Gol e Vibra firmam acordo Book and claim para compensação de emissões pelo uso de SAF à base de óleo de cozinha fornecido pela SkyNRG no Aeroporto Schiphol, em Amsterdã (Holanda), em 20.06.24
Fonte: Reuters/InfoMoney – 18/06/2024
A cia. aérea Gol e a distribuidora de combustíveis brasileira Vibra (VBBR) concluíram o primeiro acordo book-and-claim da América Latina para compensar emissões de carbono por meio de combustível de aviação sustentável (SAF) na América Latina, disseram executivos das empresas.
O sistema book-and-claim permite que as operadoras aéreas compensem emissões de poluentes através da compra de créditos por utilização de SAF (indisponível numa localidade) por outras empresas do setor, e é visto como uma forma de ajudar as operadoras a reduzir “pegada” de carbono enquanto o SAF ainda não está amplamente disponível.
A transação foi pequena, na qual a Vibra forneceu combustível de aviação tradicional para a Gol, cujas emissões de 180 toneladas de CO2 foram compensadas pelo uso de SAF à base de óleo de cozinha fornecido pela SkyNRG no Aeroporto Schiphol, em Amsterdã (Holanda). As aeronaves abastecidas com esse SAF não utilizaram os créditos de carbono originários, que por sua vez foram vendidos à Gol.
O book-and-claim ajuda a reduzir a complexidade logística e operacional relacionada ao uso de SAF, diminuindo também custos como os com transporte de combustíveis, disse o vice-presidente comercial B2B da Vibra, Juliano Prado. “É como se nós estivéssemos abrindo um mercado sem fronteiras para o SAF, mas de uma forma muito controlada, evitando duplicidade [na compensação]”.
A indústria da aviação tem o objetivo de atingir zero emissões líquidas de carbono até 2050 e embora se espere que o SAF seja responsável por 64% destes esforços atualmente o produto representa apenas 0,2% do uso global de combustível de aviação.
A aviação, uma indústria intensiva em carbono, é responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa. Os críticos dos mercados de compensação de carbono, incluindo o Greenpeace, dizem que estes permitem que os emissores continuem a libertar gases estufa.
O acordo entre Gol e Vibra resultou de um projeto piloto para analisar como funcionaria o book-and-claim no Brasil, onde as cias. aéreas ainda não são obrigadas a usar SAF ou reduzir emissões – algo que deve acontecer apenas a partir de 2027.
“A idéia era muito mais a gente entender como funcionava todo o processo do que qualquer outra coisa”, disse Eduardo Calderon, diretor do centro de controle de operações da Gol, lembrando que foram compensadas o equivalente às emissões de 10 vôos entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Calderon disse que as empresas agora apresentarão os resultados às autoridades para que possam discutir maneiras de eventualmente implementarem um projeto “mais sólido, mais abrangente” de book-and-claim no Brasil.
“Hoje, a gente não tem nada no radar para fazer outro book-and-claim num curto período de tempo”, disse Calderón. Mas “sem dúvida”, acrescentou ele, o sistema será importante para as cias. aéreas compensarem as emissões quando forem obrigadas a fazê-lo.