Mercado de jatos executivos estável em direção a 2025, com fabricantes encerrando o ano com robustas carteiras de pedidos, apontam analistas de mercado, em 06.12.24
No dia 02, o editor-sênior da mídia AIN Curt Epstein escreveu artigo para repercutir as visões do mercado em 2024 e as previsões para 2025 de analistas da indústria da aviação executiva.
A partir de um apanhado entre analistas, Curt Epstein escreveu que, à medida que a indústria da aviação executiva continua a se recuperar da fase pós-Covid, as principais previsões estão apontando crescimento para a indústria. No entanto, alguns obstáculos de curto prazo forçaram um ligeiro rebaixamento nos totais de entrega anuais previstos pelas fabricantes de aeronaves.
“Ajustamos nossa previsão de entrega de jatos executivos na JetNet iQ para baixo para o ano de 2024 para refletir entregas mais lentas do que o planejado [do Gulfstream] G700 e a greve que afetou a Textron Aviation“, disse Rolland Vincent, presidente da Rolland Vincent Associates e fundador/diretor da plataforma de inteligência de dados JetNet iQ. “Juntos, estimamos que um total de 33 jatos irão de 2024 para o próximo. Enquanto prevíamos um aumento de 11% nas entregas de jatos em 2024, agora estimamos que as remessas de jatos serão de aproximadamente 775 unidades [implicando uma redução de 4,1%]”.
Esse total — o maior valor desde o pré-Covid 2019 — ainda representa um aumento de 6,2% (45 unidades) em relação às entregas de 730 jatos de 2023 em todo o espectro, variando de jatos leves até jatos do transporte comercial convertidos para aeronave executiva, observou Vincent.
“Se há boas notícias nesses atrasos de entrega, é que acreditamos que a perspectiva para 2025 melhorou — reforçamos as entregas do ano que vem, pois não acreditamos que esses atrasos estejam fazendo com que os clientes cancelem seus pedidos”, disse Vincent para a AIN. Vincent espera que todas as principais fabricantes de aeronaves terminem o ano com relação book-to-bill igual ou superior a 1:1.
Embora os problemas da cadeia de suprimentos que atormentaram as linhas de montagem de estruturas de aeronave nos últimos anos estejam diminuindo, estes ainda não estão totalmente resolvidos – uma situação que continua a moderar o ritmo de produção.
“Fomos um pouco prejudicados entre 2020 e 2023 por causa das restrições da cadeia de suprimentos”, disse Kevin Schwab, engenheiro de sistemas da Honeywell e analista-chefe da pesquisa anual de operadores de jatos executivos lançada recentemente pela fabricante. “Estamos vendo algumas melhorias na cadeia de suprimentos, e isso está permitindo que as fabricantes tenham esses aumentos na taxa de produção”, completou Schwab.
Ron Epstein, diretor administrativo da divisão Global Research (pesquisa global) do Bank of America Merrill Lynch, observou que a situação não se limita apenas à aviação executiva. “Não é apenas esta indústria; toda a indústria aeroespacial e de defesa é limitada”, apontou Ron Epstein. “Você tem uma indústria que é limitada do ponto de vista de mão-de-obra e tem várias restrições na cadeia de suprimentos, então acho que a boa notícia é que ninguém pode produzir em excesso”, completou Ron Epstein.
Foi essa situação que levou a GAMA – General Aviation Manufacturers Association (associação de fabricantes da aviação geral) a emitir seu Aerospace Supply Chain Resiliency Task Force Report (Relatório da Força-Tarefa de Resiliência da Cadeia de Suprimentos Aeroespacial) ao Congresso no mês passado. O relatório da GAMA determinou que, entre outros fatores, a cadeia de suprimentos aeroespacial do EUA “é vulnerável à escassez de mão de obra, obstáculos em materiais críticos e ao vigor da infraestrutura de suporte”, acrescentando: “investimentos nessas três áreas, muito além dos níveis atuais, serão necessários para garantir que a cadeia de suprimentos aeroespacial seja capaz de operar na presença de interrupções na cadeia de suprimentos”.
