Mídias de aviação repercutem decisão da Textron de encerramento de produção dos modelos Beechcraft a pistão – monomotor Bonanza G36 e bimotor Baron G58, em 23.11.25


Mídias de aviação repercutiram nos dias 20 e 21 a decisão da fabricante americana Textron Aviation do encerramento de produção dos modelos Beechcraft a pistão – monomotor Bonanza G36 e bimotor Baron 58 -, com a retirada dos modelos da página de produtos no portal da fabricante, divulgada por distribuição no mercado por correspondência eletrônica por portavoz da fabricante de um comunicado formal no dia 20.

No dia 20 (com atualização no dia 2), Russ Niles, editor-chefe da mídia digital AvBrief fez post com título “Textron ends Bonanza, Baron production: support to continue” (Textron encerra produção Bonanza-Baron: suporte vai continuar).

No post, Niles informa que a Textron confirmou no dia 20 que está encerrando a produção dos modelos Beechcraft com motorização a pistão, para concentrar-se no novo modelo monomotor turboélice Beechcraft Denali.

Em resposta a uma consulta da AvBrief, motivada por um leitor atento que notou a remoção dos modelos Bonanza e Baron da linha de produtos da Textron em seu site, um porta-voz da fabricante emitiu a seguinte declaração.

“Como parte do plano de investimento em produtos da Textron Aviation, a empresa encerrará a produção dos modelos Beechcraft Baron G58 e Beechcraft Bonanza G36 assim que todos os pedidos atuais forem atendidos. Conhecidos por sua potência e qualidade de fabricação, os aviões Baron e Bonanza têm sido pilares da liderança da empresa no mercado de aeronaves a pistão por quase oito décadas. Mais de 6.000 aeronaves Baron e 18.000 Bonanza foram entregues em todo o mundo. Este mês de dezembro marcará o 80º aniversário do primeiro vôo do Beechcraft Bonanza, um testemunho da importância da aeronave na história da aviação. Essa mudança estratégica permitirá que a Textron Aviation se concentre na incorporação do Beechcraft Denali ao seu portfólio de produtos, enquanto avalia cuidadosamente os investimentos futuros nesse segmento”.

O líder da maior organização de entusiastas de organização tipo Beechcraft Bonanza afirmou que executivos da Textron garantiram que a fabricante continuará fabricando peças e prestando suporte para os até 13.000 aparelhos Bonanza e Baron ainda em operação, após a decisão da fabricante de descontinuar a produção da icônica linha de avião a pistão.

Tom Turner, diretor executivo da American Bonanza Society Air Safety Foundation, disse à AvBrief que não ficou surpreso com a notícia no dia 20, considerando as baixas vendas de ambas as aeronaves nos últimos anos, mas a promessa de suporte contínuo garante que a frota existente “tenha um futuro promissor”.

De acordo com a GAMA – General Aviation Manufacturers Association, a Textron entregou cinco aviões Bonanza e dois Baron em todo o ano de 2024, somando 7 aviões, e quatro Bonanza e dois Baron no primeiro semestre de 2025, somando 6 aviões.

Turner também observou que a Textron subestimou em alguns milhares os números totais de produção da aeronave em seu comunicado. “A Beechcraft produziu um total de 26.165 aeronaves da família Bonanza, incluindo: 17.170 Bonanza (modelos 35, 36 e Bonanza 33); 1.297 Debonair (Debonair 33); 6.978 Baron (modelos 55, 56 e 58) e 720 Travel Air”.

Para uma versão anterior da matéria, a Textron afirmou incorretamente que mais de 3.000 aviões Baron haviam sido produzidos. Na verdade, como explicado em post da American Bonanza Society, Tom Turner, a Textron e suas antecessoras construíram mais de 6.000 aviões Baron. Niles então corrigiu a informação da declaração da Textron para divulgar esse número.

No dia 21, Jim Moore, editor-chefe de mídia digital da AOPA, fez post com título “Textron halts Bonanza, Baron lines” (Textron suspende linhas de produção Bonanza e Baron). Moore inicia o post escrevendo que, oito décadas após o primeiro voo do Beechcraft Bonanza, a Textron Aviation confirmou que a produção do venerável monomotor de seis lugares — juntamente com a de seu “irmão” bimotor a pistão, o Baron — será encerrada em breve.

Moore informa que porta-voz da Textron Aviation enviou um comunicado por email em 20 de novembro da decisão da suspensão das linhas de produção linhas de produção Bonanza e Baron, após as páginas de ambos os modelos a pistão terem sido removidas do site da fabricante. E que o comunicado como uma “mudança estratégica” que “permitirá à Textron Aviation se concentrar na incorporação do Beechcraft Denali ao seu portfólio de produtos, enquanto avalia cuidadosamente os investimentos futuros nesse segmento”.

