Na sétima rodada de concessão aeroportuária, AENA arremata em leilão bloco de aeroportos com Congonhas, fundo da XP leva bloco com Campo de Marte e Jacarepaguá e o consórcio “Novo Norte” (SOCICAM e DIX) vence o leilão pelo bloco Norte II, em 18.08.22
Cenário de incerteza esfria disputa em novo leilão de (15) aeroportos, em três blocos, da sétima rodada de concessão aeroportuária
Fonte: Estadão/InfoMoney – 18/08/2022
A sétima rodada de concessão de aeroportos deve ter pouca competição e ágios conservadores com o cenário de inflação, alta dos juros e incertezas políticas, avaliam especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A sessão pública está marcada para esta quinta, 18, às 14h, na sede da B3, a Bolsa brasileira, em São Paulo.
Embora o cenário seja desfavorável para leiloar grandes ativos de infraestrutura, o governo federal manteve a decisão de promover a sétima rodada, após retirar do ‘pacote’ em fevereiro deste ano o terminal Santos Dumont (RJ).
O leilão será composto por três blocos, sendo o mais importante encabeçado por Congonhas: são 11 terminais, incluindo ativos de Mato Grosso do Sul, do Pará e de Minas Gerais. A outorga mínima é de R$ 740,1 milhões, e o valor estimado para o contrato é de R$ 11,6 bilhões.
Já o bloco denominado “Aviação geral” (ou executiva) é formado pelos aeroportos Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A contribuição inicial mínima é de R$ 141,4 milhões, e o valor estimado para todo o contrato é de R$ 1,7 bilhão.
Já o bloco Norte II é integrado pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP), com outorga mínima de R$ 56,9 milhões e contrato de R$ 1,9 bilhão.
Na visão de Maurício Endo, sócio da KPMG, o momento envolve questões delicadas como a campanha presidencial e a volatilidade econômica. “Promover um leilão como esse tem seus riscos. Para players que já atuam no Brasil, esse risco é de certa forma controlado, mas talvez seja mais difícil para uma nova entrante”. Ele lembra que, embora Congonhas seja o maior ativo, seu bloco é o mais complexo, com terminais espalhados por todo o país. “Congonhas é a jóia da coroa, mas tem muito osso pendurado, isso faz com que investidores tenham mais cautela”, destaca.
Para o diretor de infraestrutura do Banco Fator, Ewerton Henriques, a leitura do mercado é de que o cenário macroeconômico está muito ruim. “Quando as empresas analisaram a fundo a participação no leilão, a conta não fechou”, avalia. “Devemos ver apenas uma proposta para cada bloco, com ágios mínimos. O momento é muito instável”. Conforme o executivo, grupos que não têm “pulmão” para entrar em outros projetos grandes de infraestrutura devem aproveitar a oportunidade para entrar no setor.
O mercado esperava que a CCR (CCRO), maior operadora de terminais aeroportuários privados do país, entregasse proposta na sétima rodada. Em entrevista ao Estadão/Broadcast na semana passada, a superintendente de RI Flávia Godoy afirmou que o grupo estava “analisando qual lote iria entrar”. No entanto, o grupo anunciou a desistência do plano na terça (16).
O mercado espera que a espanhola AENA, que opera seis aeroportos arrematados na quinta rodada, em 2019, leve o lote de Congonhas.
A XP deve estrear no setor aeroportuário ao entregar proposta pelo bloco de aviação geral (executiva). A expectativa do mercado é de que não haja disputa pelo lote. Segundo fontes, a XP Asset (gestora de recursos) entregou proposta em consórcio com o grupo francês de infraestrutura Egis. Em junho, a XP Asset tinha R$ 141 bilhões de ativos sob gestão. A empresa afirmou que não comentaria o assunto.
Já a Egis atua em engenharia no Brasil, além de concessões de infraestrutura no mundo todo. O ‘braço’ brasileiro do grupo prestou assessoria técnica em 2008 no processo de concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), o primeiro entregue à iniciativa privada no país.
