Lideranças da indústria da fabricação de aeronaves executivas debatem na EBACE ações em curso e por implementar para a sustentabilidade e para alcançar meta de “emissão zero”, em 10.06.24


Na recente feira da aviação executiva EBACE 2024 (entre os dias 27 e 30 de maio), foi realizado no dia 27 um painel de debate de líderes de fabricantes de aeronaves executivas sobre o progresso da indústria em sustentabilidade e alcançar metas líquidas zero até 2050. Este painel, as discussões empreendidas, foi objeto de um artigo no dia 28 por Curt Epstein, editor-sênior da mídia AIN com título “Bizav industry needs to stay the course toward Net Zero” (A indústria da aviação executiva precisa manter o rumo em direção à Emissão Zero).

O painel de debate contou com as seguintes participações de lideranças da indústria da fabricação de aeronaves executivas:
– Chadi Saade, presidente da ACJ – Airbus Corporate Jets (Airbus Jatos Corporativos);
– Joe Benson, presidente da BBJ – Boeing Business Jets (Boeing Jatos Executivos);
– Carlos Brana, vice-presidente executivo de aviação civil da Dassault Aviation;
– Michael Amalfitano, presidente da EEJ – EMBRAER Executive Jets (EMBRAER Aviação Executiva); e,
– Ron Draper, presidente e CEO da Textron Aviation.

Epstein inicia artigo reproduzindo fala do “âncora” do espaço Sky News Jonathan Samuels, que moderou o painel de debate sobre sustentabilidade e percepção da indústria, com um almoço de imprensa dos jornalistas da EBACE: “A indústria da aviação executiva está numa posição única, é adaptável, é ágil, é uma das primeiras a adotar a inovação, mas também está na mira de muitos ambientalistas”.

De acordo com Epstein, na sequência Samuels descreveu a meta da indústria de zero emissões líquidas até 2050 como “um tiro para lua”. Mas a sua pergunta ao painel sobre se isso era viável foi recebida com acordo unânime.

“Acho que há alguns anos o setor da aviação era comumente descrito como bastante difícil de descarbonizar, mas as coisas mudaram nos últimos anos”, disse Saade, da ACJ. “Se você me perguntar o que está por trás disso, eu mencionaria três coisas: a primeira é a tecnologia, a segunda é a colaboração e a terceira seriam as regulamentações”, ele emendou.

Saade destacou os desenvolvimentos tecnológicos que levaram a uma redução de 25% no consumo de combustível nas aeronaves da Airbus devido [1] aos avanços nos motores, [2] a utilização de combustível de aviação sustentável e [3] investimento na investigação do hidrogênio.

Em termos de colaboração, Saade explicou que nenhuma empresa pode enfrentar este desafio sozinha e todos devem trabalhar num ecossistema que inclui aeroportos, produtores de energia (no caso, de combustíveis e outras fontes de energia de motores aeronáuticos) e fabricantes de motores, todos os quais têm um papel a desempenhar. Saade também pediu regulamentações internacionais para incentivar a produção e a aceitação de produtos.

Draper, da Textron, afirmou que faltam mais de 25 anos para que as metas sejam alcançadas e ele espera que o ritmo crescente dos investimentos produza benefícios. “Esta indústria nas últimas décadas reduziu as emissões em 40% apenas tentando impulsionar um pouco mais de eficiência de combustível e aerodinâmica, e na propulsão de motores a jato, sem o montante de investimento que está sendo investid0 na indústria hoje”. Draper disse que acredita que a tecnologia que amadurecerá nas próximas duas décadas irá acelerar essa mudança e acrescentou com uma indagação provocativa: “Mesmo que não alcancemos [emissão zero], mas cheguemos muito perto, isso ainda não seria um sucesso para a indústria e o mundo?”.

Benson, da BBJ, disse: “demora um pouco para projetar e testar novas tecnologias e depois implementá-las em seus produtos e serviços”, ele acrescentando que a Boeing foi selecionada no ano passado pela NASA para servir com seu demonstrador de vôo sustentável, sendo o “X-66” o primeiro da série X (X Series) para apoiar especificamente as ambições líquidas zero da indústria. A aeronave utiliza uma arquitetura de design radical, deverá voar em 2028 e poderá proporcionar ganhos de até 30% em eficiência de combustível.

Embora observando que não existe uma solução única para o problema das emissões de carbono, Amalfitano, da EMBRAER, opinou: “Investir em combustível de aviação sustentável [SAF] e a criação de caminhos adicionais para levar esse combustível ao mercado será o que fará a maior diferença entre agora e 2050”.

A fabricante brasileira anunciou, na semana antecedente à EBACE, um novo acordo com o fornecedor de combustível Avfuel, que aumentará as entregas de SAF para sua sede no EUA em Melbourne, Flórida, para um “caminhão por semana”, o suficiente para atender 25% de suas necessidades de combustível de aviação. Na viagem para a EBACE, as aeronaves da EMBRAER usaram book-and-claim para comprar créditos de SAF para suas aeronaves demonstração, que foram exibidas na feira, e foram abastecidas com SAF em Genebra (Suíça).

Amalfitano disse que o custo do SAF está caindo, sendo agora cerca de 1,5 vezes o preço (de rampa) do JET-A e que espera que o preço continue caindo para melhorar essa equação. Amalfitano acrescentou que cada fabricante e os seus fornecedores devem fazer a sua parte para fazer investimentos reais para que os seus clientes, decisores políticos, reguladores e partes interessadas vejam o progresso que estão a fazer em direção à descarbonização.

“Não é apenas no ar que podem ser realizadas melhorias nas emissões, segundo Brana, da Dassault. “Por exemplo, quando pousam, têm tempo para serem rebocados eletricamente até ao seu [lugar de parqueamento]”, Brana observou. Ele observou que poderia ser feito mais uso de APU elétrico para alimentar aeronaves em solo, e isso é algo que a Dassault está avaliando com a Autoridade Aeroportuária de Paris.

“O que vocês estão vendo ao longo desta semana é a profundidade, a amplitude e a imaginação que estão sendo utilizadas para fazermos algo que é realmente audacioso: emissões líquidas zero até 2050, mas somos uma indústria que tem um histórico disso”, concluiu o presidente da NBAA, Ed Bolen. [EL] – c/ fonte