Presidente da ALPA rejeita a ideia de reverter a regra no EUA de 1.500 horas de vôo de experiência mínima para piloto de linha aérea, com redução deste mínimo, em 05.06.23


Falando perante o Aero club de Washington (histórico clube de aviação americano, fundado em 1909, em Washington DC), Jason Ambrosi, presidente da ALPA (associação de pilotos do transporte de linha aérea) falou de algumas das próximas ‘batalhas’ que ele vê no futuro da indústria, desde os requisitos de segurança até o aumento de linha de financiamento para educação aeronáutica.

Segundo mídia AeroNews, no geral a mensagem de Ambrosi foi de uma visão interessante sobre onde os ‘ventos regulatórios’ podem estar soprando, ele reiterando seu apoio ao atual cenário regulatório – isso significando que que ele não apoiará mobilização na revisão de alguns requisitos regulatórios relativos à (redução de) experiência mínima de pilotos, (aumento da) idade de aposentadoria compulsória e regras de emprego flexíveis, para o setor do transporte de linha aérea.

O principal ponto é discussão reside na questão do requisito de experiência de vôo mínima para o ingresso de piloto em transportadora de linha aérea, com o atual requisito versus uma alegada escassez de pilotos.

Ambrosi foi taxativo ao rejeitar a idéia de reversão da atual regra de 1.500 horas de experiência mínima para tripulantes do transporte de linha aérea: “O EUA tem pilotos de linha aérea mais do que suficientes para atender à demanda … não há desculpa para tentativas de enfraquecer os padrões de segurança”.

Recentemente, Ambrosi engajou-se para mobilização, e pressão, de partes interessadas para apoiar amplamente o Projeto de Re-autorização da FAA, em meio a uma “luta” contra qualquer iniciativa no sentido de revisão de legislação no interesse da conveniência industrial.

Diante de uma propagada escassez de pilotos (no segmento do transporte de linha aérea americano), Ambrosi opina de imediato justamente o contrário – dizendo que “o Estados Unidos tem pilotos de linha aérea mais do que suficientes para atender à demanda”. E como prova do excesso de aviadores no país, Ambrosi atualizou o número de novas contratações em todos os setores, aludindo à ideia de que as reclamações da indústria de “escassez de pilotos” se baseiam, na verdade, na falta de “pilotos baratos”. Ambrosi disse: “Na verdade, muitas companhias aéreas estão contratando pilotos, o que significa que os pilotos estão deixando cargos menos atraentes para carreiras mais promissoras em outros empregadores”.

Diante da suposta esperada escassez de pilotos nas cias. aéreas, Ambrosi dobra a aposta em manter todas as mudanças regulatórias, com a adoção de requisito da maior experiência mínima de vôo para o transporte aéreo – com o atual requisito de 1.500 horas de vôo -, feitas a partir do acidente com um bimotor turboélice Bombardier Q400 da Colgan Air, em 2009. Manifestações inicias no sentido de revisão com a vota dos níveis de experiência mínima exigidos anteriores (pré-2014) até aqui vêm sendo facilmente neutralizadas por respostas de setores pró-segurança com endosso de apelo dos grupos de familiares das vítimas do acidente do vôo do Q400 da Colgan Air (no vôo 3407). Mas, todavia, paira a dúvida e a incerteza de quanto tempo essa “força” pode persistir, se a opinião e comoção pública mudar o suficiente.

“Não há desculpa para várias tentativas de enfraquecer os padrões de segurança que tornam o vôo o meio de transporte mais seguro. Também é inaceitável promover alegações falsas sobre a oferta e disponibilidade de pilotos simplesmente como um motivo para reduzir a segurança. Esses esforços são perigosos, principalmente quando se trata de requisitos de qualificação, experiência e treinamento de copiloto. Tive a honra e a humildade de me juntar às Famílias do Vôo 3407 em no Centro de Clarence, em Nova York, em fevereiro, para marcar o 14º aniversário de um acidente no qual 50 pessoas morreram – e isso também levou esta nação a agir. Agir para tornar o vôo mais seguro. Para elevar o padrão na formação de pilotos. Para fazer tudo o que pudermos para evitar que outra tragédia do vôo 3407 aconteça novamente”, disse Ambrosi.

O editorial da AeroNews aponta que talvez a posição de Ambrosi mais interessante seja, de fato, de negar o conceito de uma escassez de pilotos no horizonte, por vir. Ambrosi sustenta que a exigência da FAA para que todos os pilotos de transportadoras regulares possuam Licença de Piloto de Linha Aérea (ATPL/PLA) – cuja regra de experiência mínima é 1.500 horas de vôo -, tem sido parte integrante da criação de uma indústria mais segura. Na verdade, desde que a legislação foi alterada, vimos uma redução de 99,8% nas mortes de passageiros de companhias aéreas. Durante esse mesmo período, o EUA formou 64.000 pilotos, enquanto as companhias aéreas contrataram aproximadamente 40.000 postos de piloto”. Ambrosi completa: “Deixe-me repetir isso. Uma vez que serve como a base do que defendemos – e lutaremos para proteger -, quando se trata da próxima Re-autorização da FAA. A formação de pilotos aumentou, a taxa de mortalidade diminuiu e nossos céus são os mais seguros do mundo. Fizemos isso trabalhando juntos. Todos nesta sala, em uma base bipartidária, trabalho e gestão, fizeram isso juntos. Isso porque somos mais fortes juntos”.

O post da AeroNews destaca que, embora esses números sejam muito mais otimistas do que parecem – a FAA viu apenas a adição de 8.805 novos certificados ATPL emitidos em 2022 -, ainda os números desse quadro são um alívio para aqueles pilotos que já estão no setor aéreo, pelo significado de “segurança no emprego”, com uma variável favorável a um melhor ambiente de carreira, pró segurança de vôo. [EL] – c/ fonte