AENA arremata em leilão bloco de aeroportos com Congonhas, fundo da XP leva bloco com Campo de Marte e Jacarepaguá e o consórcio “Novo Norte” (SOCICAM e DIX) vence o leilão pelo bloco Norte II
Fonte: InfoMoney – 18/08/2022, com complemento por EL
A espanhola AENA arrematou nesta quinta (18) a concessão do bloco de 11 aeroportos que inclui o terminal paulista de Congonhas, um dos mais movimentados do país, em leilão da ANAC de um total de 15 aeroportos. A empresa apresentou a única proposta no leilão do bloco, com uma oferta de R$ 2,45 bilhões. A oferta da AENA representou um ágio de 231% sobre o valor mínimo de R$ 740 milhões definido no edital.
O Bloco arrematado é o de nome SP-MG-MS-PA. Liderado pelo Aeroporto de Congonhas (SBSP), inclui ainda os aeroportos de Campo Grande (SBCG), Corumbá (SBCR) e Ponta Porã (SBPP), no Mato Grosso do Sul (MS), os aeroportos de Santarém (SBSN), Marabá (SBMA), Parauapebas (SBCJ) e Altamira (SBHT), no Pará (PA), e os aeroportos de Uberlândia (SBUL), Uberaba (SBUR) e Montes Claros (SBMK), em Minas Gerais (MG).
A AENA já opera seis aeroportos no nordeste do país, nos Estados de SE, AL, PE e PB – de Aracaju/SE (SBAR), de Maceió/AL (SBMO), Recife/PE (SBRF), de Juazeiro do Norte/PE (SBJU), João Pessoa/PB (SBJP) e de Campina Grande/PB (SBKG).
O bloco da “Aviação geral”, formado pelos aeroportos de Jacarepaguá/SBJR (RJ) e Campo de Marte/SBMT (SP), foi arrematado pelo fundo XP Infra IV FIP em Infraestrutura. O grupo foi o único interessado e levou pela oferta mínima de R$ 141,4 milhões, praticamente a mesma do mínimo definido para a disputa.
Já o consórcio “Novo Norte”, composto pelas operadoras SOCICAM e DIX, venceu o leilão pelo bloco Norte II, integrado pelos aeroportos das capitais Belém/SBBE (PA) e Macapá/SBMQ (AP), por R$ 125 milhões. O Bloco Norte II tinha como contribuição inicial mínima R$ 56,9 milhões (o ágio tendo sido de R$ 68,1 mi, ou 119,7%).
A SOCICAM e a DIX, juntas, operam 11 aeroportos estaduais de SP, em concessão por leilão no ano passado: São José do Rio Preto (SBSR) Presidente Prudente (SBDN) e Araçatuba (SBAU), bem como dos aeródromos de Assis/SNAX, Barretos/SNBA, Dracena/SDDR, Votuporanga/SDVG, Penápolis/SDPN, Tupã/SDTP, Andradina/SDDN e Presidente Epitácio/SDEP.
A SOCICAM também é operadora por concessão ou contratação dos aeroportos de Alta Floresta/SBAT, Cuiabá/SBCY, Rondonópolis/SBRD e Sinop/SBSI, no MT, e de Caldas Novas/SBCN, em GO.
Adicionalmente, por contratos com Estados, a SOCICAM opera os aeroportos de:
– CE: Aracati/SBAC e Cruz/Jericoacoara/SBJE
– BA: Ilhéus/SBIL, Uma/Comandatuba (SBTC) e Vitória da Conquista/SBVC
– MG: Zona da Mata/SBZM e de São João del Rei/SNJR
– SC: Chapecó (SBCH)
Adicionalmente, a DIX Empreendimentos, da holding AGEMAR, opera ou presta serviços nos aeroportos de Fernando de Noronha/SBFN, de Caruaru/SNRU e de Serra Talhada/SNHS, em PE.
O bloco Norte II foi disputado também pela Vinci Airports, que ofertou R$ 115 mi (ágio de 102,2%).
A Vinci Airports já opera o Aeroporto de Salvador/SBSV, e na 6ª rodada de concessão, promovida no ano passado, arrematou o bloco Norte com sete aeroportos – de Manaus/SBEG, de Tabatinga/SBTT e Tefé/SBTF, no AM, de Boa Vista/SBBV, em RR, de Porto Velho/SBPV, em RO, e de Cruzeiro do Sul/SBCZ e de Rio Branco/SBRB, no AC.
O programa de concessão aeroportuária do Brasil repassou à iniciativa privada 77,5% do tráfego nacional entre os anos de 2011 e 2021. Com a sétima rodada, a previsão é de que o percentual atinja 91,6% de passageiros atendidos em aeroportos concedidos no país.
