Falta de equipamentos para operação IFR e vulnerabilidade de invasão na área operacional de aeroportos fazem Azul cancelar serviços no interior de RO – em Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena: retomada dependerá da adequação de infraestrutura, em 19.06.20

Fonte: G1 – 19/06/2020
Os problemas estruturais nos aeroportos estaduais fizeram a Azul Linhas Aéreas suspender todos os seus vôos do interior de Rondônia, no cone SE do Estado. A Azul realizava vôos diários de Cuiabá (MT) para Ji-Paraná (180 MN a SE de Porto Velho/SBPV e 150 MN a NW de Vilhena/SBVH), Cacoal (220 MN a SE de Porto Velho/SBPV e a 40 MN a SE de Ji-Paraná, e 110 MN a NW de Vilhena/SBVH) e Vilhena (a 330 MN a SE de Porto Velho/SBPV e a 290 MN a NW de Cuiabá/SBCY), anteriormente à pandemia do Covid.
Para matéria da G1, a Azul informou nesta semana ter optado em não retomar suas operações nas três localidades por causa das deficiências de estrutura aeroportuária. Para a Azul, a retomada de suas operações no interior do Estado de RO vai depender de adequações de segurança. “Embora as cidades rondonienses já contassem com as operações da companhia antes da pandemia da Covid-19, a falta de infraestrutura nesses aeroportos vinha trazendo dificuldades para as operações da Azul, resultando em atrasos e cancelamentos constantes”, informa a cia. aérea.
Relativamente ao aeroporto de Ji-Paraná (SBJI), a Azul aponta para a pendência da desapropriação de terreno contíguo a uma das extremidades da pista, para adequação para operação IFR. Segundo a Azul, isso é fundamental para a aproximação de aeronaves no período noturno e em condições meteorológicas adversas.
Conforme ROTAER e NOTAM vigente, o aeroporto está com homologação somente para operação VFR diurna e noturna. Existem procedimentos para operação IFR de saída e chegada, por navegação por satélite (GNSS-RNAV), com duas cartas (uma SID RWY 03/21 e uma IAC RWY 03). As duas cartas estão “suspensas” por NOTAM de 05/12/2020 – a carta de Saída (SID) para operação das duas cabeceiras pelo NOTAM de N0284 e a carta de Aproximação (IAC) para operação da cabeceira 03 pelo NOTAM de N0286, desde 05/12/2019 até 31/12/2022.
A operadora aeroportuária contratada pelo Governo estadual é a INFRAERO. À altitude de 597 pés, o aeroporto tem pista 03/21 de 45 x 1.800 m., de asfalto, com resistência de piso PCN 30 e resistência de subleito baixa. A cabeceira 09 tem sistema PAPI (com rampa de aproximação de 3,05º). O aeroporto tem serviço de informação de vôo (AFIS), com a Rádio “Ji-Paraná”, com horário de funcionamento 10:00-22:00Z (06:00-18:00LT), contando adicionalmente com o serviço de informação meteorológica por radiodifusão automatizada (ERAA), com frequência própria. A operação noturna deverá ser previamente solicitada pelo operador aéreo junto à administração do aeroporto.
Conforme NOTAM (G0818/20R, de 05/06/2020 até 12/08/2020, sucedendo G0699/20), o rádio-auxílio NDB “RON” (que baliza aerovias superiores UL332 e UL655) está fora de serviço no momento.
Relativamente ao aeroporto de Cacoal (SSKW), a Azul aponta para a limitação do aeroporto para somente operação VFR. Segundo a cia. aérea, um equipamento de auxílio à operação de pouso foi instalado há vários meses, porém ainda não teve a documentação validada.
