Petrobras reservará duas unidades dedicadas para produção de SAF – Cubatão/SP e Itaboraí/RJ – por maior valor agregado, em 25.02.24


Fonte: Estadão/InfoMoney – 23/02/2024
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras (PETR), Mauricio Tolmasquim, disse na sexta-feira dia 23 que a petroleira vai reservar as unidades dedicadas de produção de combustíveis renováveis para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF). A estratégia se deve ao fato de o produto ter valor agregado superior ao de outros produtos, como o “Diesel R”, que, por ora, vai seguir sendo produzido majoritariamente em unidades de coprocessamento de óleos vegetal e fóssil.

O diretor da Petrobras fez os comentários em seminário sobre biocombustíveis organizado pela Universidade Columbia, no Rio de Janeiro, em evento paralelo à agenda do G20 na cidade.

Tolmasquim detalhou que a unidade totalmente dedicada à produção de BioQAv na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), terá capacidade para produzir 15 mil barris por dia (bpd) do produto, enquanto a unidade a ser ativada no Pólo Gaslub, no RJ (em Itaboraí), vai produzir 19 mil bpd. Os dois projetos somarão produção de 34 mil barris por dia (bpd) de SAF, com a Pólo Gaslub respondendo (em parcela) por 55,9% e a RPBC respondendo por 44,1%. Somada, a futura capacidade de 34 mil bpd vai representar até 30% do mercado atual brasileiro, volume, portanto, “relevante” nas palavras de Tolmasquim.

Lembrou Tolmasquim que o plano estratégico da Petrobras até 2028 prevê investimento de US$ 1,5 bilhões em negócios de biorefino, sem contar pesquisa e desenvolvimento, que contam com recursos em separado.

Tolmasquim afirmou que o biorefino segue como um dos principais focos da Petrobras em sua busca pela descarbonização de seus negócios, ao lado dos investimentos em novos combustíveis (Hidrogênio Verde e Amônia Verde) e geração de energia renovável (solar e eólica onshore e offshore).

Segundo Tolmasquim, um dos principais focos da Petrobras em biocombustíveis de última geração tem a ver com as metas futuras de descarbonização obrigatórias nos mercados de aviação e de navegação – para o qual a Petrobras pretende fornecer metanol verde.

“Não tem oferta de combustível verde no mundo para isso. Trata-se de um grande mercado aberto. Existe um mercado e não tem oferta. Quem chegar tem um mercado totalmente disponível, o sonho de qualquer empresa”, disse Tolmasquim sobre os mercados de combustíveis renováveis para os setores de aviação e navegação.

Sem oferecer maiores detalhes, Tolmasquim disse ainda que a Petrobras tem memorandos de entendimento com empresa européia de navegação para o fornecimento de metanol verde e um outro, com empresa asiática, para cooperação na produção de amônia verde.

A refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), é uma unidade com alta capacidade de conversão, produzindo dezenas de derivados de grande valor de mercado e padrão internacional. Hoje, seu parque conta com unidades de gasolina de aviação (AvGas), coque de petróleo, destilações atmosféricas, tratamento de diesel e tratamento de gasolina, recuperação de aromáticos, reforma catalítica, separação de hexano e tratamento de GLP, etilação e gás natural. A atual capacidade instalada é de 178 mil barris/dia (28.300 m³/d); os principais produtos são gasolina de aviação (AvGas), gasolina A, gasolina Podium, gasolina de competição, coque de petróleo, óleo diesel, gás de cozinha, nafta petroquímica, gás natural, combustível para navios (bunker), hidrogênio, butano desodorizado, benzeno, xilenos e tolueno, hexano, enxofre, resíduo aromático, etc. A maior parte dos produtos destina-se à capital paulista. Há, ainda, uma parcela para Baixada Santista e regiões Norte, Nordeste e Sul.

O anterior e inicialmente denominado Complexo Petroquímico, localizado em Itaboraí (região metropolitana do Rio de Janeiro), ganhou nova designação Polo GasLub Itaboraí, e ora trata-se de um projeto passando por transformações. Novas soluções estão sendo avaliadas para o parque, entre outras uma planta de processamento de lubrificantes, a partir de interligações já existentes de algumas unidades do Pólo com a Refinaria de Duque de Caxias (REDUC), na baixada fluminense, permitindo a produção de lubrificantes e combustíveis de alta qualidade a partir de produtos intermediários da refinaria e uma térmica em parceria com outros investidores para geração de energia a partir do gás do pré-sal processado no GasLub. O parque segue com as obras para conclusão da construção do Projeto Integrado Rota 3, que inclui uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) e um gasoduto, cuja previsão era 2022; o “Rota 3” terá capacidade para escoar e processar diariamente 21 milhões de metros cúbicos de gás do pré-sal.