O relatório observou que, embora a escassez global de força de trabalho esteja no horizonte há décadas, a pandemia da Covid-19, a “grande renúncia”, uma indústria em constante expansão, ciclos econômicos que incentivam a aposentadoria precoce e desafios de retenção serviram para exacerbar os problemas da força de trabalho, levando à pressão em toda a cadeia de suprimentos.
“Para nós na Alemanha, não é necessariamente mão de obra”, disse Frank Moesta, vice-presidente sênior de estratégia e programas futuros da Rolls-Royce Deutschland. “Temos o mecânico, temos o equipamento; é só que quando você não consegue peças, você não consegue construir motores”.
Apesar, ou como resultado, desses ventos contrários, Vincent observou que a carteira de pedidos (backlog) do setor ficou em aproximadamente US$ 50 bilhões nos últimos três anos. “Não estamos limpando a backlog, mas a boa notícia é que ele está se mantendo”, afirmou Vincent.
Na pesquisa JetNet iQ do terceiro trimestre, Vincent observou um grande pessimismo entre seus entrevistados, com a pontuação de otimismo líquido do setor sendo a mais baixa desde o início da pandemia de Covid no segundo trimestre de 2020. A América do Norte liderou a queda, provavelmente devido ao nervosismo pré-eleitoral no EUA. Com base nos dados históricos da pesquisa, a incerteza foi vista no terceiro trimestre em cada um dos últimos dois anos eleitorais, mas se recuperou após os resultados das eleições serem certificados.
Para a previsão anual de 10 anos deste ano, a JetNet prevê entregas de 8.600 jatos executivos com valor total de US$ 262 bilhões. Na mesma década, a previsão adicionou 4.300 turboélices a US$ 25 bilhões até 2033. Assim, a JetNet prevê, em 10 anos, entregas de 12.900 aeronaves à turbina com valor de US$ 287 bilhões.
Na sua projeção de mercado mais recente, divulgada em outubro no início da feira de aviação executiva NBAA-BACE, a Honeywell Aerospace foi um pouco mais conservadora, prevendo a entrega de 8.500 novos jatos executivos no valor de US$ 280 bilhões na próxima década, e quebrando o limite de entrega de 900 unidades por ano pela primeira vez desde 2008 no final da janela de previsão.
“A indústria da aviação executiva está em um período prolongado de crescimento saudável, e não vemos essa tendência positiva mudando tão cedo”, disse Heath Patrick, presidente da Honeywell Aerospace Technologies para o mercado de reposição das Américas. “A aviação executiva continua a ver mais usuários e, como resultado, os fabricantes estão aumentando a produção para acompanhar o ritmo da crescente demanda, uma tendência que esperamos que continue no futuro previsível”, disse Patrick.
No ano que vem, a Honeywell Aerospace prevê 16% mais entregas de jatos executivos do que em 2019, antes da Covid. Na próxima meia década, a pesquisa da Honeywell prevê que jatos de cabine larga serão responsáveis por um terço (33%) do total de entregas e dois terços (67%) do valor total da receita.
Em termos de onde as entregas são previstas nos próximos cinco anos, na previsão da Honeywell Aerospace, a América do Norte deve receber dois terços (67%) do total de aeronaves entregues, seguida da Europa com 13%, seguida da América Latina com 10%, da Ásia-Pacífico com 7% e os 3% restantes para o Oriente Médio.
Embora o mercado de aeronaves usadas tenha “esfriado” um pouco desde os estoques recordes de 2021 e 2022, a Honeywell observou que os valores dos jatos usados permanecem fortes em comparação com os preços da década anterior. O relatório da Honeywell Aerospace prevê que, embora o estoque deva continuar a aumentar lentamente, os preços devem permanecer estáveis. Os operadores na pesquisa observaram que esperam depender mais fortemente do mercado de usados para expandir suas frotas do que nos anos anteriores.
Vincent observou a estabilização contínua no mercado de jatos usados, já que algumas aeronaves jovens começaram a aparecer no mercado pela primeira vez em vários anos. “O mercado está se movendo e está se normalizando de volta para 7 a 8% da frota [disponibilidade]”, observou Vincent. “Queremos começar a ver números como esse porque, com as carteiras de pedidos de dois anos, [os usados] são outra maneira de atrair pessoas para o setor”, disse Vincent. [EL] – c/ fonte