Honeywell entra na fase final de testes do seu sistema de alerta de superfície (surface alert system) SURF-A, em 14.09.25

A Honeywell Aerospace Technologies deu um passo mais perto de contribuir para prevenção de evento de incursão de pista com seu sistema de alerta de superfície (surface alert system) SURF-A entrando em fase final de testes.
O sistema SURF-A utiliza dados de posição ADS-B OUT de aeronaves para emitir alertas em ambas com relação a posição de aeronaves em solo. A tecnologia no sistema emite um alarme sonoro – “tráfego na pista”, 30 e 15 segundos antes que uma potencial colisão possa ocorrer.
Incursões em pistas se tornaram uma um grande problema de segurança operacional para a FAA, com 1.664 casos reportados em 2024, sete deles envolvendo duas aeronaves em rota de colisão. Nessas situações, cada segundo faz a diferença. “Parece um período de tempo tão curto, mas as coisas acontecem tão rapidamente, e 15 a 30 segundos é, na verdade, uma margem muito, muito grande quando você está se movendo na velocidade que estamos nos movendo em uma aeronave como esta”, explicou o piloto de testes da Honeywell, Doug Rybczynski.
Ainda assim, os executivos da Honeywell sabem que o SURF-A não é uma solução milagrosa. “Os pilotos têm um destino compartilhado na aeronave. O piloto pode estar fazendo tudo certo, mas a caminho do desastre”, disse Thea Feyereisen, pesquisadora técnica da Honeywell Aerospace Technologies.
A Honeywell está operando seu (avião plataforma de testes) Boeing 757 em testes no outono (do hemisfério norte) com as cargas de certificação instaladas, iniciando a última rodada de avaliações de desempenho do sistema e fatores humanos.
A Honeywell espera obter um Certificado Tipo Suplementar (STC) do sistema SURF-A no primeiro semestre de 2026, permitindo que as cias. aéreas instalem a tecnologia ainda no mesmo ano. O projeto, iniciado em 2020, é apresentado como a primeira solução em escala comercial que visa a redução de pontos “cegos” na cabine durante a decolagem e o pouso.
A mídia Aero News Network repercutiu que uma demonstração recente da tecnologia chamou a atenção. Segundo a mídia, a Honeywell colocou um Gulfstream na pista no aeroporto de Kansas City, no Missouri (EUA), enquanto o seu B.757 se aproximava. O sistema SURF-A utilizou dados de posição ADS-B OUT para emitir ambos os alertas, e o piloto do B.757 executou uma arremetida limpa.
O cenário foi projetado para espelhar uma quase colisão em 2023 no Aeroporto Internacional de Austin-Bergstrom, quando um B.767 da FedEx na aproximação final quase atingiu um B.737 da Southwest autorizado a ingressar na mesma pista. A Honeywell argumenta que seu sistema teria dado à tripulação da FedEx um aviso extra de 28 segundos para reagir deliberadamente.
Em post no dia 12 na plataforma online da AIN, a articulista de notícias da mídia Amy Wilder repercutiu que, no final de agosto, a Honeywell levou para Kansas City, cidade no Missouri, o seu avião-plataforma de testes B.757 para a demonstração de tecnologia de cockpit de segurança operacional no solo. Incluídas na demonstração estavam sua mais nova adição em segurança de pista — SURF-A – Surface Alert (Alerta de Superfície -, juntamente com o já certificado Smart X – SmartRunway/SmartLanding.
Basicamente, o sistema de alerta de superfície (surface alert system) SURF-A visa a prevenção de incursão de pista, como emissão de alertas com relação a posição/tráfego de aeronaves em solo – em pista, antes que uma potencial colisão possa ocorrer.
O sistema SURF-A utiliza dados de posição ADS-B OUT de aeronaves para emitir alertas em ambas com relação a posição de aeronaves em solo. A tecnologia no sistema emite um alarme sonoro – “tráfego na pista”, 30 e 15 segundos antes que uma potencial colisão possa ocorrer.
