Operadoras de celular no EUA se recusam a novo adiamento do lançamento da rede 5G e respondem carta contenciosa para a FAA afirmando que estão superando as demandas, em 03.01.22


Os prazos finais nunca parecem ser tão importantes até a 11ª hora e o lançamento iminente dos serviços da rede sem fio 5G mais uma vez provou que o comportamento humano pode ser bastante previsível.

A Verizon Communications e a AT&T, as duas maiores operadoras de celular do EUA, responderam a autoridades federais que não adiarão mais o lançamento de seus novos serviços da rede 5G, com a conclusão e decisão que já aguardaram por tempo suficiente. A contenciosa banda de rádio-frequência da rede 5G trouxe preocupações da indústria da aviação sobre a potencial interferência devido teórica sobreposição com as frequências de rádio-altímetros aeronáuticos e possíveis erros de leitura destes equipamentos na fase crítica de vôo em aproximações para pouso.

A AT&T e a Verizon ofereceram uma contraproposta em que suas redes serão operadas com potência reduzida durante os primeiros 6 meses, combinando com as regulamentações francesas, enquanto a indústria de aviação avalia o desempenho de rádio-altímetros quanto à interferência. As empresas planejaram a ativação da rede 5G para 06 de janeiro em mercados regionais selecionados no EUA, cuja localização se sobrepõe a alguns dos aeroportos maiores e com tráfego mais intenso. As duas operadoras de telefonia se dirigiram ao administrador da FAA lembrando a agência federal de aviação civil de sua boa vontade até agora e enviaram mensagem de que só podem acomodar as demandas de última hora da FAA por um certo tempo.

A AT&T observou o pedido inicial e instrução quanto à banda C da agência federal de comunicação FCC, repetindo a sua promessa de que suas regras “protegeriam os serviços aeronáuticos na banda de 4,2-4,4 GHz” e delineando as faixas específicas usadas em suas frequências da rede 5G. A operadora de telefonia móvel afirma que outros países não resistiram ao lançamento para nenhum efeito nocivo (conhecido), dizendo que a “Banda C de serviço 5G e operações de aviação já coexistem em quase 40 outros países onde o espectro da Banda C foi implantado sem qualquer impacto negativo na aviação”.

A AT&T questiona a ação de última hora dos reguladores da aviação, reafirmando sua boa vontade demonstrada em novembro, quando a FAA solicitou o adiamento do lançamento da rede 5G. A rede mais nova, mais rápida e avançada é uma peça-chave de suas ofertas de telefonia celular, com custos de oportunidade claros se afastada de uma disponibilidade mais ampla no mercado. A empresa sente que os bilhões gastos na construção da infraestrutura para a rede, o imenso capital pago pelo uso do espectro da Banda C e sua aquiescência anterior à FAA foram mais do que suficientes, e seu dever para com os acionistas e clientes agora tem precedência.

“Agora, na noite da véspera de Ano Novo, apenas cinco dias antes do espectro da Banda C ser implantado, recebemos uma carta [da FAA] pedindo-nos para tomarmos ainda mais medidas voluntárias – em detrimento de nossos milhões de consumidores, empresas e clientes do governo – para mais uma vez ajudar a indústria da aviação e a FAA depois de não conseguir resolver os problemas naquele período de atraso caro de 30 dias, que nunca consideramos inicial”, registra resposta das operadoras de telefonia.

A AT&T registra-se estar farta, afirmando que o caminho proposto pela FAA é um exagero que contorna a boa lei e exige que as empresas abram mão de sua autonomia operacional.

“Em sua essência, a estrutura proposta pede que concordemos em transferir para a FAA a supervisão do investimento multibilionário de nossas empresas em 50 áreas metropolitanas não identificadas, que representam a maior parte da população do EUA, por um número indeterminado de meses ou anos. Ainda pior, a proposta é direcionada a apenas duas empresas, independentemente dos termos das licenças leiloadas e concedidas, e à exceção de todas as outras empresas e setores dentro da competência da FCC. Concordar com sua proposta não seria apenas sem precedente e injustificado evasão do devido processo e pesos e contrapesos cuidadosamente elaborados na estrutura de nossa democracia, mas uma abdicação irresponsável do controle operacional necessário para implantar redes de comunicações de classe mundial e globalmente competitivas que são tão essenciais para a vitalidade econômica de nosso país, segurança e interesses nacionais como o setor de aviação civil”, registra resposta das operadoras de telefonia.

Setor aéreo e operadoras de telefonia móvel tentando chegar a um acordo quanto à implementação da rede 5G no EUA
Nesta segunda dia 03 à noite, parecia que as autoridades da aviação cicil americana e as operadoras de telefonia móvel 5G Banda C tinham chegado a acordo de prorrogação de prazo por mais duas semanas, até 19 de janeiro, sujeito à aprovação da FCC e da FAA, para a implementação, entrada em serviço, da rede.

O acordo foi caracterizado como uma “estruturação” para permitir que ambos os lados da polêmica fervente “reduzissem a temperatura” e estudassem mais profundamente e chegassem a um acordo sobre estratégias de mitigação destinadas a prevenir a interferência da Banda C em rádios-altímetros de aeronaves nos maiores aeroportos comerciais do EUA.

O aparente acordo se deu menos de 48 horas antes das duas operadoras de telefonia móvel – a AT&T e a Verizon Communications – atuarem seus transmissores de banda C 5G e poucas horas antes que os interesses das cias, aéreas estivessem preparados para serem representados em um processo no Tribunal de Apelações do EUA. Esperava-se que essa ação legal solicitasse à Justiça obrigar a agência federal de comunicações (FCC) a considerar uma petição da indústria de aviação apresentada em 30 de dezembro que solicitava novo adiamento da implementação da rede 5G Banda C e mais estudos sobre o assunto. Até a segunda (03), a FCC se recusava a reconhecer ou responder a essa petição. Altos executivos das cias. aéreas deixaram claro que a indústria manteria suas opções legais caso as partes não conseguissem chegar a um acordo mais permanente nas próximas semanas.

Esses executivos deram a entender que as conversas recentes entre as partes se concentraram na implementação de alguma forma do “modelo francês” de mitigação da rede 5G Banda C. Esse modelo prevê a redução de dez vezes dos sinais da Banda C em pistas de aeroportos com serviços aéreos comerciais ou durante a última milha de aproximação ou primeira milha de decolagem. Essa sugestão havia sido rejeitada anteriormente como “inadequada” para garantir a segurança tanto pela Aerospace Industries Association (AIA) quanto pelas Airlines for America (A4A).

Mas numa carta à secretária da FCC Marlene Dortch, enviada na véspera do Ano Novo, a Verizon acusou a AIA de usar preocupações de segurança sobre a rede 5G Banda C para manter a implantação da tecnologia “refém” para forçar a indústria sem fio a cobrir os custos de “atualização de quaisquer altímetros obsoletos que, na visão de alguns interesses da aviação, fazem um trabalho anormalmente pobre de filtragem de sinais em bandas muito distantes da banda de altimetria aeronáutica de 4,2 a 4,4 GHz”.

Embora concordem sobre a necessidade de caixas de tratamento de sinal de baixa potência em torno dos aeroportos, as operadoras sem fio não concordam com a indústria quando se trata de helicópteros. Na verdade, representantes do transporte disseram que há apenas a necessidade de sinais de baixa potência diretamente acima dos heliportos públicos porque “os helicópteros decolam verticalmente e não há necessidade de contabilizar uma caixa de tratamento de sinal ao redor de um heliporto”. [EL] – c/ fontes