Líderes da indústria do transporte aéreo americano defendem investimento em treinamento de pessoal e maior financiamento pelo governo da FAA em prol dos melhores níveis de segurança operacional, em 19.03.23


Dos sete líderes da indústria da aviação reunidos durante painel no Seminário de Segurança da FAA, na quarta dia 15, em Washington, apenas o presidente da RAA – Regional Airline Association (associação das transportas regionais) Faye Malarkey Black se aventurou a interromper uma pausa após o ex-presidente do NTSB Robert Sumwalt pedir opiniões sobre os motivos da recente onda de eventos de incursão de pista ocorridos nos EUA.

Faye apontou um ritmo acelerado de mudança na indústria como um fator, observando a importância da vigilância e a aplicação consistente de ferramentas como sistemas de gerenciamento de segurança (SMS – Safety Management System).

“Acho que o que estamos vendo agora, do que todos estamos cientes, e parte do motivo de estarmos aqui é … o ambiente está mudando”, Faye disse. “E é um bom momento para falar sobre as ferramentas de segurança e como podemos garantir que estejamos à frente dessas mudanças. Não apenas acompanharmos, ficarmos dois passos à frente e vermos que esse ritmo de mudança está se acelerando … A parceria será muito, muito importante quando olhamos para novos entrantes e novas tecnologias. À medida que isso muda, o mesmo acontece com o risco associado. Não devemos falar apenas sobre os incidentes agora, mas os incidentes que poderemos ver amanhã com a chegada de novos participantes”.

Depois de pedir mais comentários ao painel e não obter nenhum, Sumwalt voltou sua atenção para a questão da resiliência do sistema nacional de espaço aéreo (NAS – National Airspace System) do EUA.

O presidente da NATCA – National Air Traffic Control Association (Associação Nacional de Controle de Tráfego Aéreo), Rich Santa, expressou preocupação com as deficiências de pessoal de controle de tráfego aéreo (controlador de tráfego aéreo), apesar dos planos de contratação de 1.500 controladores neste ano e 1.800 no ano que vem, no NAS.

“Temos menos 1.200 controladores de tráfego aéreo certificados agora do que tínhamos há 10 anos”, observou Santa. “Quando você tem menos olhos, quando você tem menos posições abertas, isso exige uma redução de eficiência [da operação de vôo] para lidar com os riscos de segurança que são introduzidos. É hora de contratarmos profissionais precisos e adequados para as instalações, para que possamos ter essa resiliência”, disse Santa.

No tocante a tripulantes técnicos (pilotos), Faye acrescentou que, à medida que o fluxo de novas contratações acelera, a qualidade do treinamento deve atender aos padrões que garantam profissionais altamente qualificados e preocupados com a segurança. “Temos que olhar para o treinamento que acontece e a base, certificando-nos de que temos o treinamento suplementar certo, certificando-nos de que temos os programas-ponte certos e certificando-nos de que não estamos contando apenas com horas de vôo como um substituto para a experiência. Porque isso não está nos servindo bem hoje. A realidade é que, quando os pilotos vêm para nossas sessões de treinamento, eles têm muito tempo de vôo. Eles não estão tão bem preparados para o ambiente do [segmento de transporte de linha aérea] PART-121”.

Do ponto de vista de operação de aeroportos, o CEO da AAAE – American Association of Airport Executives (Associação Americana de Executivos de Aeroportos), Todd Hauptli, explicou que seus membros tiveram que manter no quadro 90% de sua força de trabalho como condição para receber financiamento governamental da Covid, deixando um amplo nível de pessoal em tempo integral. No entanto, Todd notou “muita rotatividade” entre contratados e subcontratados, fornecedores e parceiros, e reiterou a importância de um treinamento de alta qualidade para manter os padrões de segurança. “Fazer treinamento e deixar todo mundo atualizado acaba sendo super importante na nossa visão”, Todd disse, para completar: “Isso é muito do que a AAAE faz”.

O presidente da ALPA – Air Line Pilots Association (associação de pilotos de linha aérea), Jason Ambrosi, concordou, acrescentando que o afluxo de novos pilotos, atualizações rápidas e o fato de muitos não terem trabalhado em conjunto e juntos antes também adicionam estresse ao sistema. “Estou muito revigorado ao ouvir toda a ênfase no treinamento porque não poderia estar mais de acordo”, Ambrosi disse, para emendar: “E a última coisa sobre a qual devemos falar é a redução de quaisquer regulamentos ou requisitos de experiência”.

Enquanto isso, o CEO da A4A – Airlines for America, Nick Calio, opinou que o estresse no sistema no todo não atingiu um nível de crise, uma vez que as transportadoras ainda operam 10% menos vôos agora do que antes da pandemia. “E isso porque tivemos que ajustar nossos cronogramas para atender à demanda e garantir que não estivéssemos colocando muita demanda no sistema”, Calio ponderou, para salientar: “Eu acho que isso é importante”. Uma necessidade mais imediata, disse Calio, envolve a própria FAA e a necessidade de maior financiamento da FAA pelo governo do EUA. “Dezessete organizações, incluindo a A4A e todos neste palco, enviaram uma carta ao Congresso na semana passada dizendo que precisávamos financiar adequadamente a FAA”, observou Calio. “Precisa haver financiamento para pessoal, precisa haver financiamento para tecnologia. E agora não estamos atendendo a essa demanda, completou Calio. [EL] – c/ fonte