Produtora de energia limpa californiana Fulcrum BioEnergy divulga avanço no desenvolvimento da chamada solução sustentável para as necessidades de combustível de aviação na era da descarbonização da indústria aérea, a partir de projeto de produção de petróleo bruto de baixo carbono para suportar refino de SAF, em 12.04.23


A produtora de energia limpa californiana (EUA) Fulcrum BioEnergy divulgou que avançou em relação ao desenvolvimento da chamada solução sustentável para as necessidades de combustível de aviação na era da descarbonização obrigatória da indústria aérea.

A empresa de energia com sede em Pleasanton (Califórnia) informou que está – por meio de uma instalação de escala comercial pioneira – produzindo petróleo bruto de baixo carbono a partir do qual começará a refinar um combustível de aviação sustentável (SAF).

Fabricantes-produtoras de SAF como a finlandesa Neste e a americana World Energy, desde o início dos anos 2000, transformaram a indústria de biocombustíveis em um mercado multinacional de US$ 433 milhões. Em paralelo, o setor de aviação global responde por menos de 2% das emissões mundiais de CO2, mas permanece entre as indústrias essenciais mais incansavelmente menosprezadas e ao mesmo tempo escrutinadas e criticadas por ativistas pró-meio ambiente e do clima, além de algumas autoridades nacionais do bloco da União Européia.

Constituída em 2007 com o objetivo de identificar uma matéria-prima diferente para a produção de biocombustíveis, a Fulcrum BioEnergy se concentrou em resíduos sólidos urbanos. Citando o custo relativamente baixo e o suprimento inesgotável de lixo, a Fulcrum promove sua utilização de tais estandes para resolver imediatamente os problemas de aterros sanitários, gases de efeito estufa e dependência de combustíveis fósseis.

Entre os primeiros funcionários da Fulcrum, estava Eric Pryor, que ingressou na empresa já em 2007, atuando como CFO até 2021, quando ascendeu ao alto posto de CEO.

Presidente e CEO da Fulcrum BioEnergy, Pryor, afirmou: “Os problemas que estamos resolvendo continuam a se tornar problemas cada vez mais difíceis. A necessidade e o interesse só aumentam”. Pryor acrescentou de forma um tanto enigmática: “Do lado ambiental, é uma vitória; o que descobrimos ao longo do tempo – e tentamos otimizar – é que também existe um valor econômico real associado a esses enormes atributos ambientais”.

O processo de produção SAF da Fulcrum exige que os resíduos do aterro sejam processados em uma pequena matéria-prima semelhante a confete, que é posteriormente convertida em gás de síntese – uma mistura de monóxido de carbono e moléculas de hidrogênio. O Syngas subseqüentemente passa pelo processo Fischer-Tropsch, uma coleção de reações químicas que ocorrem na presença de catalisadores, normalmente a temperaturas de 302°–572°F (150°-300°C) e pressões de várias dezenas de atmosferas, cujo resultado final é a produção de hidrocarbonetos líquidos – como como SAF.

Em virtude dos avanços da engenharia do século 21, várias análises de terceiros e integração de equipamentos comerciais já bem-sucedidos, a Fulcrum desenvolveu o que Pryor chama de “abordagem básica e metódica para provar as operações, tanto em nível de demonstração quanto em nível comercial nível”. Pryor afirma que a Fulcrum se beneficiou de “investidores pacientes”, muitos dos quais, além de doações e empréstimos, levantaram mais de US$ 500 milhões.

Em maio de 2022, as operações começaram em Reno, no estado americano do Nevada, na fábrica da subsidiária da Fulcrum, a Sierra BioFuels. Em dezembro, a planta de Reno produziu um novo óleo bruto sintético de baixo carbono que pode ser refinado em SAF. Pryor se referiu ao caso como um “momento divisor de águas”.

Na pendência de uma atualização iminente de equipamento, a Fulcrum terá em breve a capacidade de converter o petróleo bruto sintético acima mencionado em SAF, afirma o vice-presidente de administração da Fulcrum, Rick Barraza.

A equipe de engenharia da Fulcrum estima que sua planta industrial da Sierra BioFuels tem capacidade para produzir 63 galões (239 litros) de SAF por cada tonelada de matéria-prima.

A Fulcrum está atualmente trabalhando para identificar mais de dez locais de futuras fábricas, cuja produção anual combinada pode ser igual a 400 milhões de galões (1,516 bilhões de litros) de SAF.

O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, afirmou que o custo é o principal obstáculo que impede a adoção generalizada do SAF.

Atualmente, o preço de um galão de SAF é – dependendo da localização geográfica – três a cinco vezes maior do que a quantidade equivalente de combustível de aviação convencional. As companhias aéreas que atualmente utilizam o SAF em suas operações de vôo diárias o fazem principalmente em resposta às pressões regulatórias aplicadas cada vez maiores, mais ostensivas, por autoridades nacionais -pela União Européia e do EUA.

Brraza afirma que o produto da Fulcrum BioEnergy terá “preços muito competitivos com combustíveis à base de petróleo”, mas a Fulcrum se recusa a divulgar o custo projetado de seu SAF.

Em todo o setor de energia limpa, corporações, empresas do tipo LLC (Limited Liability Company) e instituições de pesquisa estão buscando matérias-primas alternativas para produzir biocombustíveis.

A startup de energia Prometheus Fuels, com sede em Santa Cruz, na Califórnia, está pesquisando meios para sintetizar SAF a partir do CO2 atmosférico.

A Dimensional Energy, de Tucson, no Arizona, oferecendo poucos dados concretos relativos a suas tecnologias ou métodos, está supostamente tentando produzir SAF a partir de CO2 e água.

“Nenhuma solução será a panacéia que conserta tudo”, opinou Pryor. “Mas seremos os principais contribuintes para resolver esses problemas. O volume de lixo produzido em todo o país a cada ano nos dará uma fonte totalmente nova de combustível com baixo teor de carbono”. [EL] – c/ fontes