Piloto consegue alternar destino de vôo com sucesso após descobrir uma cobra na cabine de um Baron 58, com cinco ocupantes, em viagem na África do Sul, em 08.04.23
No dia 03 de abril, o bimotor Beechcraft Baron 58 de matrícula sul-africana ZS-JYD (registro de produção sn TH-795, fabricação 1976), com cinco ocupantes (quatro passageiros e um piloto), viajava de Worcester (FAWC), a nordeste de Cape Town (extremo sul na costa leste da África do Sul) com destino de Nelspruit, na costa oeste ao norte da AFS, uma viagem de 774 MN a NE.
Mas, após escala no Aeroporto Internacional Bram Fischer, em Bloemfontein [FABL – 447 MN a NE de Worcester/FAWC], voando para Pretoria/Aeroporto Nacional Wonderboom [FAWB – a 230 MN a NE], voando no nível de cruzeiro FL110, uma emergência por problema inusitado obrigou o piloto a aternar o destino, pousando no Aeroporto de Welkom (FAWM), a 68 MN a N-NE de Bloemfontein, cerca de 505 MN a NE-E de Worcester (FAWC), e ainda 165 MN a S-SW de Pretoria, após o piloto descobrir uma cobra altamente venenosa escondida pelo seu assento.
Em entrevista, o piloto envolvido, o cmte. Rudolf Erasmus, declarou que sentiu “algo frio” deslizando pela parte inferior de sua costa enquanto o avião seguia sua rota de Plano de vôo após partir da cidade de Worcester (FAWC), em Cape Western, a cerca de 45 MN a nordeste de Cape Town, na África do Sul. O cmte. Erasmus olhou para baixo e perplexo viu a cabeça de uma cobra Cape – cobra do Cabo – “descendo para baixo do assento”. O cmte. Erasmus afirmou: “Era como se meu cérebro não soubesse o que estava acontecendo”. Tomando um momento para se comportar, o piloto informou a seus passageiros sobre a presença da cobra: “Houve um momento de silêncio atordoado”, lembrou o piloto.
O cmte. Erasmus avisou o Controle de Tráfego Aéreo (ATC) a sua situação e solicitou autorização para alternar o destino do avião para a cidade sul-africana de Welkom (FAWM) – um vôo de cerca de 15 minutos à frente da posição da aeronave.
“Fiquei olhando para baixo para ver onde estava. Estava feliz debaixo do assento”, contou o cmte. Erasmus. “Não tenho muito medo de cobras, mas normalmente não chego perto delas”, revelou o piloto.
“Voamos de Worcester e paramos no Aeroporto Internacional Bram Fischer, em Bloemfontein [FABL – 447 MN a NE de Worcester/FAWC], para reabastecer e comer alguma coisa. Embarcamos novamente e seguimos para o Aeroporto Nacional Wonderboom [FAWB – a 230 MN a NE], com destino final ao antigo Campo Nelspruit [FANS – 1 46 MN a leste de Wonderboom]”, disse Erasmus.
O cmte. Erasmus disse passando 9.000 pés para 11.000 pés com quatro passageiros quando sentiu algo frio contra seu quadril, por descobrir o que deveria ser uma cobra Cape, uma das cobras mais venenosas da África do Sul. “Estávamos cruzando 9.000 pés para 11.000 pés quando senti algo frio contra meu quadril”, disse o cmte. O piloto disse que inicialmente pensou que o que sentia – frio no quadril – tratava-se do vazamento de sua garrafa de água, até que ele olhou para baixo e viu a cabeça de uma cobra, que ele pensou ser uma cobra Cape. “Estava deslizando sob minha cadeira. Fiquei quieto por um minuto ou dois, porque não queria que os passageiros entrassem em pânico. Eu os informei que uma cobra estava embaixo do meu assento na cabine e eu precisava pousar o avião o mais rápido possível. Felizmente todos permaneceram calmos”.
O piloto então contatou as autoridades relevantes, e obteve a autorização para pousar no aeroporto mais próximo, em Welkom. O vôo para pouso em Welkom demorou entre 10 e 15 minutos.
O cmte. Erasmus disse que a cobra estava muito plácida no vôo.
Após o pouso, todos os passageiros desembarcaram primeiro. O piloto foi o último a sair da aeronave. “Eu fiquei na asa do avião e movi o assento para frente para tentar localizar a cobra. Estava enrolada embaixo do meu assento. Era uma sujeita bem grande”.