Conforme ROTAER e NOTAM vigente, o aeroporto tem homologação para operação VFR diurna e noturna. À altitude de 817 pés, o aeroporto tem pista 16/34 de 45 x 2.100 m., de asfalto, com resistência de piso PCN 31 e resistência de subleito alta. A pista tem somente sistema de iluminação do balizamento. O aeroporto não tem serviço de informação de vôo (AFIS), nem serviço de informação meteorológica por radiodifusão automatizada (ERAA). A operação noturna deverá ser previamente solicitada pelo operador aéreo junto à administração do aeroporto – uma vez do curto período de funcionamento oferecido normalmente – do Pôr sol até 22:00Z (18:00LT).
Quanto ao aeroporto de Vilhena (SBVH), o problema de falta de segurança para invasão da área patrimonial, incluindo a área operacional, com a constante ocorrência de violação do cercamento. A Azul sustenta que esse problema, a vulnerabilidade do cercamento, permite a invasão de animais até a pista, com o compromentimento de margem de segurança operacional na movimentação de aeronaves, principalmente em pouso e decolagem. O risco de invasão de animais na pista do aeroporto de Vilhena chegou a ser alertado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), no início de junho, quando uma coruja ficou presa a um arame no lado do aeroporto. “A ave estava perto da cerca, mas poderia ter ido para a pista e assim uma possível de quase colisão ou colisão [com aeronave]. É essa a importância de um Plano Básico de Gerenciamento de Risco de Fauna, que não tem em Vilhena, mas já existe em aeroportos como o Galeão (RJ)”, disse Thiago Baldine, da SEMMA.
Conforme ROTAER e NOTAM vigente, o aeroporto tem homologação para operação VFR e IFR diurna e noturna. Na divisa de RO com o MT, junto da BR-174 (a oeste) e de terra indígena a leste, à altitude de 2.018 pés, o aeroporto tem pista 03/21 de 30 x 2.600 m., de asfalto, com resistência de piso PCN 30 e resistência de subleito alta. Nota em ROTAER recomenda atenção e cautela devido à condição de pavimento esgorregadio (da pista 03/21). A cabeceira 09 tem sistema APAPI. O aeroporto tem serviço de informação de vôo remoto (AFIS-R), a partir de Centro de Controle de Área (ACC) Amazônico, em Manaus, com a Rádio “Vilhena”, com horário de funcionamento 11:00-23:00Z (07:00-19:00LT). Conforme NOTAM (G0814/20N, de 04/06/2020 até 03/07/2020), as instalações de iluminação da área de pouso estão fora de serviço no momento. Nota em ROTAER informa a concentração de pássaros (presença aviária) nas imediações da pista.
O aeroporto aloca dois rádio-auxílios à navegação, o NDB e o VOR “VLH”, que balizam procedimentos de saída e aproximação no aeroporto e também aerovias em espaço aéreo inferior (Z15) e superior (UL655). A operação IFR tem procedimentos de saída para as duas cabeceiras, por navegação convencional, e de aproximação por navegação convencional (VOR e NDB) e por satélite, para as duas cabeceiras.
A manutenção dos aeroportos do interior do Estado é de responsabilidade do governo de Rondônia, através do Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura e Serviços Públicos (DER-RO).
Em fevereiro, o DER-RO divulgou que a prioridade da atual gestão é “apoiar e fomentar a aviação regional”.
À Rede Amazônica, o coordenador de infraestrutura aeroportuária do DER-RO, Eduardo Antônio Leal Fernandes, informou estar fazendo uma cobrança à ANAC onde solicita que uma nova cerca seja implantada ao redor do aeroporto de Vilhena. Segundo Fernandes, até o final do ano essa cerca será instalada, mas ele afirma também realizar rondas com veículos na pista para visualizar se há algum tipo de animal que possa, por ventura, impedir o pouso ou causar um acidente. “Um novo balizamento noturno está sendo estudado para maior segurança dos pousos noturnos em Vilhena”, disse Fernandes.
Antes da pandemia de Covid-19, Vilhena, Cacoal e Ji-Paraná movimentavam cerca de 13 mil passageiros através da Azul, por mês.