Ministro dos Transportes da França pede restrições à operação de jatos executivos, visando redução de emissão de carbono de conveniências individuais em detrimento do interesse coletivo, em 30.08.22
O movimento de inibição – constrangimento – ao vôo de jatos executivos na Europa durante a pandemia não teve pleno êxito, por falta de acolhimento, mas agora o segmento pode vir a sofrer uma ação de represália na intenção de impor restrições, conter ou criar barreiras para o uso de jatos executivos pelo Ministério dos Transportes da França.
Em entrevista recente ao jornal francês Le Parisien, o ministro dos Transportes da França, Clément Beaune, disse: “Temos que agir para regular os vôos em jatos particulares. Não pode haver um meio de viagem individual para conforto em um momento em que a campanha do presidente [para reduzir as pegadas de carbono] exige que todos façam um esforço”. Em vez de se concentrar apenas na França, Beaune disse que pressionará por ações para reduzir o uso de jatos executivos em nível europeu em uma reunião de ministros de transporte da União Européia agendada para outubro. De acordo com Beaune, as medidas potenciais podem incluir taxas maiores incidentes sobre operações de aeronaves executivas ou até proibições de vôos para destinos suficientemente servidos por trens.
Beaune sugeriu as próximas regulamentações sobre o uso de jatos do transporte privado-pessoal na França como forma de dissuadir as emissões de carbono em meio a um maior impulso para o “transporte verde”.
Beaune mencionou que já recebeu a aprovação da primeira-ministra Elisabeth Borne e do presidente Emmanuel Macron para fazer propostas reais e aplicáveis para restringir a aviação privada na França.
Jatos particulares serão objeto de discussão em agenda de uma próxima reunião de ministros europeus em outubro próximo.
A França não parece ter experimentado o mesmo boom nas viagens aéreas privadas durante a pandemia que o resto do mundo; a Bloomberg observa que o ano de 2021 viu o aeroporto de Le Bourget ficar aquém dos vôos fretados de 2019. Em 2019, o hub aeroportuário de maior utilização pelo serviço aéreo privado e por fretamento registrou quase 55.000 vôos, de acordo com a operadora Aeroports de Paris. Em 2021, esse número ficou um pouco abaixo de 52.000. A paisagem de transporte na França varia consideravelmente de sua contraparte americana, dado o nível de cobertura ferroviária em toda a Europa. Um porta-voz da Aeroports de Paris disse que menos de 10% dessas operações aéreas são vôos de lazer, com mais de 85% de serviços fretados para fins corporativos-de negócios, aeromédicos ou de missões governamentais.
“Acredito que quando há uma alternativa de trem, quando há um vôo comercial – que emite quatro vezes menos carbono por passageiro do que os jatos particulares, essa deve ser a opção preferida”, disse o ministro de transportes francês para repórteres. Mas o ministro Beaune disse que as medidas visando o uso de jatos particulares provavelmente seriam bastante simbólicas, dando alento e esperança para a comunidade aeronáutica para o grau de intervenção no setor do transporte.
Enquanto isso, o líder do Partido Verde francês, Julien Bayou, pediu uma proibição completa dos jatos executivos na semana passada.
No entanto, o porta-voz do governo francês, Olivier Véran, disse que uma proibição total não está prevista durante uma entrevista à rádio France Inter no início desta semana, mas acrescentou que “as restrições aos jatos particulares sinalizariam que as mesmas regras se aplicam a todos”. [EL] – c/ fontes