Mercado de aviação executiva vendo mudança em direção ao sudeste da Ásia, em 16.02.22
Matéria da mídia AIN postada em 14/02/2022, pela articulista Kerry Lynch, divulga uma mudança no mercado de aviação executiva com centro de atividade se deslocando para o sudeste asiático, em meio a um “mal-estar” contínuo no mercado chinês, vista consensualmente por líderes desta categoria do transporte.“O centro do universo [na região da Ásia-Pacífico], no que diz respeito à aviação executiva, certamente costumava ser a China. Os Dólares e os negócios que entraram na China o tornaram o mercado mais significativo. Mas isso foi naquela época e isso é agora, e não é assim no momento”, disse Jeffrey Lowe, CEO da consultoria e corretagem de aeronaves Asian Sky Group/Asian Sky Media, segundo a matéria da AIN.
Todas as transações de aeronaves usadas (“segunda mão”) que Lowe viu recentemente envolvem a venda de aeronaves fora da China, ele disse, acrescentando que as pressões econômicas, políticas e do Covid-19 contribuíram para a mudança. “A China simplesmente não está centelhando todos os cilindros no momento”, acrescentou Lowe.
Em vez disso, o mercado de aviação executiva na região está crescendo no setor sudeste asiático, Lowe explica, observando muitos negócios na Malásia, Tailândia e Cingapura, juntamente com algum aumento de interesse no Vietnã. Enquanto isso, a Coréia do Sul e a Austrália tornaram-se mercados fortes para serviços missionários e missões governamentais.
Lowe aponta para os investimentos que foram aplicados no desenvolvimento do Aeroporto Seletar (WSSL), no setor norte-leste de Cingapura, e da região circundante em Cingapura, em um centro de aviação, trazendo a maioria das fabricantes bem como os principais fornecedores e organizações de manutenção (MRO). “Ele [aeroporto Seletar] se transformou em um grande, grande centro para o sudeste asiático”, diz Lowe, mas acrescentando que centros como Kuala Lumpur e Subang, na Malásia, também tiveram investimentos significativos. Esses investimentos posicionarão melhor a região quando a pandemia terminar totalmente, sustenta Lowe.
De fato, Lowe acredita que a desaceleração causada pela pandemia deu às organizações a oportunidade de avaliar o que precisam fazer para se preparar para quando o mercado se recuperar, incluindo investir em áreas onde talvez não o tenham feito antes.
Ainda assim, na Ásia, o mercado ainda não viu o mesmo salto na atividade do que na América do Norte. “Isso porque todo vôo é um voo internacional aqui”, disse Lowe. “E ainda estamos esperando a abertura da Ásia. Mas todos esperam que, quando isso acontecer, veremos o boom que o EUA está vendo no momento e eles estão se preparando para isso”.
A aviação executiva encontrou um lar nesta vasta e diversificada na região sudeste da Ásia, concorda Rolland Vincent, diretor e fundador da JetNet iQ e presidente da Rolland Vincent Associates. “Os provedores de serviços estão investindo no longo prazo para fornecer aos clientes soluções de MRO locais”, aponta Vincent, para emendar: “De muitas maneiras, a Ásia-Pacífico continua sendo a fronteira para a aviação executiva”.
Vincent observou que a frota cresceu de uma pequena base há apenas 15 a 20 anos para 1.248 jatos no final de dezembro. Os números da JetNet já refletem o declínio na China: a frota encolheu cerca de 15% nos últimos cinco anos, para 370 jatos executivos.
Mesmo assim, a Grande China, incluindo Hong Kong e Macau, continua sendo a maior base de aeronaves executivas na região, pontua Vincent. A JetNet informou que a Grande China ainda recebeu 25% dos estimados 36 novos jatos executivos entregues na região da Ásia-Pacífico.
Lowe acrescentou que, embora esteja animado com o mercado do sudeste asiático, a China continuará sendo um mercado importante na região apenas por causa de seu tamanho e geração de riqueza. “Está passando por uma fase ruim”, enfatizou.
