Petrobras prevê atender “100% da demanda” de SAF do Brasil até 2029, com sua produção em quatro refinarias a partir da “rota do coprocessamento”, em 10.12.25
Fonte: Reuters/InfoMoney – 10/12/2025
A Petrobras acredita que conseguirá atender 100% da demanda nacional por combustível sustentável de aviação (SAF) entre 2027 e 2029, no início da obrigatoriedade do uso do biocombustível no país, disse o gerente de desenvolvimento do refino da companhia, Carlos Antônio Machado.
A partir de 2027, as companhias aéreas terão de adicionar obrigatoriamente alguma parcela do produto renovável ao querosene de aviação fóssil para diminuir a emissão de gases do efeito estufa (GEE) em pelo menos 1%, conforme legislação aprovada no ano passado. No Brasil, a partir de janeiro de 2029, os operadores passam a ser obrigados a reduzir em 2% as emissões de gases de efeito estufa, demandando potencialmente mais SAF, segundo a legislação. Depois, esses percentuais crescem um ponto percentual ao ano até chegarem a 10% em 2037.
A petroleira pretende atender a demanda de SAF até 2029 com seu produto fabricado a partir da rota do coprocessamento, disse Machado, na segunda-feira (08), acrescentando que as empresas aéreas também se prepararam para exigências internacionais no mesmo sentido.
A Petrobras entende que poderá atender a demanda inicial a partir de quatro refinarias na região sudeste. Depois disso, a empresa planeja unidades dedicadas à produção de SAF, por meio de outras rotas.
Atualmente, a Petrobras já pode produzir SAF por meio de coprocessamento com 1% de conteúdo renovável nas refinarias [1] REDUC – Refinaria de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), e [2] REVAP – Refinaria Henrique Lage, em São José dos Campos, no Estado de SP. Além disso, prevê iniciar no segundo semestre de 2026 a produção na [3] REPLAN – Refinaria de Paulínia, em SP, e na [4] REGAP – Refinaria Gabriel Passos, em Betim, no Estado de MG, com até 5% e até 1% de conteúdo renovável, respectivamente.
“A gente entende que com essa estratégia dessas quatro [refinarias] a gente consegue chegar até 2029 …, até a entrada das nossas unidades dedicadas. Pela nossa previsão de mercado, isso aí atende”, disse Machado, ao participar de workshop com jornalistas sobre transição energética na sede da Petrobras. Machado, no entanto, não informou qual será a demanda por SAF no Brasil nos próximos anos.
O executivo explicou que o coprocessamento é uma das rotas reconhecidas para a produção de SAF e que o produto da Petrobras tem certificado de sustentabilidade ISCC-CORSIA. Segundo ele, esse combustível é mais regulado do que os demais, uma vez que “onde o avião voa não tem acostamento”, brincou.
Após 2029, a Petrobras planeja iniciar a produção de SAF em unidades dedicadas, começando pela [5] Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, no Estado de SP, com 15 mil barris por dia. Posteriormente, planeja produzir também no [6] Complexo Boaventura (ex-COMPERJ), em Itaboraí, no Estado do RJ, com 19 mil barris por dia, e na [7] REPLAN – Refinaria de Paulínia, em SP, com 10 mil barris por dia.
Machado explicou que a rota de coprocessamento é reconhecida internacionalmente e demanda investimento pequeno, mas tem uma limitação para elevar o percentual de conteúdo renovável. “Não consigo chegar a concentrações muito elevadas de conteúdo renovável, porque tem uma limitação técnica”, disse Machado, para emendar: “Para começar a transição, que [a rota de coprocessamento] é importante, porque no início da transição energética, ali do primeiro ano do CORSIA, eu preciso só de 1%, 2%, eu não preciso de mais do que isso”.
A Petrobras realizou suas primeiras entregas de combustível sustentável de aviação no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, na semana passada, após ter se tornado a primeira a produzir o combustível integralmente no país. Foram comercializados pela petroleira 3.000 m³ de SAF com distribuidoras que atuam no aeroporto, o equivalente a um dia de consumo nos aeroportos do Estado do RJ, informou a companhia.
O combustível das primeiras entregas foi produzido na REDUC – Refinaria de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, certificada para produzir e comercializar SAF. A REDUC possui autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por essa rota.
“Agora ainda é uma fase não obrigatória, uma fase voluntária. Mas a gente acredita que depois dessa venda, o mercado vai se animar e a gente vai conseguir já vender uma parte no mercado voluntário”, disse Machado.
Plano de Negócios período (de 5 anos) 2026-2030
Anunciado no final de novembro, o Plano de Negócios da Petrobras no período (de 5 anos) 2026-2030 – PN 2026-30 – prevê investimentos totais (CAPEX) de US$ 109 bilhões, sendo US$ 91 bi (83,5%) em projetos da Carteira em Implantação e US$ 18 bi (16,5%) na Carteira em Avaliação, composta por oportunidades com menor grau de maturidade.
No horizonte do PN 2026-30, a Petrobras destina US$ 15,8 bilhões em investimentos na carteira em Implantação Alvo para o segmento de Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC), uma parcela 17,4% em projetos da Carteira em Implantação, e 14,5% do CAPEX.
No segmento de refino, os recursos se concentram na expansão e na adequação do parque de refino, visando à produção de combustíveis de alta qualidade e de baixo carbono. Com esses projetos, a companhia prevê ampliar (em 17%) sua capacidade instalada de processamento de 1,8 milhões bpd para 2,1 milhões bpd até 2030, um acréscimo de 320 mil bpd, incluindo os projetos em avaliação. Essa ampliação será suportada por projetos dentro das plantas existentes, sem necessidade de construção de novas refinarias. Além disso, até o fim do quinquênio do PN 2026-30, o perfil da produção também será aprimorado, com maior participação de produtos de alto valor agregado.
Estão incluídos investimentos em biorrefino para a produção de combustíveis com conteúdo renovável, como a construção, na RPBC, da planta dedicada de Bioquerosene de Aviação – BioQav (SAF) e Diesel 100% renovável (HVO) via rota HEFA (Hydroprocessed Esters and Fat Acids) e adaptações nas refinarias REGAP e REPLAN para produção de SAF via coprocessamento. Há ainda outros projetos e estudos envolvendo produção de bioprodutos nas refinarias da Petrobras.
A Petrobras também investirá US$ 1 bilhão em iniciativas para aumentar a eficiência operacional e energética das suas refinarias, por meio do programa RefTop. Essas iniciativas contribuirão para alcançar a meta de intensidade de emissões de suas operações de refino e garantir uma disponibilidade operacional igual ou maior que 97% até 2030.
