Sanções à Rússia podem prejudicar todo o mercado de aviação executiva, em 11.03.22


Em post nesta quinta dia 10 na mídia AIN, o articulista Charles Alcock aborda que quase 500 aeronaves executivas com conexões significativas com a Rússia agora estão potencialmente envolvidas em restrições operacionais e sanções impostas por nações ocidentais em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, de acordo com o grupo de dados de aviação WingX.

Conforme Alcock, o diretor-gerente da WingX Richard Koe disse que o fechamento do espaço aéreo e as ameaças de ativos apreendidos prejudicaram significativamente uma perspectiva positiva para o setor de aviação executiva nas últimas semanas.

Durante um briefing especial na conferência anual da BBGA – British Business & General Aviation Association (Associação da Aviação Geral-Executiva Britânica), realizada nesta quinta dia 10, os operadores de aeronaves revelaram a questão dos maiores custos envolvidos para redirecionamento das operações do espaço aéreo russo.

Um dia depois que autoridades do Reino Unido retiveram, no aeroporto de Farnborough, em Londres, um jato executivo Bombardier Global 6500 registrado em Luxemburgo, especialistas também alertaram que as empresas terão que ter certeza de que não estão violando sanções e outras restrições, talvez inadvertidamente.

“Agora há um aumento maciço na due diligence [diligência mútua] que precisa ser feita”, alertou o advogado de aviação Aoife O’Sullivan, sócio da The Air Law Firm e presidente do BBGA. O’Sullivan alertou que as empresas precisam determinar por si mesmas se uma aeronave é de propriedade de uma entidade russa e reconheceu que acordos como propriedade fracionada podem complicar essa avaliação.

De acordo com George Galanopoulos, CEO da Luxaviation UK, a tarefa de due diligence pode ser extremamente onerosa devido ao uso generalizado de empresas de fachada que disfarçam a identidade dos proprietários de aeronaves. Galanopoulos também observou que as responsabilidades dos operadores de manter corretamente as aeronaves gerenciadas agora podem estar em desacordo com os novos requisitos para não facilitar a operação de ativos de propriedade russa.

Este ponto foi endossado pelo CEO da Gama Aviation, Marwan Khalek, que disse que as empresas de gerenciamento têm o dever de cuidar das aeronaves, e a falta de manutenção desses ativos pode facilmente violar acordos com bancos ou empresas de leasing. “As fabricantes de aeronaves agora estão tomando medidas unilaterais em termos de fornecimento de peças e manuais e etc”, observou Khalek.

Novas regras introduzidas pelo governo do Reino Unido em 08 de março, tornaram crime violar a proibição de qualquer aeronave que tenha qualquer conexão com a Rússia por meio de registro ou propriedade, mesmo que seja apenas fretada por viajantes russos.

Galanopoulos disse para a mídia AIN que os operadores agora precisam estar mais atentos para entender quem realmente está pagando pelo vôo.

De acordo com Koe, cerca de 20 a 25% das 469 aeronaves (ie, 94 a 118) “russas” que a WingX está rastreando estão no registro da Rússia, com muitos outras aeronaves registradas offshore (em outras nacionalidades), em jurisdições como Áustria, Malta e San Marino.

Até a Rússia invadir a Ucrânia na última semana de fevereiro, o tráfego “russo” representava cerca de 4.000 setores de vôos, representando um aumento de 25% nos níveis de atividade no mesmo período de 2019.

Koe disse que espera que os operadores de fretamento na Europa Central e Oriental sejam particularmente impactados por uma queda na demanda por vôos com clientes russos. “Era uma parte muito forte do mercado”, afirmou Koe, para prosseguir: “Mas caiu após a invasão e há uma grande exposição particular [para a indústria] com jatos maiores e de longo alcance. O sentimento positivo que vimos em janeiro foi afetado por isso e veremos repercussões severas e uma redefinição do mercado este ano”. [EL] – c/ fontes