Novas proteções implantadas contra ataques a sistemas de navegação satelital por diversas nações e organizações pelo mundo – Rússia e Irã são os principais perpetradores de ataques de interferência/bloqueio e falsificação de sinais de satélites, em 22.07.24


O articulista colaborador da AIN Arie Egozi escreveu uma matéria, postada no dia 16, relativa a uma recente onda de interferências (jamming) e falsificações (spoofing) de sinais de satélites (GNSS) que desviou aviões comerciais e executivos enquanto sobrevoavam o Médio Oriente e o norte da Europa, levantando preocupações sobre a segurança das viagens aéreas em todo o mundo. De acordo com Egozi, os analistas de inteligência acreditam amplamente que a interferência tem origem em Estados hostis, incluindo o Irã e a Rússia e os seus sub-rogados.

No espaço aéreo onde ocorre interferência, os operadores de aeronaves experimentam uma degradação dos seus Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS – Global Navigation Satellite Systems), uma vez que os receptores não conseguem captar os sinais dos satélites. A falsificação-bloqueio (jamming) envolve o envio de sinais de satélite falsos para “enganar” os receptores GNSS e levá-los a processar informações errôneas de posição, navegação e tempo.

O falsificação-bloqueio (jamming) tornaram-se comuns em zonas de conflito militar, como no Oriente Médio e no Mar Negro. Israel sofreu pela primeira vez com a indisponibilidade do serviço GNSS quando as forças russas na Síria operaram alguns poderosos sistemas de interferência. A guerra na Ucrânia também criou uma vasta área do espaço aéreo onde os operadores não podem confiar nos sinais GNSS.

A capacidade de forças armadas para bloquear e indisponibilizar acesso ao serviço GNSS levou alguns países a investir em tecnologias destinadas a permitir que as suas forças militares continuassem a dispor de navegação baseada em sinais de satélites. O EUA opera o seu sistema de satélites para navegação próprio (GPS), com utilização de uma constelação dedicada de satélites de órbita terrestre média (MEO – Medium Earth Orbit).

Os sistemas anti-bloqueio de GNSS protegem contra interferências deliberadas ou não em receptores GNSS. Quando o sinal GNSS chega à superfície da Terra, a energia de radiofrequência (RF) mais forte pode dominá-lo. Um pequeno bloqueador com potência de cerca de 10 watts para até 30 km (16 MN ou 19 SM) de linha de visão pode interferir em um receptor de código desprotegido.

Até recentemente, as forças armadas utilizavam principalmente sistemas anti-bloqueio, mas cada vez mais o setor da aviação civil percebeu que necessita de proteção contra  indisponibilidade de acesso do serviço GNSS.

No início de 2024, as frequentes perturbações nos sistemas GNSS no Oriente Médio e na Ucrânia levaram a um esforço de órgãos reguladores da aviação civil para abordar possíveis soluções para o agravamento do problema. Em janeiro, a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) e a reguladora européia de segurança na aviação EASA organizaram uma reunião na sede da agência em Cologne, na Alemanha.

Vários grupos aeroespaciais e de Defesa enfrentaram o desafio de aplicar tecnologia que geralmente se originou no setor militar para proteção de aeronaves civis quanto à integridade do sistema de navegação por satélite.

A maioria das grandes empresas tecnológicas começou a investir em sistemas anti-jamming (anti falsificação-bloqueio).

Por exemplo, a Collins Aerospace, unidade do grupo RTX, agora oferece um sistema que pode ser integrado a um receptor GNSS ou operar de forma independente. O sistema protege sinais GNSS em ambientes eletromagnéticos densos e rejeita sinais GNSS falsificados. A “empresa-irmã” Raytheon também oferece um portfólio de sistemas anti-bloqueio para proteção contra uma variedade de bloqueadores hostis.

O grupo Cobham, sediado no Reino Unido, desenvolveu um sistema anti-jamming que combina tecnologia avançada de antena de matriz de padrão de radiação controlada (CRPA – Controlled Radiation Pattern Array) com técnicas inteligentes de processamento de sinal digital. O grupo Cobham desenvolveu ativamente a tecnologia por mais de uma década.

No Canadá, a tecnologia anti-jamming GNSS da NovaTel tem sido usada em condições de combate para fornecer uma solução de posicionamento, navegação e cronometragem garantido (APNT – Assured Positioning, Navigation and Timing) que protege os sistemas de navegação contra perturbações e interferências radiofrequência.

No EUA, a Mayflower Communications Company oferece seus sistemas de proteção NavGuard Anti-Jam.

De acordo com fontes israelenses da defesa e da indústria que falaram com a mídia AIN sob condição de anonimato, a Rússia está ajudando o Irã a atualizar as suas capacidades de “guerra eletrônica” (EW – electronic warfare), incluindo capacidades de impedimento (corte de sinais) de sinais de satélite (GNSS). Israel e os seus aliados têm monitorado de perto o desenvolvimento e continuam preocupados com a perspectiva de interrupção de GNSS contra a aviação civil como meio de guerra secreta, em conjunto com ameaças como as representadas pelas forças Houthi substitutas iranianas ao transporte marítimo no Mar Vermelho.

As mesmas fontes indicam que a Rússia partilhou com o Irão as lições aprendidas com “guerra eletrônica” (EW – electronic warfare) e operações de impedimento (corte) de sinais de satélites (GNSS) na Síria, enquanto a Força Aérea de Israel atacava alvos relacionados com o Irã no país vizinho.

Esses e outros incidentes anteriores afetaram a operação de aeronaves civis israelenses.

Os russos também transmitiram lições aprendidas com as ações de bloqueio de GNSS no conflito com a Ucrânia.

A proliferação no Oriente Médio de sistemas de interferência de GNSS produzidos na Rússia levou à equipagem de aeronaves militares israelenses com sistemas anti-bloqueio.

Em 2021, a Força Aérea de Israel revelou que a capacidade anti-jamming avançada desenvolvida pela IAI – Israel Aerospace Industries foi integrada aos sistemas defensivos contra “guerra eletrônica” (EW – electronic warfare) usados ​​por diferentes esquadrões. O sistema é o ADA Anti-Jam GPS System, projetado para proteger a navegação GNSS contra interferências

A tecnologia agora aparece em plataformas que incluem caças F-16 e vários drones. O sistema ADA (da IAI) demonstrou maturidade operacional e vários processos personalizados internacionais não divulgados passaram a usar o sistema instalado em diversas plataformas aéreas, terrestres e marítimas. A IAI agora oferece a tecnologia para clientes civis e militares.

De acordo com a IAI, o seu sistema ADA Anti-Jam GPS System mantém posicionamento, navegação e cronometragem (PNT – Positioning, Navigation and Timing) garantido, superando o bloqueio de GNSS e garantindo que uma plataforma possa continuar a operar com disponibilidade consistente de sinais de satélites. O ADA Anti-Jam GPS System A utiliza técnicas avançadas de processamento de sinais digitais para fornecer altos níveis de imunidade, mesmo em cenários severos e dinâmicos de multi-jammer.

A arquitetura modular do sistema-equipamento ADA Anti-Jam GPS System suporta Multi-GNSS e GPS M-Code. Os sistemas podem suportar um receptor GNSS imune integrado ou um complemento de RF (rádio-frequência) independente por meio de conexão RF a qualquer receptor GNSS de terceiros (sistema de satélites GPS, IRNSS, GLONASS, Galileo), permitindo assim uma abordagem plug-and-play (ativar e utilizar) para instalação. [EL] – c/ fonte