Queda de entrega de jatos Falcon, para 26 unidades (19%) e caças Rafale (2 unidades/13%)atinge as receitas da Dassault em 2023, para 4,8 bilhões de Euros (US$ 5,2 bi), uma redução de 30% sobre resultado de 2022 (6,9 bilhões de Euros), em 08.03.24
A colaboradora da Europa da mídia AIN on line Cathy Buyck postou nota para cobrir os resultados financeiros do ano de 2023 da fabricante francesa Dassault, publicados no dia 06.
A Dassault Aviation divulgou que entregou 26 jatos executivos Falcon no ano passado, seis aeronaves (18,8%) a menos do que em 2022, não conseguindo atingir a meta para ano definida em março de 2023 de 35 entregas (uma diferença de 9 unidades, ou 25,7%).
A Dassault também teve uma pequena escassez de entregas de caças Rafale, com 13 entregues no ano passado, em vez das 15 unidades projetadas (uma redução de 2 unidades, 13,3%). Entregou 14 Rafales em 2022.
Este resultado de entregas participou para uma queda de 2,1 bilhões de Euros, 30,4% da receita anual, de 6,9 bilhões de Euros em 2022 para 4,8 bilhões de Euros (US$ 5,2 bi). O lucro líquido ajustado do grupo aumentou 6,7% ano a ano, para € 886 milhões.
A Dassault divulgou que está trabalhando duro para obter melhor controle de sua cadeia de suprimentos, uma vez que pretende aumentar as entregas de seus jatos executivos Falcon para 35 neste ano, (um aumento de 9 unidades sobre 2023, ou 34,6%), aproximando o total registrado de entregas pré-Covid de 40 unidades em 2019.
Em ambas as unidades de negócios, o presidente e CEO Eric Trappier apontou problemas na cadeia de abastecimento para a taxa decrescente de entregas, indicando que o problema é mais grave com a linha de produção Falcon. “É mais complicado para os [jatos] Falcon porque existem várias cadeias de abastecimento com diferentes fornecedores para o 8X, para o 900LX, para o 2000LXS, para o 6X e também para o 10X”, disse Trappier para a imprensa e agentes de mercado.
Outro fator foi a certificação Tipo e entrada em serviço mais tardia do que o previsto do Falcon 6X. O jato executivo de cabine larga de ultralongo alcance recebeu certificação simultânea da EASA e da FAA em agosto, e a primeira aeronave entrou em serviço com a própria Dassault em novembro, com a primeira entrega externa ao cliente ocorrendo no mês passado. Posteriormente, as entregas de “6X” que estavam programadas para 2023 foram adiadas para este ano, explicou Trappier.
A Dassault alertou que certas limitações – insuficiências – dos fornecedores, juntamente com a escassez de capacidade, principalmente para aeroestruturas, continuarão a pesar sobre os seus negócios neste ano. No entanto, Trappier afirmou que “as coisas estão melhorando e internamente estamos a tentar ter uma imagem melhor da cadeia de abastecimento, a fim de antecipar o que vai acontecer com os fornecedores [em dificuldades]”.
A fabricante mudou para uma gestão centralizada de fornecimentos de aeroestruturas para implementar ações corretivas. Em alguns casos, está a fornecer apoio, inclusive financeiro, a alguns dos seus subcontratantes, ao mesmo tempo que avança com a sua estratégia “Make in India” para movimentar alguma produção.
A Dassault Reliance Aerospace Limited (DRAL), a joint venture da Dassault e da indiana Reliance Aerospace, já está produzindo as seções T12 e T4 para o Falcon 2000. “As peças são [fabricadas] dentro do prazo [e estão] de acordo com nossos padrões de qualidade. Eles são mais baratos que na França. Então é uma experiência muito positiva”, comentou Trappier.
Enquanto isso, a Dassault Aviation segue ativamente envolvida no desenvolvimento da cadeia de abastecimento indiana e planeja assinar contratos no início de 2024 com várias empresas indianas, incluindo a Dynamatic para tanques T5 para o Falcon 6X e com a Aerolloy para desenvolver uma filial de fundição de titânio.
No ano passado, a Dassault recebeu pedidos de 23 novos jatos Falcon, o que representou pouco mais de um terço (35,9%) das 64 unidades encomendadas em 2022. “Estamos vendendo muito bem no EUA, não tanto na Europa, e talvez isso esteja refletindo algumas preocupações em Europa”, disse Trappier. “Do ponto de vista econômico, o mercado do EUA vai bem, há pleno emprego. Mas na Europa, alguns países estão em recessão, alguns estão perto da recessão e alguns têm dívidas muito elevadas. Isto levará a algumas decisões orçamentais rigorosas a nível nacional para alguns países. Portanto, este não é um ambiente encorajador para comprar uma aeronave executiva na Europa”, completou Trappier.
Enquanto isso, a Dassault tem grandes esperanças no novo modelo com projeto em elaboração Falcon 10X, especialmente entre os clientes asiáticos. Espera-se que o modelo seja certificado e entre em serviço em 2027 – dois anos depois das estimativas anteriores.
A entrada total de encomendas do grupo francês em 2023 ascendeu a 8,3 bilhões de Euros, em comparação com 20,9 bilhões de Euros em 2022. As encomendas da unidade de Defesa representaram a maior parte, totalizando 6,5 mil milhões de Euros devido à venda de 60 caças Rafales – 42 para os militares franceses e 18 para clientes de exportação.
Em 31 de dezembro, a carteira de pedidos da Dassault incluía 84 jatos Falcon, abaixo dos 87 jatos no final de 2022. A carteira de pedidos do Rafale aumentou de 164 para 211. [EL] – c/ fonte