Pesquisas de choque de aves e aeronaves no EUA buscam estratégias de mitigação, em 02.11.22
As colisões de aeronaves com pássaros (choque aviário – Bird Strike) se tornaram um problema crescente nos aeroportos e nos corredores em baixa altitude destes.
Para os helicópteros, o problema é particularmente grave, dadas as altitudes de cruzeiro mais baixas e a construção mais leve dessas aeronaves.
O perigo foi completamente ilustrado em 04 de janeiro de 2009, quando um Sikorsky S-76C+ operado pela PHI Helicopters colidiu com um falcão de cauda vermelha a 850 pés de altitude sete minutos após a decolagem de Amelia, no Louisiana, e caiu em um pântano, matando oito dos nove a bordo. A ave penetrou no para-brisa e, de acordo com o relatório de acidente do NTSB, o impacto “perto do quadrante de controle do motor provavelmente vibrou os puxadores em T do sistema de extinção de de incêndio, movimentando-os para trás, empurrando os dois ‘gatilhos’ ECL para fora de suas posições de desativação e permitindo um movimento para trás e para dentro ou perto da posição de marcha lenta, reduzindo o combustível para ambos os motores”.
“As colisões de vida selvagem [Wildlife strike] com aeronaves estão aumentando no EUA e em outros lugares”, divulga a FAA. “O número reportado por ano destas ocorrências à FAA aumentou constantemente de cerca de 1.800 em 1990 para 16.000 em 2018. A expansão da população de vida selvagem, uma tendência para aeronaves mais rápidas e silenciosas e o alcance da comunidade da aviação contribuíram para o aumento observado nas colisões com animais selvagens reportadas. Como resultado, tem havido maior ênfase na pesquisa de risco de colisão de vida selvagem e gerenciamento de vida selvagem em aeródromos”.
Quando a FAA refere-se à “vida selvagem”, está falando principalmente de aves (pássaros). A FAA relata 3.744 colisões de pássaros em helicópteros à turbina desde 2005 e 138 até agora neste ano até setembro. Desses mais de 3.700 eventos de colisão, quatro resultaram em aeronaves classificadas como “destruídas”, com 234 incorrendo em danos classificados como “substanciais”.
A questão das colisões com pássaros e como mitigá-las foi o tema de um painel na conferência da Vertical Aviation Safety Team (Equipe de Segurança da Aviação na Vertical], de outubro, com apresentações de especialistas no assunto, incluindo Travis DeVault, diretor associado de pesquisa do Savannah River Ecology Laboratory (laboratório de ecologia) da Universidade da Geórgia, e Bradley Blackwell, biólogo pesquisador do Departamento de Agricultura do EUA.
DeVault discutiu o comportamento de conflitos aviários e estratégias de mitigação com base em uma variedade de estudos.
O pesquisador disse que a evidência empírica sugere que as aves estão sempre tentando evitar colisões de aeronaves, observando que um estudo de vários anos de aves mortas encontradas ao longo das pistas do Aeroporto JFK, de Nova York, descobriu que os locais de lesão “tendem a estar no lado ventral e posterior dessas aves. Os pássaros as viram [aeronaves] chegando e tentaram iniciar uma resposta de evasão, mas não conseguiram fazê-lo a tempo”, DeVault sustentou.
DeVault disse que a pesquisa também mostrou que os pássaros iniciaram a resposta de evasão (escape) a uma distância quase constante de 92 pés (28 m.), independentemente da velocidade da aeronave. Os pássaros também levam 0,8 segundos quase constantes para “livrar o caminho do veículo assim que ele iniciar a manobra de desvio”. Isso significa que os pássaros normalmente não conseguem livrar o caminho de uma aeronave que se aproxima viajando a mais de 65 KT.
Os desincentivos ao habitat que limitariam a água, a comida e a cobertura das aves são críticos para a redução de ocorrências de choques. DeVault apontou que a quantidade de grama de superfície nos aeroportos do EUA é de quase 1.300 milhas² (3.365 m²), maior do que o Estado americano de Rhode Island. Mitigações de tecnologia não letal, como o uso de dispositivos acústicos, mostram resultados mistos com base nas espécies.
Já o biólogo pesquisador Blackwell disse que várias pesquisas sobre reações de pássaros à iluminação de pulso de aeronaves e vários tons de luz no espectro de infravermelho são promissoras. Um estudo anedótico após a instalação de iluminação pulsada nos Boeing 737 da Qantas mostrou uma queda de 24% nas colisões e uma economia anual em reparos de US$ 1 milhão em comparação com aeronaves aéreas não tão equipadas.
Um estudo usando gansos e drones mostrou que luzes LED brancas pulsantes iniciaram uma resposta das aves quatro segundos mais rápida. As aves tendiam a evitar inicialmente as luzes azul e vermelha, mas evitavam mais o azul. No entanto, com o tempo, os gansos foram atraídos pelo vermelho. “Isso não é bom para as aeronaves”, disse Blackwell.
O biólogo pesquisador disse que a pesquisa contínua que será concluída no próximo ano está se concentrando em “construir a primeira luz de aeronave que se destina a melhorar a detecção e a resposta de evasão das aves”. [EL] – c/ fontes