Indústria da aviação à espera das limitações de tráfego em aeroportos impostas pela rede 5G determinadas a partir de NOTAM, em 18.12.21
Os líderes da aviação estão se preparando para uma onda de restrições e potencial interrupção das operações de tráfego aéreo nos aeroportos em uma série de grandes áreas metropolitanas, à medida que a FAA prepara uma lista de NOTAM para implementar medidas de segurança em torno do lançamento do 5G na Banda C.
NOTAM será o meio adotado para fornecer especificações de restrições de operação, conforme estabelecem duas diretrizes de aeronavegabilidade que a FAA divulgou no início deste mês, cobrindo aviões de categoria de transporte e passageiros e outra direcionada a helicópteros, para lidar com a ameaça de potencial interferência em rádio-altímetro pela telefonia celular 5G operando na faixa de frequência 3,7 a 3,98 GHz.
As AD/DA impõem limites operacionais quando do risco de tal interferência, incluindo proibições de operações dependentes de Rádio-altímetro, como aproximação CAT II/III, ILS CAT I/II-AS (de autorização especial), pouso automático (autoland) e operação conduzida manual baseada em FCGS (Flight Control Guidance System) com uso de HUD para pouso e uso de sistema de visão sintética avançada (EFVS – Enhanced Flight Vision System) conforme item de regulamentação FAR 91.176(a). Certos procedimentos de aproximação RNP e outros procedimentos dependentes do uso de rádio-altímetro também seriam indisponibilizados.
Grupos da indústria de aviação apontam que as limitações afetam essencialmente os sistemas e operações para permitir aproximações seguras em condições meteorológicas desfavoráveis ou de visibilidade reduzida.
Os provedores de telecomunicações AT&T e Verizon indicaram planos para implementar sua rede de sinal 5G no próximo dia 05 (de janeiro), inicialmente com um nível de energia reduzido em certas áreas do país, incluindo grande parte da Califórnia e Flórida e outras grandes áreas metropolitanas que incluem Seattle, Chicago, Houston, Dallas/Fort Worth e no nordeste do país.
As operadoras de telecomunicações indicaram que compartilhariam dados com a FAA sobre quais níveis de energia planejam usar e como isso será direcionado. Esta informação poderia ajudar a FAA a personalizar NOTAMs específicos para aeroportos e até mesmo para aproximações, em vez de exigir um NOTAM geral que afete todos os aeroportos nas regiões da implementação da rede 5G na Banda C.
No entanto, ainda paira muita incerteza sobre os dados disponíveis e quão expansivas essas restrições serão, levando uma coalizão de organizações/entidades de aviação a reiterar: “O tempo está se esgotando antes que milhões de viajantes aéreos e o público de transporte experimentem interrupções significativas, como atrasos em voos, vôos cancelamentos e reveses para a já estressada cadeia de suprimentos”.
A declaração conjunta – da Airline Pilots Association, Airlines for America, Aircraft Owners and Pilots Association (AOPA), Experimental Aircraft Association (EAA), Helicopter Association International, International Air Transport Association (IATA), NBAA e da Regional Airline Association – adicionou: “Imploramos a FCC [Federal Communications Commission] FAA e NEC [National Economic Council – Conselho Econômico Nacional] para continuar discussões significativas de boa fé e para identificar mitigações e alcançar um plano de implementação bem-sucedido que garantirá que novas tecnologias 5G possam coexistir com segurança com a indústria de aviação”.
Walter Desrosier, vice-presidente de manutenção e engenharia da General Aviation Manufacturers Association (GAMA) que também permaneceu intimamente envolvido nas deliberações em torno do lançamento e implementação da rede 5G, reiterou as preocupações de que uma proibição de operações CAT II/CAT III e grandes cidades poderia ter um efeito incapacitante em todo sistema de transporte aéreo nacional.
Embora acredite que a situação não será permanente – observando que, uma vez da obtenção dos dados necessários, a indústria poderá desenvolver salvaguardas adequadas para os equipamentos afetados – Desrosier também expressou uma preocupação com os principais fatores humanos como resultado da situação: os pilotos deixarão de confiar em seus instrumentos em aproximações e pousos.
Desrosier também levantou a preocupação de que esta primeira fase envolva apenas transmissões de baixa potência, o que é mais possível nas principais áreas metropolitanas, onde já existem saídas de sinal significativas. Mas, uma vez que a 5G na Banda C se espalhe por todo o país, as torres nas áreas rurais exigirão uma produção muito maior, possivelmente criando maiores ameaças.
A FCC concedeu espectro de rádio na Banda C para transmissões 5G para provedores de telecomunicações no início deste ano, apesar das objeções da indústria e das preocupações levantadas pela FAA e pelo Departamento de Transporte (DOT) e do Congresso.
O Canadá também aprovou a rede 5G na Banda C, mas restringe seu uso perto de 26 aeroportos e implementou outras medidas para garantir a segurança da aviação.
“É muito frustrante e decepcionante que um nível de coordenação simplesmente não existisse” enquanto as aprovações estavam sendo feitas”, disse Desrosier.
Em um artigo recente, os especialistas em operações de aviação OpsGroup escreveram: “O grande problema em tudo isso é a falta de informações sobre quanta interferência realmente ocorrerá. Não está claro quais aeroportos serão afetados ou em que grau os equipamentos podem ser interrompidos, porque isso depende da localização e da força dos sinais”.
As medições da RTCA encontraram altos níveis de imprecisão para “falha total” de rádio-altímetros podem ser antecipados como resultado de emissão de sinal 5G. Até que as torres de telecomunicações sejam ativadas, acrescentou, “é difícil saber”. E embora o foco tenha sido nos rádio-altímetros, “não se sabe o que mais pode ser afetado, então a tripulação terá que estar mais vigilante de seus instrumentos”.
O OpsGroup aconselhou os operadores a verificar NOTAM e permanecer cientes da potencial interferência de instrumento.
As organizações e entidades de aviação apresentaram sugestões de medidas preventivas e mitigações para garantir a segurança operacional mas limitante do impacto nas operações. “Acreditamos fortemente que, trabalhando juntos, esses grupos podem criar uma situação de ganho mútuo para todas as partes interessadas – a indústria de telecomunicações, a indústria de aviação e, mais importante, os milhões de clientes que dependem de nossos serviços todos os dias em todo o país”, declararam as organizações/entidades. [EL] – c/ fontes