Sanções forçam operadoras russas a adaptar jatos do transporte comercial da indústria russa – como  Tupolev TU-204 e Ilyushin IL-96 – como substitutos de jatos executivos, em 03.11.23


Conforme articulista da mídia AIN on line Eugene Gerden, em post no dia 25 passado, o setor da aviação executiva da Rússia está em meio de um novo processo envolvendo a aquisição e operação de  aeronaves viáveis, na sequência das sanções internacionais impostas há mais de 18 meses em resposta ao conflito Rússia-Ucrânia.

De acordo com numerosos relatos de mídia russa, a escassez intensificou-se nos últimos meses, levando a indústria da aviação executiva a transformar aviões de produção em jatos executivos, principalmente para atender às necessidades de departamentos de vôo corporativo de grandes empresas.

Grandes empresas russas apoiadas pelo Estado, como a Gazprom, a Rosneft e a Rostec, têm operado grandes frotas de aeronaves executivas, em grande parte fabricadas no Ocidente, servindo as extensas necessidades de viagens dos seus gestores de topo. Agora, devido às sanções que cobrem a prestação de serviços de manutenção e peças, as empresas têm dificuldade em manter as aeronaves em serviço e ainda mais difícil substituir aeronaves.

De acordo com uma reportagem recente do jornal de negócios russo Kommersant, a agência espacial Roscosmos e o grupo de energia Gazprom estão procurando restaurar Tupolev TU-204 que foram desativados.

De acordo com estimativas de analistas da indústria, o custo de conversão dos jatos de 200 lugares em transportes VIP chegará a cerca de US$ 40 milhões e provavelmente envolveria equipar as aeronaves como motores russos Perm PS-90, mais antigos, em oposição aos turbofans PS-90A2 mais recentes, desenvolvido pela Perm com a Pratt & Whitney.

Um porta-voz da Roscosmos, que precisa transportar pessoal de/para seus locais de lançamento de foguetes, pretende comprar aviões TU-204 usados e, posteriormente, TU-214.

Algumas empresas também estão considerando conversões do maior avião do transporte comercial de produção russa Ilyushin IL-96.

Ao momento, empresas russas não têm como adquirir de forma legítima e direta aeronaves executivas, de produção ocidental. No entanto, de acordo com Dmitry Petrochenko, da plataforma russa BizavNews, adquirir aeronaves importadas através de intermediários é “difícil, mas realista”.

À primeira vista, aeronaves como o TU-204 são substitutos fracos para alternativas norteamericanas de cabine larga e longo alcance, devido em parte à necessidade de ter três pilotos, ao mesmo tempo que consomem muito combustível e necessitam de pistas mais longas. No entanto, à parte as sanções, o enfraquecimento da moeda russa, o Rublo, é outra razão pela qual as empresas vendo-se forçadas a confinar suas compras de aviões ao mercado doméstico de segunda mão e à “sucata”.

E, na prática, as sanções começam a ser ainda mais duras. No final de agosto, o Departamento de Comércio do EUA emitiu listas de sanções ainda mais específicas, visando operadores individuais de aeronaves russas, incluindo a Meridian Air, a North-West, a Premier Avia e a RusJet. O objetivo é tornar ainda mais difícil para essas empresas a manutenção das suas frotas. Embora os vôos para países “amigos” da Rússia, provavelmente não parem, os especialistas jurídicos acreditam que os novos decretos poderão abrir caminho para que mais aeronaves sejam apreendidas fora da Rússia, como já aconteceu com alguns jatos de propriedade de oligarcas russos. Potencialmente, a nova lista poderia induzir aeroportos em países que permaneceram abertos aos visitantes russos, como os Emirados Árabes Unidos, a recusarem a aterrissagem de aeronaves sancionadas. [EL] – c/ fonte