Com as distâncias requeridas nas operações do mercado do sudeste asiático, as aeronaves de ultralongo alcance ainda dominam o contingente de novas de aeronaves entregues na região. O Gulfstream G650ER respondeu por 36% das entregas e o Bombardier Global 7500 representou outros 17%. Aeronaves de cabine larga da série Dassault Falcon 2000 e Bombardier Challenger 600 em diante, representaram 53% da frota baseada na Ásia-Pacífico, de acordo com os números da JetNet.
Lowe vê tendência de continuidade à medida que as aeronaves executivas na região não apenas voam distâncias maiores, mas normalmente transportam mais pessoas que trazem mais bagagem.
O potencial de crescimento é tão importante que a Dassault planeja uma participação e presença de suas aeronaves considerável na feira aeronáutica bienal Singapore Airshow (em Cingapura), que será aberta no próximo dia 18. Com uma frota crescente na Ásia-Pacífico que chegou a 100, de acordo com os números da JetNet em 31 de dezembro, a Dassault visa um mercado que favorece os jatos de cabine larga enquanto trabalha para colocar no mercado os seus novos modelos Falcon 6X e 10X.
A Dassault está exibindo uma maquete (mockup) em escala real de seu Falcon 6X em Cingapura, à medida que o modelo se aproxima da entrada em serviço. Em ritmo de certificação até o final do ano, o Falcon 6X terá alcance de 5.500 MN e cabine mais ampla do que qualquer jato executivo produzido originalmente como aeronave executiva.
O primeiro jato Falcon 6X para cliente (de registro de produção sn-5) chegou ao centro de conclusão Dassault Falcon em Little Rock, no Arkansas/EUA, no final de janeiro. A Dassault divulgou que as equipes se prepararam por meses para a chegada do aparelho para garantir uma conclusão acelerada e um cronograma de entrega com processos para permitir “instalações únicas” em interiores.
A Dassault tem três protótipos do Falcon 6X em testes de vôo e planeja voar um quarto protótipo equipado com interior completo no final do primeiro trimestre. Esse protótipo voará uma turnê global para testar a maturidade dos sistemas da aeronave.
Além da maquete (mockup) em escala real do Falcon 6X na Singapore Airshow, a Dassault levou para Cingapura um Falcon 2000LXS e seu Falcon 8X com novo interior. A fabricante francesa planejava fornecer uma prévia de seu Falcon 10X (de alcance de 7.500 MN). Apresentado em maio de 2021 e programado para entrar em serviço em meados da década, o Falcon 10X também se tornará o maior e mais longo Dassault Falcon já produzido.
Ressaltando suas aspirações para a região da Ásia-Pacífico, a ExecuJet MRO Services, da Dassault, revelou em dezembro planos para construir sua própria instalação de manutenção, de 144.000 pés² quadrados (13.380 m²), no Aeroporto de Subang (WMSA), na Malásia, substituindo os 64.000 pés² (5.945 m²) do espaço alugado em que atualmente opera. Para abranger 125.000 pés² (11.610 m²) de espaço de hangar e cerca de 19.000 pés² (1.765 m²) de espaço de escritórios e lojas, as novas instalações serão capazes de acomodar os jatos de longo alcance tão predominantes na região.
Embora a Bombardier tenha desistido da Singapore Airshow devido a preocupações com a pandemia, a fabricante canadense também tem planos na região para revelar sua expansão do centro de serviços em Cingapura e abrir uma nova instalação de 50.000 pés² (4.645 m²) na Austrália neste ano. Para abrir em breve, a expansão do Seletar Aerospace Park resultará em uma instalação de 40.000 m² e incluirá uma instalação de pintura de serviço completo de 37.000 pés² (3.435 m²), uma área de peças integradas de quase 10.000 pés² (930 m²) para depósito e a adição de mais de US$ 15 milhões em estoque de peças.
A expansão ocorre enquanto a Bombardier continua otimista sobre as perspectivas para a região. “Nos próximos 12 meses, veremos a demanda se intensificando a níveis que não víamos desde a era pré-2008”, disse um porta-voz da Bombardier para a mídia AIN. [EL] – c/ fontes