Moore apresenta que os relatórios anuais de entregas de aeronaves da GAMA – General Aviation Manufacturers Association (Associação de Fabricantes de Aviação Geral) mostram que as vendas de ambos os modelos diminuíram drasticamente nos últimos anos: 13 aviões Bonanza e 23 aviões Baron, somando 36 aviões, foram entregues em 2017, antes que as entregas de ambos os modelos parassem completamente durante a pandemia de COVID-19, com nenhuma entrega em 2021, o mesmo ano em que a Textron Aviation anunciou, em comemoração ao 75º aniversário, que uma edição especial do Bonanza estaria disponível para entrega em 2022, com aviônica modernizada e um esquema de cores retrô. Apenas três aviões Bonanza, e nenhum Baron, foram vendidos em 2022, seguidos por cinco unidades de cada modelo (somando 10 aviões) em 2023, e depois cinco Bonanza e dois Baron (somando 7 aviões) em 2024.

Moore observou que Tom Turner, diretor executivo da American Bonanza Society Air Safety Foundation, escreveu que a Textron Aviation garantiu à organização de entusiasta do modelo que continuará fornecendo peças e suporte de engenharia para ambos os modelos.

“Com o suporte contínuo de peças da Textron Aviation, o amplo mercado de peças de reposição que cresceu em torno da linha de produtos ao longo das décadas, a paixão dos proprietários de Beechcraft e o apoio da American Bonanza Society e da ABS Air Safety Foundation, os Bonanza, Debonair, Baron e Travel Air ainda têm um futuro longo e promissor”, escreveu Turner.

No post, Moore dedicou espaço para divulgar o modelo Bonanza.

Foto por Chris Rose/AOPA

O Bonanza modelo 35 original voou pela primeira vez em 22 de dezembro de 1945, a manifestação do desejo de Walter Beech de aplicar os avanços aeronáuticos militares alcançados durante a Segunda Guerra Mundial a um modelo civil que tinha seis assentos, ostentava velocidade superior e “conquistou a aviação geral como um vendedor de compartilhamento de tempo conquista um grupo de turistas”, de acordo com o guia de aeronaves da AOPA.

Derivados incluíram o modelo 33 Debonair, lançado em 1960, e uma versão militar adaptada para missões de vigilância durante a Guerra do Vietnã, o QU-22B Pave Eagle, que combinava a fuselagem de um Bonanza com as asas e o trem de pouso de um Baron.

Adrian Eichhorn deu a volta ao mundo de leste a oeste, circunavegou a Terra em 2016 e sobrevoou o Pólo Norte em 2021 em seu P-35 Bonanza. Eichhorn foi mentor de Shinji Maeda, outro viajante que deu a volta ao mundo de leste a oeste em um Bonanza quase idêntico naquele mesmo ano.

Assim, a produção histórica do Beechcraft Bonanza terminará quando os últimos pedidos forem atendidos, conforme o comunicado da Textron Aviation por email em 20 de novembro.

O bimotor Baron completou 50 anos de produção em 2010 (quatro anos antes da Beechcraft ser adquirida pela Textron) com uma edição comemorativa do G58, que contava com suíte aviônica Garmin G1000 e radar meteorológico opcional, já que a parte dianteira da aeronave não era ocupada por motor ou hélice.

O articulista de aviação Pete Bedell atribuiu a impressionante longevidade do Baron a um projeto que “simplesmente funciona”. Bedell escreveu: “Se você precisa transportar quatro pessoas e seus equipamentos por 600 milhas náuticas em três horas, existem várias aeronaves capazes de realizar a missão. Mas será que eles possuem redundância de dois motores e a consequente segurança que isso proporciona, capacidade de operar em condições de gelo conhecido, radar meteorológico, capacidade de pousar e decolar em pistas curtas/não pavimentadas ou uma rede de serviços que inclua, digamos, praticamente qualquer mecânico do país? Por esses motivos, a Beechcraft mantém o Baron em sua linha de produção há cinco décadas”.

Recentemente, a AOPA utilizou um Baron 55 para demonstrar o uso de combustível sem chumbo juntamente com a gasolina de aviação tradicional.

No dia 21, Amy Wilder, redatora de notícias para plataforma online da AIN, postou título “Textron confirmed it would end production of new Baron and Bonanza aircraft after filling its current orders” (Textron confirmou que encerrará a produção de novas aeronaves Baron e Bonanza após concluir suas encomendas atuais).

Wilder repercutiu que a Textron Aviation encerrará a produção do bimotor a pistão Beechcraft Baron G58 e do monomotor a pistão Bonanza G36 assim que todos os pedidos atuais forem atendidos, de acordo comunicada da fabricante nesta semana. E que essa medida permitirá que a fabricante concentre seus esforços na incorporação do monomotor turboélice Denali.

Wilder observou que os dois modelos a pistão são utilizados há muito tempo por pequenas operadoras como aeronaves executivas e mantêm uma presença consolidada no setor há décadas.

Wilder também observou que a Textron não detalhou possíveis ofertas futuras de aviões com motores a pistão, além da atual linha da marca Cessna, mas enfatizou que a reavaliação do segmento faz parte de sua estratégia de investimento contínua. [EL]