas de Groningen, Twente e Maastricht, para cidades maiores como Copenhagen, Paris e Berlim. Esta abordagem também evitaria que os viajantes tivessem de fazer viagens ineficientes para aeroportos centrais maiores, como Amsterdam-Schiphol.

Mouris, ex-piloto de linha aérea da FlyBe, fundou a Electron com Marc-Henry de Jong, consultor de gestão com vasta experiência em negócios de sustentabilidade. A equipe de engenharia da Electron já ocupou cargos seniores em empresas-fabricantes como Fokker, Airbus, GKN Aerospace, EMBRAER, Lockheed Martin e General Atomics.

Inicialmente, o negócio começou no Reino Unido, mas na sequência da saída do país do Brexit da União Européia (UE), a Electron transferiu-se para a Holanda, constituindo-se em Rotterdam para poder trabalhar diretamente sob a jurisdição da EASA.

Mouris disse para a mídia AIN que as oportunidades de financiamento governamental na União Européia são mais adequadas ao desenvolvimento de produtos do que no Reino Unido. [EL] – c/ fonte