Um especialista em aviação, membro da viação sul-africana por 40 anos, comentarista de aviação Lowveld Airshow, e personalidade de rádio FM de Welkom, Brian Emmenis recebeu um telefonema perguntando sobre sua disposição em ajudar a resolver um caso pouco ortodoxo. Atendendo ao pedido, Emmenis telefonou para os serviços de bombeiros e resgate, que prontamente enviaram equipes de emergência – incluindo um tratador de cobras – para receber o avião conduzido pelo cmte. Erasmus, no aeroporto da cidade.
Emmenis foi o primeiro a chegar no aeródromo de Welkom e presenciou o desembarque de passageiros que chamou de “visivelmente abalados”.
“Devo elogiar Rudolf Erasmus pela forma como lidou com a situação,” disse Emmenis.
Emmenis elogiou o comportamento sob pressão do cmte. Erasmus, e comentou: “Ele manteve a calma e pousou aquela aeronave com uma cobra Cape venenosa mortífera enrolada embaixo de seu assento”. Emmenis destacou que o cmte. Erasmus teve que se concentrar em pilotar a aeronave em uma meteorologia muito ruim, sabendo que a cobra estava a bordo, e conseguiu pousar o avião e tirar os passageiros com segurança.
As cobras Cape estão entre as serpentes mais mortais da África do Sul.
Emmenis disse que, ao chegar, ligou para o chefe do corpo de bombeiros local para que fosse destacado um caçador de cobras, que trabalhou no avião em busca da cobra até tarde da noite. O caçador delineou uma espessa camada de farinha de mielie ao redor do avião, de modo que, se a cobra saísse, deixaria um rastro. Pela manhã do dia 04 (seguinte ao vôo), não havia vestígios da cobra, sugerindo que a cobra ainda estaria no interior do avião.
Auxiliado por uma equipe de técnicos de manutenção aeronáutica, o caçador de cobras Johan de Klerk vasculhou o bimotor por quase dois dias – infelizmente, sem sucesso, de encontrar a cobra.
Surgiram as suposições de que a cobra conseguiu escapar do avião na sequência do desembarque dos passageiros, apressados em verem-se livres de um ataque da cobra.
Chris Hobkirk, da Lowveld Venom Suppliers, disse que estava ciente do incidente, mas que era importante observar que não foi verificado se a cobra era ou não uma cobra Cape. Hobkirk disse que se a cobra era de de fato uma cobra Cape (cobra do Cabo), esta espécime tem um dos venenos de neurotoxina mais potentes, até mais que o de uma Mamba-negra; e que, embora seja uma cobra extremamente intimidadora, a cobra Cape não é agressiva e provavelmente morderá apenas se sentir-se ameaçada.
A empresa de engenharia proprietária do avião determinou que o avião deveria ser trasladado imediatamente à cidade sul-africana de Mbombela.
Os quatro passageiros optaram por voltar para casa por meio terrestre, de carro.
Resignando-se à vontade de seu empregador, o cmte. Erasmus preparou-se para o vôo cingindo-se com uma pesada jaqueta de inverno e enrolando um cobertor em volta do assento da cabine. Além disso, o prudente piloto muniu-se de um extintor, uma lata de repelente de insetos e um taco de golfe, que manteve ao alcance da mão durante todo o vôo até Mbombela. “Eu diria que estava em alerta máximo”, disse Erasmus. A cobra não apareceu durante o vôo.
Aos poucos, a incerteza obrigou os proprietários do avião a desmontá-lo internamente, numa inspeção rigoroso em busca da cobra. A cobra, no entanto, não foi encontrada.
A teoria predominante consiste que a cobra encontrou seu caminho a bordo do avião em algum momento entre a inspeção pré-voo e o embarque dos quatro passageiros, do vôo partindo da provinciana Worcestern, na região de Cape Western (onde se concentram as cobras do tipo Cape, na AFS). Os apostadores familiarizados com o incidente estão divididos igualmente em suas alegações de que a cobra desembarcou em Welkom, ou ainda permanece escondida nas entranhas do avião, esperando com paciência reptiliana sobrenatural por uma oportunidade de surgir. “Espero que encontre um lugar para onde ir”, falou Erasmus, para completar: “Só não seja minha aeronave”. [EL] – c/ fontes