No seminário FSF/BASS, excursões de pista e riscos de manobra de aproximação circular levantando preocupações de especialistas de segurança, em 11.05.22


Acidentes de excursão de pista e de aproximação circular estão levantando preocupações e merecem maior atenção e ações de mitigação de riscos, declararam especialistas em segurança da agência FAA e da entidade Flight Safety Foundation (FSF) nesta terça dia 10 durante a programação do seminário BASS – Business Aviation Safety Summit (Seminário de Segurança da Aviação Executiva) em Savannah, no Estado da Georgia/EUA.

O BASS é organizado pela FSF em parceria com a NBAA – National Business Aviation Association.

Mais de 60 anos de dados cobrindo 796 acidentes envolvendo 1.498 fatalidades mostram que as excursões nas pistas foram responsáveis ​​por 30% dos acidentes e estão “crescendo proporcionalmente, em alguns anos excedendo 50%”, disse o diretor de estratégia e política de segurança da FSF, Henry Gourdji. Cerca de uma em cada cinco (20%) excursões ocorre durante a fase de decolagem. Com o EUA respondendo por mais da metade de todos os acidentes de aviação executiva (cerca de 51%), os dados de FOQA da GE (uma das patrocinadoras do evento) apresentados em uma sessão subsequente revelaram que a maioria dos eventos de excursão de pista ocorre em junho, julho e agosto, quando fatores contribuintes associados a tempo adverso comprometedores de performance de aeronaves como gelo ou neve não estão presentes.

Referindo-se a manobras de aproximação circular, o especialista em recursos do NTSB e investigador aeronáutico sênior David Lawrence reportou-se aos acidentes de um Bombardier Challenger 605 e de um Learjet 35 no ano passado, em Truckee e El Cajon, na Califórnia, respectivamente. Ambos envolveram tripulações altamente experientes, com operações em condição de visibilidade reduzida (especialmente no acidente do LJ35, em El Cajon, e este em horário noturno), e os acidentes ocorreram durante a execução de curvas “fechadas” para alinhar a aeronave com a pista na aproximação final. Lawrence observou que os operadores do transporte regido pelo regulamento PART-135 (caso do LJ35) foram responsáveis ​​por 16 acidentes enquanto circulavam para aterrissar, 12 dos quais resultando mortes e ferimentos graves.

Em fevereiro passado, a FSF divulgou a publicação do seu relatório de segurança anual – o Safety Report 2021:
https://flightsafety.org/wp-content/uploads/2022/02/FSF-2021-Safety-Report_rev5.pdf 

Numa síntese, no seu reporte, a FSF aponta que eventos de [1[ excursão de pista, [2] de perda de controle em vôo (LoC-I) e [3] de vôo controlado contra o terreno (CFIT) responderam por quase 30% de todos os acidentes do transporte aéreo comercial no ano de 2021.

O levantamento do reporte de segurança da FSF se baseia na análise preliminar de dados de acidente e informações recolhidas e contidas no banco de dados da ASN – Aviation Safety Network, da FSF.

Operações comerciais de transporte de passageiros e carga por aeronaves certificadas com capacidade para até 14 passageiros perfizeram 44 acidentes em 2021, dos quais 11 (25%) com fatalidades, resultando 123 mortes entre passageiros e tripulantes e mais uma morte por pessoa em solo (uma relação de 11,27 morte/acidente fatal e 2,82 morte/acidente).

Operações não-comerciais, como vôos de traslado, de instrução/treinamento e vigilância, com o mesmo tipo de aeronaves, compreenderam 26 acidentes em 2021. Nove (42%) destes foram eventos com fatalidades, resultando 36 mortes entre passageiros e ocupantes (uma relação de 4,00 morte/acidente fatal e 1,38 morte/acidente).

À ocasião da divulgação do reporte, o presidente e CEO da FSF, dr. Hassan Shahidi disse: “Os eventos relacionados à perda de controle e segurança na pista continuam a ser áreas de risco de alta ocorrência que exigem atenção”. Hssan completou: “Pedimos às partes interessadas da aviação que redobrem seus esforços para mitigar proativamente esses e outros riscos, especialmente quando o setor da aviação em regiões ao redor do mundo começa a se recuperar após mais de dois anos de operações reduzidas”.

Além disso, a avaliação contínua da FSF sobre o impacto da pandemia COVID-19 na aviação global identificou um conjunto único de desafios para o setor, incluindo mudanças no ambiente operacional e isenções regulatórias relacionadas a verificações de proficiência e recência dos pilotos, renovação de licenças e habilitações e certificados aeromédico, entre outros. “É essencial que essas mudanças sejam identificadas e gerenciadas pelos operadores por meio de seus sistemas de gerenciamento de segurança e pelas autoridades reguladoras por meio de programas de segurança estaduais”, disse Shahidi. [EL] – c/ fontes