Procedente da Bolívia, em vôo clandestino, com quase 300 kg de droga, monomotor C182 de matrícula brasileira é interceptado pela FAB, que cumpre protocolo com tiros de aviso e de detenção, e piloto pousa forçado em Brasnorte, em 08.09.21


A FAB interceptou por volta das 19 horas (horário de Brasília) desta terça (07), no norte do Mato Grosso, uma aeronave de pequeno porte que entrou no espaço aéreo brasileiro sem autorização. A aeronave não tinha Plano de Vôo e ingressou no espaço aéreo do Brasil pela fronteira da Bolívia.

As aeronaves de Defesa Aérea A-29 “Super Tucano” dos esquadrões 3º/3º GAV (Esquadrão Flecha) e 2º/3º GAV (Esquadrão Grifo), e o avião radar E-99 do 2º/6º GAV (Esquadrão Guardião) foram empregados para monitorar e interceptar o avião.

Os pilotos de defesa aérea seguiram o protocolo das medidas de policiamento do espaço aéreo brasileiro, “interrogando” o piloto da aeronave, mas não obtiveram resposta. Nesse momento, a aeronave foi classificada como suspeita, conforme previsto no Decreto 5.144, de 16 de julho de 2004.

Na sequência, os pilotos da FAB ordenaram a mudança de rota e o pouso obrigatório em aeródromo específico, porém o piloto do avião interceptado não obedeceu. Foi necessário, então, que a Defesa Aérea comandasse o tiro de aviso. Ainda sem retorno, a aeronave foi considera hostil, e foram realizados os procedimentos de tiro de detenção. Após a execução do tiro de detenção, a aeronave fez pouso forçado no norte do Estado do Mato Grosso. 
A partir do pouso da aeronave, em um campo no município de Brasnorte, então a Polícia Federal assumiu as Medidas de Controle de Solo (MCS). O piloto se evadiu antes da chegada dos policiais e na aeronave foram encontrados 296 kg de cloridrato de cocaína e ainda 1 kg de maconha.

Posteriormente, o piloto foi encontrado pela polícia, ainda na noite.

Todo o material apreendido foi encaminhado para a base da PF em Cuiabá.

A polícia informou que as buscas continuar para tentar localizar outros integrantes de uma suposta organização criminosa envolvida no tráfico de drogas entre Brasil e Bolívia.

De acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), os radares identificaram a aeronave entrando no espaço aéreo brasileiro. O avião, sem contato com o controle, descumpriu todas as medidas de policiamento realizadas, mostrando-se hostil.

A ação faz parte da Operação Ostium para coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em conjunto a Força Aérea Brasileira e a Polícia Federal, e contou com o apoio do Grupo Especial de Fronteira (GEFRON)/MT, do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER)/MT e das Polícias Militares dos Estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.

O avião interceptado é o monomotor Cessna C182P de prefixo PT-INM (registro de produção sn 182-61614, ano de fabricação 1973), registrado na categoria do transporte privado, pertencendo a uma empresa e operado por Pessoa Física, estando como comunicação de venda. O último registro de compra/transferência é de novembro de 2016.O avião tem aprovação para três passageiros e MTOW de 1.338 kg, e operação VFR diurna/noturna. O avião tem Certificado de Aeronavegabilidade (CA) emitido em dezembro 2018; o Certificado de Verificação Aeronavegabilidade (CVA) estava vencido desde novembro de 2019, levando à suspensão do CA, com o avião restando irregular perante ANAC.

Brasnorte dista cerca de 235 MN a NW de Cuiabá/SBCY. E cerca de 60 a SE de Juína/MT, de 60 MN a SW de Juara/MT, e de 100 MN a N-NE de Sapezal. A oeste de Brasnorte, cerca de 110 MN, está a divisa com o Estado de RO, Vilhena/RO distando cerca de 130 MN a SW de Brasnorte. A fronteira com a Bolívia, a SW de Brasnorte, cruzando Comodoro/MT (140 MN de Branorte e 60 MN a oeste de Sapezal), dista cerca de 185 MN.

O município de Brasnorte tem 17 aeródromos cadastrados, a maioria “pista-fazenda”. O aeródromo privado Brasnorte (SDNB), em altitude de 1.060 pés, tem pista (08/26) de cascalho de 20 x 1.200 m. E o aeródromo privado Malibu do Parecis (SSQM), a cerca de 70 MN a SE-S de SDNB, em altitude de 1.296 pés, tem pista (15/33) de terra de 20 x 800 m.

O aeródromo privado Cravari (SD66), a cerca de 40 MN a SE-S de SDNB, em altitude de 1.014 pés, com pista (01/19) de concreto de 30 x 1.410 m., é cadastro recente, de março deste ano.

A sudoeste de Brasnorte (SDNB), o aeródromo privado “Fazenda Brasnorte” (SD6U), em altitude de 1.447 pés, com pista (18/36) de terra de 20 x 1.200 m., é cadastro de abril passado.

A sudoeste de Brasnorte (SDNB), o aeródromo privado São José da Boa Vista I (SD8R), em altitude de 1.099 pés, tem pista (06/24) de terra de 18 x 900 m., é o cadastro mais recente, de maio passado.

A sudoeste de Brasnorte, até Sapezal, existem pistas-fazenda (do município de Sapezal) cadastradas.

Atualização: o painel SIPAER, do CENIPA, listou a ocorrência como “acidente”, registrado no horário de 22:00Z (18:00LT).

Na súmula, o avião foi encontrado abandonado numa área fora de aeródromo, após a tentativa de realização de um pouso forçado, com alguns danos em sua estrutura e contendo em seu interior cloridrato de cocaína, com massa bruta total de 296,2 kg. A aeronave teve danos substanciais.

Atualização [G1 – em 27/09/2021] – um jovem de 19 anos foi preso preventivamente em Catanduva (SP) suspeito de ser o piloto do avião, transportando 300 kg de droga, que foi interceptado e pousou forçado em Brasnorte (MT).

De acordo com a Polícia Federal de São José do Rio Preto (SP), a prisão foi feita no último dia 21 (de setembro) durante cumprimento de mandado expedido pela 5ª Vara Federal de Cuiabá (MT).

O jovem conseguiu escapar, mas um segundo ocupante já fora preso, no mesmo dia de pouso.

Ainda segundo a Polícia Federal, o jovem de 19 anos foi identificado durante investigação e preso preventivamente no aeroclube de Catanduva. “Essa atividade faz parte de esforço conjunto e integrado das forças envolvidas para a repressão a voos ilícitos de pequenas aeronaves carregadas com drogas oriundas dos países vizinhos”, divulgou a corporação em nota.