Operadoras AT&T e Verizon aceitam novo adiamento da ativação da 5G perto de alguns aeroportos do EUA, em 19.01.22
Fonte: France Presse/g1 – 19/01/2022
As operadoras de telefonia AT&T e Verizon vão adiar a ativação da rede 5G em torno de “certos aeroportos” do EUA para evitar o potencial “caos” previsto pelas cias. de aviação.
A partir desta quarta (19), AT&T e Verizon começam a ativar a rede 5G Banda C – uma nova faixa da tecnologia em todo o país -, mas seguirão uma recomendação da da FAA, que alerta sobre possíveis interferências entre as frequências usadas pela 5G em rádio-altímetros, afetando outros sistemas integrados, essenciais para a aterrissagem de aeronaves em certas operações e condições de meteorologia.
Por enquanto, a FAA validou o uso de alguns modelos de rádio-altímetros e a operação em 48 de 88 aeroportos americanos que estão entre os mais diretamente afetados pelos riscos de interferência, impondo restrições em alguns casos.
As aéreas afirmam que o uso da Banda C (faixa que utiliza o espectro entre 3,70 GHz a até 6,425 GHz) na 5G poderia interferir em componentes eletrônicos da aeronave, especialmente os rádio-altímetros, que funciona por rádio-frequência numa faixa próxima à da 5G.
Principais executivos de 10 empresas de transporte aéreo alertaram na última segunda (17) para “caos” em potencial que representaria a ativação perto de alguns aeroportos e pediram uma intervenção às autoridades para evitar “uma perturbação operacional para os passageiros, os trabalhadores de transporte, as redes de abastecimento e a entrega de bens médicos essenciais”.
As operadoras de telefonia, que já tinham adiado duas vezes a ativação da 5G desde dezembro, aceitaram retardar temporariamente a ativação das torres de telefonia móvel em volta de certas pistas de aeroportos, enquanto continuam com o lançamento da rede no resto do país.
A AT&T decidiu, por exemplo, não ativar as torres instaladas em um perímetro de 3,2 km em torno dos aeroportos especificados.
O presidente Joe Biden agradeceu às duas operadoras em um comunicado. Segundo Biden, a decisão evita perturbar o tráfego aéreo e permite a ativação da imensa maioria das torres de telefonia móvel 5G, elemento essencial para a competitividade do país. Especialistas da Casa Branca vão continuar trabalhando “sem descanso” com as operadoras de telefonia, as companhias aéreas e as fabricantes de aviões para encontrar “uma solução permanente e funcional em torno destes aeroportos-chave”, assegurou.
A decisão foi tomada para “continuar trabalhando com a indústria aeronáutica e a FAA” e “fornecer informações mais amplas” sobre a nova tecnologia, segundo a AT&T.
As duas operadoras lamentaram, no entanto, que as autoridades tenham demorado tanto em reagir à ativação da 5G, prevista há pelo menos dois anos.
A FAA e as companhias aéreas do país “não foram capazes de resolver a problemática da 5G em torno dos aeroportos, embora a tecnologia tenha sido ativada de forma segura e eficaz em mais de 40 países”, destacou um porta-voz da Verizon em mensagem transmitida à agência de notícias AFP.
“Estamos frustrados com a incapacidade da FAA de fazer o que quase 40 países fizeram, que é ativar com toda a segurança a tecnologia 5G sem perturbar os serviços aéreos”, destacou a AT&T em mensagem à parte.
A questão das consequências da ativação da 5G no EUA começou a ganhar força em novembro, após a publicação pela FAA de um Boletim de Informação Aeronavegabilidade Especial, pedindo às empresas afetadas para compartilhar informações específicas sobre os rádio-altímetros.
Certas frequências disponibilizadas para a AT&T e Verizon, em fevereiro de 2021, ao fim de uma licitação de dezenas de bilhões de Dólares, estão na faixa de 3,70 a 3,98 GHz, próxima da faixa usada pelos rádio-altímetros, que funcionam no espectro de 4,2 a 4,4 GHz. Embora não haja risco de interferência direta entre as frequências, a intensidade da emissão das antenas 5G ou parte de suas emissões poderiam gerar problemas em certos rádio-altímetros.
Em dezembro, as fabricantes de aeronaves Airbus e Boeing também expressaram “preocupação” sobre possíveis perturbações nos instrumentos de seus aviões pela 5G no EUA, pois o país escolheu frequências mais próximas das de seus rádio-altímetros do que as usadas na Europa, na Coréia do Sul e no Brasil.