Honeywell e Bombardier fazem acordo em processo judicial (reclamado pela Bombardier) e assinam acordo histórico para entregar próxima geração de tecnologia de aviação, em 05.12.24


No dia 02, a Honeywell anunciou a assinatura de um acordo estratégico com a Bombardier, líder global em aviação e fabricante de jatos executivos de classe mundial, para fornecer tecnologia avançada para aeronaves Bombardier atuais e futuras em tecnologias de aviônica, propulsão e comunicações via satélite. E, além disso, todos os litígios pendentes entre as empresas foram resolvidos.

Numa nota sumária postada no dia 02, a Bombardier Inc. (Bombardier) confirmou que chegou a um acordo para resolver seu processo contra a Honeywell International Inc. (Honeywell) com reclamação ingressa no Tribunal Superior de Québec em 2016. O acordo resolve o processo e o pedido pendente de apelação perante a Suprema Corte do Canadá. Os termos do acordo são confidenciais para ambas as partes.

Segundo a Honeywell, a colaboração promoverá novas tecnologias para permitir uma série de atualizações de alto valor para a base de operadores instalada da Bombardier, bem como estabelecer bases inovadoras para futuras aeronaves. A Honeywell estima o valor dessa parceria para a empresa em US$ 17 bilhões ao longo de sua vida.

Embora o acordo comercial tenha impacto financeiro de curto prazo (US$ 400 milhões), a Honeywell está confiante de que o acordo levará à criação de valor de longo prazo para os acionistas da Honeywell. Considerando os investimentos necessários associados a este acordo, a Honeywell atualizou suas vendas anuais, margem de segmento, lucro ajustado por ação e orientação de fluxo de caixa livre.

“Esta é uma tremenda oportunidade de co-inovar e promover tecnologias de próxima geração, incluindo motores e a aviônica Anthem”, disse Vimal Kapur, presidente e CEO da Honeywell. “Aumentar nosso relacionamento colaborativo de longo prazo com a Bombardier está diretamente conectado ao foco da Honeywell em megatendências atraentes – automação, o futuro da aviação e transição energética”, completou Kapur.

“Esta nova parceria cria oportunidades sem precedentes para a Bombardier” disse Eric Martel, presidente e CEO da Bombardier. “A tecnologia diferenciada da Honeywell é a principal razão pela qual decidimos construir colaborativamente um futuro brilhante com eles”, completou Martel.

Conforme a nota, a Honeywell e a Bombardier colaborarão no desenvolvimento de aviônicos Honeywell para fornecer adaptabilidade incomparável a requisitos de missão específicos, permitindo consciência situacional excepcional e segurança aprimorada. Além disso, os fluxos de trabalho baseados em propulsão da colaboração se concentrarão em evoluções de potência, confiabilidade e facilidade de manutenção, liderados pelo modelo de próxima geração do motor (turbofan) HTF-7K da Honeywell.

“Trabalhando juntos, geraremos valor significativo para a base de operadores da Bombardier, fornecendo as tecnologias mais recentes para permitir vôos seguros e eficientes”, disse Jim Currier, presidente e CEO da Honeywell Aerospace Technologies. “Estamos comprometidos em investir nessas tecnologias-chave com a Bombardier, o que não apenas impulsionará um crescimento substancial para a Honeywell, mas também levará a indústria ainda mais para o futuro da aviação”, acrescentou Currier.

Como parte da parceria, a Bombardier e a Honeywell trabalharão juntas para certificar e oferecer o JetWave X para as famílias de aeronaves Bombardier Global e Challenger para novas instalações de produção e pós-venda. A Bombardier também terá acesso ao conjunto completo de produtos e antenas de comunicações via satélite de banda “L” de próxima geração da Honeywell, que fornecerão recursos futuros de serviços de segurança.

O JetWave X é um sistema de conectividade por satélite embarcada, com conexão wi-fi de bordo rápida e global, flexível e à prova do futuro, dando suporte a aplicativos que consomem muitos dados e com desempenho consistente durante todo vôo. O prospecto informa:
– velocidades consistentes e mais rápidas – desempenho confiável, fornecendo até 200 Mpbs de velocidade de download.
conectividade de cobertura global.
– multi rede SATCOM – com satélites GX, Viasat, incluindo ViaSat-3, e novos satélites sejam lançados. O sistema JetWave X será o primeiro a liberar o desempenho da rede ViaSat-3 para jatos executivos.