Os 15 aeroportos da 7ª rodada de concessões encontram-se situados em seis Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso do Sul e Amapá.
Segundo a ANAC, os 15 aeroportos respondem por 15,8% do total do tráfego de passageiros no Brasil, o que equivale a mais de 30 milhões de viajantes por ano.
O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, avaliou positivamente o resultado da 7ª rodada de concessão de aeroportos. “Estamos muito satisfeitos com o resultado de hoje”, afirmou.
Sampaio destacou a participação da estrangeira AENA na disputa. “Mais do que muitos concorrentes, tivemos um concorrente que deu lance com ágio de 231%. O Brasil é um destino seguro para o capital estrangeiro”, avaliou o ministro. Nessa linha, Sampaio ressaltou a diversidade de empresas participantes, incluindo também a XP. “Comemoramos a pluralidade de operadores em infraestrutura. Isso nos traz mais segurança”.
Ainda de acordo com o ministro, esse foi o 100º leilão promovido pela pasta, com R$ 120 bilhões contratados. A expectativa é que a 8ª rodada de concessão de aeroportos, que vai incluir o Santos Dumont e Galeão, ocorra no ano que vem. “Vamos reequilibrar a matriz de transportes no Brasil, trazendo um regime simples para que o privado posso continuar investindo”, completou Sampaio.
Em coletiva, Túlio Azevedo Marques, head de infraestrutura da XP Asset, destacou que a XP enxerga oportunidades de potencializar receitas com as concessões dos terminais de aviação executiva com os leilões, além de negócios próximos dos aeroportos. “Vemos oportunidades de negócios imobiliários no entorno do aeroporto de Jacarepaguá, dada a proximidade das atividades da indústria de petróleo lá perto”, Marques destacou. Ele disse ainda que a XP enxerga também possibilidades de investimentos imobiliários no entorno do Campo de Marte, assim como a possível operação com aeronaves elétricas de decolagem e pouso verticais, os eVtols, em Jacarepaguá.
Os recursos para o projeto virão de um fundo para investimentos em infraestrutura constituído pela XP recentemente, no valor de R$ 340 milhões. Recursos adicionais do fundo poderão ser usados para participar de licitações em outros segmentos de infraestrutura, como elétrico, saneamento, Marques afirmou.
Maria Rubio, diretora da AENA Internacional, disse que a oferta pelo bloco de Congonhas foi resultado de um “estudo rigoroso” e que o projeto envolve “complexidade enorme”. “Toda a equipe estava alocada nesse projeto. Em segundo lugar, não há muitas oportunidades no mundo. A expansão internacional é um objetivo, e o Brasil é para nós muito importante e, quando estudamos, temos o máximo rigor. O resultado é fruto desse estudo rigoroso”, afirmou. Maria também destacou que, em relação a Congonhas, o objetivo é otimizar as operações com eficiência e segurança.
A etapa seguinte ao leilão será o recebimento dos documentos de habilitação dos proponentes vencedores de cada bloco, o que está marcado para o dia 25 deste mês. A assinatura dos contratos de concessão deverá ocorrer após a homologação do resultado pela diretoria da ANAC, em data que ainda será definida.
Os grupos que adquiriram os aeroportos à venda na rodada de hoje deverão fazer investimentos de cerca de R$ 7,2 bilhões durante os 30 anos da concessão.
Brasil é muito importante para expansão internacional da AENA, diz diretora da operadora espanhola
Fonte: Estadão/InfoMoney – 18/08/2022
O Brasil é parte relevante dos planos de expansão internacional da AENA Desarollo, segundo a diretora internacional da companhia, Maria Rubio. Nesta quinta (18), a AENA arrematou o bloco de aeroportos SP-MS-PA-MG, que inclui Congonhas, por R$ 2,45 bilhões, um ágio de 231%.
“Queremos contribuir para o desenvolvimento aeroportuário do Brasil. O país é parte muito importante da nossa visão estratégica de expansão internacional”, disse a executiva durante a coletiva de imprensa promovida após o leilão.
A diretora destacou que a empresa, que opera 46 aeroportos só na Espanha, tem ampla experiência com operação de grandes redes de aeroportos de diferentes tipos, como turismo e negócios, assim como variados tamanhos.