O sistema Smart X – SmartRunway/SmartLanding ajuda pilotos a evitar eventos de superfície irregular e excursões de pista.
Ambos sistemas criam alertas diretos na cabine, hospedados no Sistema Avançado de Alerta de Proximidade do Solo (EGPWS). O SURF-A é uma atualização de software hospedada no EGPWS, projetada para ser adaptada a uma ampla base instalada.
Embora o Smart X esteja disponível há cerca de uma década, a Honeywell espera a certificação SURF-A para aeronaves de transporte comercial em 2026, dependendo das aprovações e dos testes de vôo e demonstrações bem-sucedidos em andamento no B.757.
Durante uma coletiva de imprensa pré-voo, Thea Feyereisen, pesquisadora técnica sênior da Honeywell Aerospace Technologies, destacou três áreas de risco para as quais essas tecnologias foram desenvolvidas: operação em superfície (pista) errada , excursão de pista e incursão de pista.
O Smart X fornece sinais sonoros e visuais, como “on taxiway” (na pista de táxi), “flaps, flaps” (flapes), “too high” (muito alto), “unstable” (desestabilizada) e “long landing” (pouso longo), para alertar os pilotos em tempo real sobre aproximações de alta energia, erros de configuração e alinhamentos com superfície (pista) errada quando a atenção do piloto está fora da cabine durante fases de alta carga de trabalho do vôo.
O SURF-A estende essa proteção à incursão de pista, utilizando dados ADS-B e análise de trajetória para alertar os pilotos quando outra aeronave ou veículo na zona de engajamento da pista cria um risco de colisão em aproximadamente 30 segundos. Os pilotos podem ouvir quatro alertas distintos: “traffic on runway” (tráfego na pista), “traffic on final” (tráfego na final), “traffic intersecting runway” (tráfego em interseção – cruzando a pista) e “traffic behind” (tráfego na retaguarda), com mensagem de texto de apoio em tela de informação de vôo.
“O NTSB recomendou alertas diretos para os pilotos”, disse Feyereisen, enfatizando a potencial economia de tempo ao contornar a latência de rádio entre o controlador e o piloto em situações críticas. Os alertas de cabine também podem ser úteis quando o tráfego de rádio intenso no espaço aéreo pode significar a perda ou interrupção das chamadas de rádio.
Durante o vôo de demonstração, a Honeywell recriou dois incidentes no EUA de grande repercussão, amplamente discutidos em fóruns de segurança do setor, para mostrar como a tecnologia de alerta de cabine poderia dar aos pilotos mais tempo para responder em momentos críticos.
Em fevereiro de 2023, no Aeroporto Internacional de Austin-Bergstrom, um B.767 da FedEx pousando e B.737 da Southwest 737 em partida do aeroporto, ingressando na mesma pista para decolar, estiveram a segundos de uma colisão. O incidente de fevereiro de 2023 foi notável porque o campo estava obscurecido por uma névoa, e os controladores não conseguiram ver que o B.737 havia taxiado ingressando na pista ativa.
O B.757 de teste se aproximou de uma pista com um Gulfstream já na pista ativa; ao se aproximar da pista, um alerta visual e sonoro mostrou “tráfego na pista” e os pilotos do B.757 iniciaram uma arremetida.
Um segundo cenário reproduzido refletiu um evento ocorrido em janeiro de 2023 no aeroporto JFK, em Nova York, no qual um B.777 da American Airlines taxiou para uma pista ativa enquanto um B.737 da Delta corria a pista em decolagem.
Durante essa demonstração, o B.757 da Honeywell iniciou sua corrida de decolagem na pista, e a aeronave Gulfstream (colaboradora da demonstração) taxiou pela pista à frente do B.757. Um alerta na cabine do B.757 alertou os pilotos sobre o tráfego cruzando a pista; os pilotos tiveram tempo suficiente para reagir enquanto ainda era difícil avistar a aeronave (Gulfstream) que cruzava a pista à distância.
Engenheiros de vôo a bordo do B.757 coordenaram cada demonstração com os pilotos de ambas as aeronaves. Os pilotos se coordenaram com o controle de tráfego aéreo para garantir a segurança durante a demonstração.
