Inserção do percentual de mistura de biodiesel no diesel, no Brasil, motiva indústria não somente para a produção do biodiesel mas também para novidades mais avançadas que tendem a ganhar força no país, incluindo o SAF, em 04.07.23
Fonte: InfoMoney – 03/07/2023
O aumento de 10% para 12% do percentual de mistura de biodiesel no diesel (B12) – vendido no país, em março, renovou o ânimo dos produtores do biocombustível, que terão a possibilidade de reduzir a ociosidade de suas fábricas e ampliar a receita com as vendas em 2023.
Investimentos em novas unidades, porém, ainda dependem da retomada efetiva do cronograma de elevação da mistura, deixado de lado nos últimos anos por causa, sobretudo, de preocupações do governo de Jair Bolsonaro com a inflação.
A capacidade de produção atual das 59 plantas em operação no país chega a 13,9 bilhões de litros.
Pelo cronograma original do governo, o percentual de mistura já devia ter chegado a 15% (B15) neste ano, mas houve inclusive redução, de 12% para 10%, patamar que prevaleceu em 2022. Agora, o B15 deverá chegar em 2026, ano em que a produção total poderá alcançar 10,4 bilhões de litros, conforme a APROBIO (Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil), que representa empresas como Be8, 3tentos (TTEN), Minerva (BEEF) e Caramuru.
“O biodiesel não pode ser encarado apenas como um combustível. É preciso entende-lo como um fator de limpeza da matriz energética, com potencial para preservar o ambiente e a saúde das pessoas. O novo governo tem sinalizado que tem esse entendimento”, afirma Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da APROBIO.
Algumas fontes do segmento acreditam que uma elevação da mistura para 13% poderá ocorrer ainda neste ano, mas a tendência é que isso aconteça em 2024.
Assim, novos investimentos em produção tendem a demorar um pouco mais para sair do papel.
Há na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 10 pedidos de autorização para a ampliação da produção, que somam 678 milhões de litros adicionais, e mais 11 pedidos de construção de novas unidades, com mais 1,5 bilhão de litros no total.
Mas, enquanto novos projetos para ampliação de produção e de novas unidades de produção não saem do papel, outros projetos relacionados ao biodiesel estão em andamento.
A Be8 (antiga BSBios) é a empresa que liderou as vendas de biodiesel no país no ano passado. A Be8, por exemplo, assinou recentemente um protocolo de intenções com o governo do Paraná para construir uma nova esmagadora de soja no município de Marialva, onde a empresa já conta com uma fábrica de biodiesel. Os aportes na planta, que poderá entrar em operação em fevereiro de 2025, poderão chegar a R$ 1,5 bilhão. Além de processar a soja em grão para a produção de farelo, destinado principalmente à indústria de aves e suínos, a unidade produzirá óleo de soja, matéria-prima de mais de 70% do biodiesel fabricado no Brasil.
“Depois da redução da mistura e da alta de juros, o projeto ficou na gaveta. A volta do B12 e a perspectiva de chegarmos ao B15 em 2026, com apoio do governo, destravou nossos planos”, afirma Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8. “Além do aumento da mistura, também estamos fazendo mais esforços para ampliar as exportações e inserir o Brasil no mercado global”, diz Battistella. Segundo o empresário, essa inserção é importante para o biodiesel e também para novidades mais avançadas que tendem a ganhar força, como o combustível sustentável de aviação (SAF).