O sistema JetWave X apresenta-se como única solução de comunicação via satélite multi-rede Ka-band, oferecendo uma melhor experiência de aeronave conectada para proprietários de jatos executivos, operadores, tripulações de voo e passageiros. O JetWave X se conectará à nova rede de satélites ViaSat-3 Ka-band a partir do momento em que estiver on-line em 2025, estimados dois anos antes que qualquer outro terminal para jatos executivos possa acessar a nova constelação e a rede de satélites já existente. O JetWave X continuará acessando a comprovada rede Global Xpress, que planeja adicionar novos satélites à constelação GX no período de 2025-2027.
No dia 03, o editor-chefe da mídia AIN Matt Thurber escreveu um post – “Honeywell, Bombardier settle dispute, sign Tech Pact – move could signal development of a new super-midsize jet” – com a notícia do acordo, e da assinatura de um pacto tecnológico, uma mudança que pode sinalizar o desenvolvimento de um novo jato supermédio.

Thurber informa que a Bombardier resolveu seu processo de 2016 movido contra a Honeywell sobre o preço do motor (turbofan) HTF-7000 ajuizado no Tribunal Superior de Québec e que a Honeywell também anunciou simultaneamente um acordo estratégico para colaborar em novas tecnologias “para aeronaves Bombardier atuais e futuras em tecnologias de aviônica, propulsão e comunicações por satélite”. Thurber também informa que os termos do acordo não foram revelados.

Thurber observa que a analista de mercado Jefferies Equity Research repercutiu que a Honeywell atualizou sua orientação para 2024 para refletir os investimentos que estão sendo feitos como parte do acordo. Isso inclui “US$ 400 milhões em contra-receita vinculada as suas contribuições de lançamento planejadas para os programas de co-desenvolvimento HTF-7000 e Anthem”.

Embora ainda não haja detalhes disponíveis, Thurber observa que a Honeywell deu a entender alguns desenvolvimentos em seu anúncio. Isso inclui um novo motor na família HTF-7000 e o desenvolvimento conjunto da nova plataforma aviônica Anthem, da Honeywell. As duas empresas irão “co-inovar” o desenvolvimento do motor e dos aviônicos, o que pode ser uma dica de que a Bombardier está projetando um novo jato executivo na categoria supermédio ou planejando atualizações de aviônicos em sua linha de produtos atual.

O turbofan HTF-7000 equipa quatro famílias de jatos médios/supermédios:
– o Bombardier Challenger 300/350/3500;
– o EMBRAER Legacy 450/500, e a evolução Praetor 500/600; e,
– o Cessna Citation Longitude.

A série Challenger, incluindo o 300/350/3500 e o 650, e o Global 5500/6500/7500, todos os modelos são equipados com aviônica da Collins Aerospace.

Enquanto isso, o acordo também abrange os terminais SATCOM JetWave X, da Honeywell, incluindo instalações de adaptação e retrofit para os modelos Challenger e Global, e os produtos SATCOM de banda “L”, da Honeywell.

Thurber apresenta o JetWave X como sistema que combina o acesso à Viasat e às antigas redes de satélites geoestacionários da Inmarsat para criar uma solução de comunicação por satélite (SATCOM), ou conectividade, de banda Ka multirrede. Com previsão de entrar em operação no ano que vem, o JetWave X fornecerá conectividade global, incluindo sobre a região do Ártico com os satélites GX-10 da Viasat, e velocidades de até 200 Mbps.

Thurber cogita que se a Bombardier estiver com planos de projeto de um novo jato supermédio com o novo motor (HTF-7K) e a aviônica de nova geração Anthem, sua experiência com o modelo Global 7500 sugere que os controles de vôo fly-by-wire podem ser uma opção.

“Esperávamos que um motor novo ou reimaginado/refinado fosse desenvolvido no espaço supermédio, então isso é um endosso da saúde desse segmento do mercado, que está em alta demanda, especialmente com operadores de frotas grandes e de compartilhamento”, disse Rolland Vincent, presidente da Rolland Vincent Associates e fundador/diretor da plataforma de inteligência de dados JetNet iQ. “Isso também parece ser uma vitória no espaço da aviônica, embora não esteja claro se a plataforma Anthem encontrará um lar inicial em jatos de fabricação nova ou no mercado via STC. Minha leitura é que é inicialmente para o mercado de reposição do Challenger 300/350. Se for de fabricação nova, isso seria um golpe significativo para a Collins”, Vincent avaliou. “O dinheiro do acordo da Honeywell será um bom vento de cauda das despesas de capital [CAPEX – investimento] necessárias para financiar um programa de desenvolvimento da Bombardier. [Parece] um ganho mútuo nesse sentido — a Honeywell permanece na asa para motorizar um Challenger 3500 de última geração, e a Bombardier tem uma fonte de financiamento para seu desenvolvimento. O conjunto Anthem obtém um endosso importante a bordo de uma frota líder de mercado e permite que a Honeywell esteja em posição de competir com a Collins pela plataforma aviônica do Challenger 3500NG e [presumivelmente e finalmente] a eventual substituição do Challenger 650”, prospectou Vincent.

O analista e consultor Brian Foley concordou, falando para a AIN: “Isso parece ser algum tipo de atualização do Challenger 3500”. [EL]