Líderes debatem preocupações recentes da indústria da aviação executiva em painel de discussão no JetNet Summit 2025, em 11.09.25


Em post no dia 10 na plataforma online da AIN, a editora da revista mensal da mídia Kerry Lynch repercutiu preocupações recentes da indústria da aviação executiva apresentadas em painel de discussão da edição 2025 do seminário da provedora de inteligência da aviação JetNet que aconteceu nessa semana em Washington, D.C. (EUA).  

Embora do algum progresso para evitar tarifas sobre produtos importados, incluindo aeronáuticos, do “tarifaço” geral anunciado pelo EUA – pelo governo Donald Trump -, aplicáveis a muitos países exportadores, como Brasil, Canadá, França e Suíça, executivos da aviação de negócios clamaram que todo o setor mantenha a pressão para alcançar tarifas zero, numa chamada de líderes durante o JetNet Summit 2025.

No seminário, o presidente e CEO da NBAA (associação da aviação executiva americana), o chairman da EBAA (associação da aviação executiva européia), Jürgen Wiese, e o presidente e CEO da GAMA (associação de fabricantes da aviação geral), James Viola, compuseram um painel de discussão, moderado por Kurt Edwards, diretor geral da IBAC (Conselho da Aviação Executiva Internacional), que discutiu uma série de questões críticas de advocacia para a setor da aviação executiva.

“Temos que manter essa questão [tarifas nas importações pelo EUA] em primeiro plano e não desistir”, disse o presidente e CEO da NBAA, Ed Bolen. “Cuidamos de algumas coisas e vamos cuidar de outras. Isso precisa continuar em primeiro plano, e depende de nós manter essa pressão”, acrescentou Bolen.

Quanto às tarifas, Bolen observou que o setor está unido nessa questão, mas ressaltou a dificuldade de discutir o assunto com a Casa Branca. E reconhecer que tem sido difícil identificar os pontos de alavancagem para defender sua causa. “Sabemos que está no poder executivo. É este departamento ou aquele departamento? Quem é realmente o consultor comercial? É interno à Casa Branca?”, Bolen discorreu.

Bolen destacou que o Secretário de Transportes do EUA, Sean Duffy, se pronunciou sobre o assunto e destacou que as tarifas podem impactar a segurança. “Mas ainda há muito trabalho a ser feito”, Bolen reconheceu.

Viola acrescentou que essa questão já dura muito mais do que o previsto. “Alguém mencionou que isso acabaria em abril. Depois, acabaria em julho, depois em agosto e agora estamos em setembro”, Viola destacou.

Os membros da GAMA compartilharam suas preocupações durante as 110 reuniões separadas no Capitólio. “Conversamos com os congressistas e as congressistas, e todos percebem que a aviação é especial”, Viola explicou.  O líder da GAMA disse que há amplo consenso sobre a conveniência de se manter o Acordo sobre Comércio e Aeronaves Civis de 1979 para tarifas zero sobre produtos de aviação.

Viola destacou acordos que estão sendo implementados, como o pacto de tarifa zero com o Reino Unido. “Acreditamos que está caminhando na direção certa”.

Bolen concordou e disse que a esperança é que tais acordos criem precedentes, aproximando o setor de onde estava sob o acordo de 1979. “É um campo de jogo recíproco, plano e justo, e nesse campo de jogo, o EUA domina. Eles dominam”, acrescentou Bolen, observando que o EUA tem seis vezes mais exportações aeroespaciais do que importações. “Estamos vencendo … Trata-se de transmitir a mensagem e ser capaz de dizer a mesma coisa repetidamente de maneiras diferentes e, no nosso caso, de diferentes aspectos da aviação. E sabemos que temos a razão do nosso lado”, falou Bolen.

Edwards (diretor geral da IBAC) observou que as tarifas tiveram “efeitos abrangentes em todo o mundo”.

Edwards acrescentou, no entanto, que na Europa, a aviação executiva enfrenta alguns desafios fundamentais, como proibições temporárias de operações em determinados aeroportos ou mesmo países.

O chairman da EBAA Jürgen Wiese alertou sobre os casos recentes de proibições para a aviação executiva na Europa.

Wiese citou um caso semelhante no início de julho, quando o governo francês proibiu a atividade da aviação executiva em Paris e Nice durante uma greve de controladores de tráfego aéreo. “Eles argumentaram que, obviamente, precisavam da capacidade disponível para as operações aéreas [transporte comercial], o que, segundo eles, é mais benéfico para a sociedade e ao qual, obviamente, nos opomos”, destacou Wiese.

Após a crise, as chegadas no Aeroporto de Nice Côte d’Azur foram reduzidas até outubro, com as autoridades alegando falta de pessoal, disse Wiese, acrescentando, na realidade, que “não se sabe quanto tempo isso vai durar”.

A EBAA está na segunda fase do ingresso de uma ação judicial no Tribunal Constitucional Francês, buscando impedir que as operações sejam bloqueadas dessa forma. “Isso é contra a Constituição francesa”, argumentou Wiese. “Queremos evitar os precedentes e, como é isso que vemos agora, talvez seja o precursor de outros países seguirem o exemplo com base na capacidade de hoje, no ambiente de amanhã e em quaisquer razões que sejam usadas para prejudicar a aviação executiva”, justificou Wiese.

Com sede em Bruxelas (Bélgica), a EBAA, está trabalhando com sua representação francesa  bem como com a comunidade local, para combater as restrições em vigor. “Também contamos com a adesão de FBO, operadores e até mesmo do aeroporto de Nice, que, na verdade, não quer que isso seja implementado pela organização de controle de tráfego aéreo e pela DGAC francesa. Portanto, essa é uma ótima coalizão agora. Tudo custa dinheiro, então unimos forças”, falou Wiese.

OACI avaliará interferência no sistema de navegação GNSS – em nível global, Edwards (diretor geral da IBAC) afirmou que a OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) está se preparando para a assembléia trienal que ocorrerá no final deste mês, quando todos os 93 Estados-signatários se reunirão.

Observando uma miríade de questões enfrentadas pela assembléia neste ano, Edwards acrescentou que um tópico importante será a interferência de radiofrequência no sistema de navegação por satélite (GNSS).

“É uma questão técnica, em grande parte porque as pessoas querem descobrir como impedir isso, como lidar com isso ou como permanecer resilientes diante desses tipos de tentativas de interferência e falsificação. Não há solução neste momento”, Edwards disse.

Edwards prevê que a assembléia provavelmente incumbirá a OACI de recorrer a especialistas de todo o mundo para “resolver isso”. Ele acrescentou que, embora seja uma questão técnica, também é uma questão política. “Acabamos de ver um documento saindo do Conselho [IBAC] que busca condenar a Rússia por seus esforços de falsificação e bloqueio de sinais de satélites.

Os Estados da Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia encontraram evidências de que a Rússia vem tentando interferir e falsear aeronaves em seu espaço aéreo. Portanto, esta será uma grande questão política, bem como técnica, à medida que nos aproximamos desta grande reunião de 22 de setembro”, apontou Edwards.

O IBAC tem representação no painel de segurança da aviação e no mais recente painel de segurança cibernética, que se aprofundarão nessas questões. [EL] – c/ fonte