Indústria da aviação geral-executiva deverá lutar contra a desinformação e falsa narrativa do lobby pró-ambiental, aponta líder da associação britânica do vôo privado (BBGA), em 08.03.23
A indústria da aviação geral e executiva deve ser mais franca e confiante sobre suas conquistas e objetivos ambientais se quiser combater com sucesso a crescente hostilidade do lobby ambiental influente e experiente de mídia. Essa foi a principal mensagem transmitida na conferência anual da BBGA – British Business and General Aviation Association (Associação da Aviação Geral-executiva Britânica, em Londres, na quinta dia 02.
A conferência anual da BBGA, realizada no Leonardo Royal Hotel London St Paul’s, foi brevemente interrompida por ativistas do clima do grupo Fossil-free London (“Londres livre de fóssil”).
O grupo ativista divulgou em uma postagem na sua página de Instagram que a sua mobilização na conferência foi direcionada para afirmar sua crença de que “a aviação é totalmente insustentável [e] atualmente não existe tecnologia para torná-la verde”.
Na programação da conferência, Rana Walker, cofundadora e principal consultora da empresa de desenvolvimento de negócios e gerenciamento de crises GR&AT, disse a representantes do setor que as plataformas de mídia social como Instagram, TikTok e Twitter são ferramentas essenciais para o setor combater a desinformação de oponentes da aviação executiva e comunicar sua “história positiva”. “É algo que não podemos ignorar, por isso temos que nos envolver – e nos envolver de maneira inteligente”, disse Walker.
Batalhas de cliques e clichês e compartilhamento de desinformação podem ser generalizados, reconheceu e lamentou Walker: “Sabemos que a aviação executiva é responsável por apenas 0,04% da emissão global de carbono, mas muitas vezes você é alvo [de grandes poluidores]”, argumentou Walker. Consequentemente, grande parte da narrativa de ambientalistas e seções da grande mídia é negativa, resultando em frequentes pedidos de proibição de jatos particulares, constrangimentos para vôos privados, sobretaxação por passageiros, “ou mesmo acusando a indústria de banho-verde [apropriação indevida de virtudes ambientalistas por parte de organizações ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas]”.
Os ambientalistas utilizam o poder de mídia social com um efeito incrível para impulsionar suas agendas. Notáveis entre eles, sugeriu Walker, são o grupo ativista Just Stop Oil (“apenas pare com o óleo”], com sede no Reino Unido – que usa ‘malabarismos’ publicitários emotivos, como desfigurar obras de arte de valor inestimável e edifícios históricos para chamar a atenção para sua causa – e a ativista ambiental sueca Greta Thunberg. “O efeito Greta é firme, sensacional e tem tudo a ver com sustentabilidade”, disse Walker. “As pessoas acreditam nela. As pessoas a apoiam, principalmente os jovens …então envolver ativistas como Greta na conversa daqui para frente será extremamente importante, não apenas para informar, mas para educar”, acrescentou Walker.
A hostilidade contra a aviação executiva na Europa também se manifestou em uma série de protestos de outros grupos ativistas, como o Extinction Rebellion. Esses protestos de escala incluíram o bloqueio das entradas do Aeroporto de Farnborough e da base de serviços logísticos aeroportuários (FBO) Harrods Aviation no Aeroporto London Luton, no Reino Unido. Protestos semelhantes também foram realizados no aeroporto Linate, em Milão, na Itália, e cerca de 500 membros holandeses do Greenpeace entraram de bicicleta no terminal da aviação executiva no Aeroporto Schiphol, em Amsterdã, e bloquearam aeronaves por oito horas. “Esses grupos ganharam impulso”, admitiu Walker, “portanto, é importante que, como setor, vocês cooperem e trabalhem juntos”.
Walker descreveu a sustentabilidade como “uma questão de todos. É o nosso planeta … e queremos fazer melhor para as gerações futuras”.
Walker acrescentou: “É imperativo, portanto, que a indústria comunique de forma transparente o sucesso que está obtendo nessa área. Você quer ser emissão líquida zero até 2050? Certifique-se de que os formuladores de políticas e o público saibam o progresso que você está fazendo em direção a esse futuro descarbonizado usando mídias sociais, marketing online e offline”, disse Walker.
“Isso inclui ilustrar o progresso feito no desenvolvimento de aeronaves e sistemas de vida sustentáveis, bem como na produção e disponibilidade de combustível de aviação sustentável [SAF]. A produção de SAF triplicou no ano passado. Então, você está dizendo isso em suas plataformas? No seu envolvimento com a mídia e nas conversas com a comunidade? Espero que sim”, disse Walker.
“A indústria pode colaborar efetivamente por meio da mídia, associações comerciais locais e nacionais e escolas e universidades enquanto adicionar um ativista baseado na ciência ao Conselho da sua empresa também pode ajudar a aumentar a conscientização”, sugeriu ela.
Walker finalizou os termos da missão à frente do setor da aviação geral-executiva: “redefinir uma imagem negativa das aeronaves executivas como extravagâncias de homens ricos também é essencial na busca pela aprovação pública. Na realidade, a maioria das aeronaves executivas voa para missões médicas, de carga, humanitárias e relacionadas a negócios, de modo que isso deve ser promovido de forma eficaz”. E completou: “Não se sinta e seja uma vítima, não desvie, mas informe e eduque”. [EL] – c/ fontes