A Honeywell também apresentou a função de mitigação de excursão de pista do sistema Smart X, na qual os pilotos do B.757 executaram uma aproximação deliberadamente não-estabilizada (desestabilizada): configuração sem flapes (para corresponder ao alerta do sistema “flaps, flaps”), trajetória acima da rampa de aproximação – aproximação muito alta (para corresponder ao alerta do sistema “too high”), com falha na estabilização (para corresponder ao alerta do sistema “unstable”) e “flutuando” sobre a pista estendendo o pouso para além do ponto ideal de toque (para corresponder ao alerta do sistema “long landing”) , com avisos-alertas (callouts) de distância remanescente.
Os pilotos da Honeywell então demonstraram uma simulação de alinhamento em pista de táxi para decolagem, um erro que acionou um alerta de “on taxiway” por volta de 40 KT de velocidade no solo, ressaltando a importância de um aviso sonoro antes que a energia de freio ou o comprimento da pista se tornem limitantes.
Em 16 de junho, a Honeywell anunciou que a transportadora aérea comercial americana Southwest Airlines está “em processo de ativação de toda a sua frota de aeronaves Boeing 737” com o SmartRunway/SmartLanding via EGPWS já na aeronave, com “mais de 700 aeronaves … ativadas até o momento”.
Wilder observou que Feyereisen descreveu o sistema SURF-A como um “terceiro par de olhos” que complementa os sistemas existentes baseados em torres de controle de tráfego: ferramentas em solo podem alertar os controladores, reconheceu Feyereisen, mas salientou que nem sempre alertam os pilotos diretamente, e transmissões de rádio simultâneas podem mascarar chamadas urgentes. “Os pilotos são a última linha de defesa”, disse Feyereisen, destacando o esforço da Honeywell para ajustar os limites do SURF-A para minimizar alertas incômodos, preservando o alerta antecipado.
A adoção das tecnologias continua sendo influenciada por considerações regulatórias, de custo e de processo do operador.
Executivos da Honeywell disseram a repórteres que cerca de 20 a 25% das aeronaves comerciais em todo o mundo utilizam recursos do tipo Smart X — um número consistente com a afirmação do blog da Honeywell de que “cerca de 5.000 aeronaves comerciais”, ou aproximadamente 20% da frota, possuem o SmartRunway/SmartLanding instalado.
Embora a transportadora aérea comercial americana Alaska Airlines tenha adotado o sistema antecipadamente e a Southwest esteja agora expandindo o sistema pela sua frota, uma implantação mais ampla dependerá dos cronogramas de treinamento das cias. aéreas e das diretrizes regulatórias.
Wilder ressaltou que a AIN acompanha o desenvolvimento do sistema SURF-A desde 2024, quando a Honeywell apresentou pela primeira vez alertas de incursão de pista de 30 segundos e o esquema de quatro tipos de alerta, em voos entre Seattle e Yakima, com um período de aprovação projetado de 12 a 18 meses.
Wilder confirma que a Honeywell agora prevê a certificação da categoria de transporte para 2026, enquanto continua a explorar melhorias no display frontal, no âmbito do programa SURF-A com parceiros fabricantes originais.
Wilder finaliza seu artigo destacando que no cenário de tráfego global crescendo e de infraestrutura de pistas em grande parte inalterada, camadas de proteção são importantes. O sistema Smart X visa quebrar a cadeia que leva a excursões e eventos de superfície (pista) errada, enquanto o SURF-A visa ganhar tempo para os pilotos — muitas vezes apenas alguns segundos — para evitar incursões -, em que pese afirmativa da pesquisadora técnica da Honeywell Thea Feyereisen: “Cada segundo conta”. [EL] – c/ fontes
Vídeo da AIN (de 06m48s) postado no seu canal no YTb em 11/09/2025, acompanhando vôo de demonstração dos sistemas SURF-A e Smart-X, pela Honeywell Aerospace, no seu B.757 de testes:
https://www.youtube.com/watch?v=873tnVE0YJ0