INFRAERO deve cortar 1,5 mil funcionários em PDV, de um quadro atual de 2 mil – com reestruturação após a conclusão do processo burocrático que envolve a 7ª rodada de concessões de aeroportos, diz Juliano Noman, da SAC, em 25.04.23
Fonte: Reuters/g1 – 24/04/2023
A INFRAERO deve cortar 1,5 mil funcionários após a conclusão do processo burocrático que envolve a 7ª rodada de concessões de aeroportos, disse o secretário de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos, Juliano Noman, nesta segunda (24). Segundo Noman, a reestruturação será feita por meio do Programa de Demissão Voluntária (PDV). Com isso, o quadro de funcionários deve ser reduzido de 2 mil para 500.
A sétima rodada de concessões foi realizada em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro, e incluiu a concessão do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
“Na concessão da sétima rodada é previsto um valor para pagar o PDV da INFRAERO”, disse, em evento no Rio de Janeiro, acrescentando que esses recursos já foram depositados. “A empresa já tem dinheiro em caixa para seguir com o PDV. O planejamento é que, dos 2 mil funcionários, sobrem 500. E aí, com 500 funcionários e com o Santos Dumont, a empresa seria totalmente sustentável”, afirmou ele.
O aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, chegou a ser listado para a 7ª rodada, mas foi retirado posteriormente por temores de efeitos de concorrência predatória sobre o aeroporto de Galeão, também no Rio.
Após a conclusão de todo processo burocrático de concessão dos terminais da sétima rodada, o Santos Dumont será o único aeroporto sob administração plena administração da INFRAERO, que também mantém participação minoritária em terminais licitados a iniciativa privada.
A estatal tem ainda contratos de prestação de serviços para dez aeroportos regionais, segundo o secretário. Essa “Nova” INFRAERO terá como papel primordial o estímulo a aviação regional do Brasil.
“O governo quer direcionar e organizar a Infraero para ter um papel relevante na aviação regional. Com os recursos recebidos dos grandes aeroportos, financiar operação e construção em locais menos providas de infra estrutura”, disse ele.
Representantes dos governos da cidade e do Estado do Rio de Janeiro vão ter uma reunião com o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), para tratar do esvaziamento do aeroporto do Galeão.
Autoridades do Rio afirmam que o Santos Dumont teve em 2022 uma movimentação de cerca de 10 milhões de passageiros, acima da capacidade total do aeroporto.
A concessão do Galeão ocorreu em 2013, no governo Dilma Rousseff, após um lance vitorioso de R$ 19 bilhões. A concessão tem prazo até 2039, mas a operadora Changi chegou a manifestar interesse de devolver o terminal em razão da falta de perspectiva de demanda. A empresa de Cingapura teria voltado atrás e, agora, aguarda o resultado das negociações entre os governos.
O governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes disseram, nesta segunda dia 24, que, se não houver uma solução para a crise envolvendo o Galeão, poderão tomar medidas contra o Santos Dumont.
“Esse tema já foi debatido em demasia. O aeroporto [Santos Dumont] tem que ter sua capacidade limitada a 6 milhões de pessoas. Ponto final. O Galeão é que tem que ser o hub do Rio”, disse Paes. “Um não pode canibalizar o outro”, acrescentou.
Castro disse que se ele e Paes saírem da reunião com o ministério e perceberem “que não há vontade de resolver, nós dois vamos reunir nossa equipe para saber que medidas tomar”. “Mas, como disse, a gente não quer que essa reunião de amanhã se torne uma faca no pescoço”, afirmou o governador.