MINFRA tenta ‘vender’ ao novo governo PPP de aeroportos interioranos, em 20.11.22
Fonte: Estadão/InfoMoney – 19/11/2022
O Ministério da Infraestrutura (MINFRA) trabalha para que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva encampe a idéia do programa de parcerias público-privadas (PPP) para operação de aeroportos regionais no país, com potencial de envolver por volta de 50 terminais.
A ideia inicial é apresentar ativos que estão em Estados da Amazônia Legal, região onde o presidente Lula tem simpatia em razão da agenda ambiental apresentada durante sua campanha. Também vai servir de argumento para vender a proposta ao novo governo o fato do programa cobrar uma participação maior do Estado em relação a concessões comuns.
Parte do grupo de Infraestrutura do governo de transição já se reuniu em dois momentos nesta semana com técnicos do MINFRA – e nas duas ocasiões, o plano de PPP para aeroportos foi apresentado.
Para o titular da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Ronei Glanzmann, o programa para os terminais de menor porte é o mais importante da área dentro do Executivo.
Apesar das “relicitações” e a oitava rodada de concessão de aeroportos – que contará com Galeão e Santos Dumont, no Rio de Janeiro – serem de muita relevância para o setor, Glanzmann afirmou que esses projetos já estão consolidados e não devem ter problemas de continuidade. As concessões de aeroportos começaram ainda no governo de Dilma Rousseff, em 2011. À época, Glanzmann já era integrante da SAC.
O secretário classifica a agenda de PPP no setor aéreo como “disruptiva”. “Queremos deixar para o governo de transição como um legado”, afirmou Glanzmann ao Estadão/Broadcast.
O contrato de PPP proposto é de dez anos, com necessidade de execução dos investimentos logo nos três primeiros anos da concessão.
Para Glanzmann, a vantagem está na agilidade que o setor privado terá para executar as obras. Hoje, Glanzmann apontou, essa capacidade é limitada pelo orçamento e pelas amarras das contratações públicas.
A ANAC pode lançar até o fim do ano – ou início do próximo – a consulta pública para o primeiro bloco de PPP, que contaria com oito aeroportos no Amazonas, nas cidades de Parintins, Coari, Eirunepé, Barcelos, Carauari, Maués, São Gabriel da Cachoeira e Lábrea.
Hoje, os oito terminais do interior do Amazonas já recebem vôos comerciais, mas numa frequência pequena. Como não têm uma movimentação expressiva de passageiros, o plano é conceder de forma “patrocinada”, ou seja, com aporte e contraprestação do poder público nos empreendimentos.
Para esse primeiro bloco – a ideia é licitar pelo menos mais quatro -, os estudos do governo, concluídos há poucos dias, indicam uma necessidade orçamentária federal de R$ 500 milhões: R$ 400 milhões para investimento e R$ 100 milhões para operação. O valor ficaria numa conta específica e seria liberado às empresas que arrematarem os aeroportos à medida que obrigações do contrato comecem a ser cumpridas.