Dassault em alta com onda de encomendas de jatos Falcon e caças Rafale em 2022, resultando carteira de encomendas (backlog) histórica, em 12.03.23


A Dassault registrou lucro líquido de € 830 milhões com receita de € 6,9 bilhões em 2022, uma margem de 12%, apesar das dificuldades – de crises seriadas, como Covid, guerra Rússia-Ucrânia e tensões geopolíticas -, de desabastecimento de suprimentos, com restrições na cadeia de fornecimento (incluindo matéria-prima) e na insuficiência na disponibilidade de mão de obra, de problemas de aumento de custos (quadro inflacionário mundial), incluindo na energia restrições de oferta.

Em 2022, a Dassault também registrou pedidos líquidos para 64 jatos executivos Falcon e 92 caças Rafale, este último principalmente graças à confirmação dos Emirados Árabes Unidos de seu pedido de 80 caças, que representam valor de venda de 21 bilhões de Euros.

As sanções do ocidente aplicadas à Russia, pelo conflito de guerra com a Ucrânia, resultaram no cancelamento de pedidos russos de jatos executivos Falcon.

O CEO da fabricante francesa Eric Trappier disse jornalistas na coletiva de imprensa de resultados anuais nesta quinta dia 09 que “a carteira de encomendas está cheia e é a maior da história da empresa”, compreendendo 87 jatos executivos Falcon e 164 caças Rafale, e mais 39 aeronaves de Defesa, para um total de 251 aeronaves, contra 55 jatos executivos Falcon e 46 caças Rafale, e mais 40 aeronaves de Defesa, para um total de 141 aeronaves, ao final de 2021.

Em 2022, foram encomendados (descontados cancelamentos da Rússia) 64 jatos Falcon, ante 51 encomendas em 2021, uma diferença de 13 pedidos (+25,5%). Foram entregues 32 jatos Falcon, ante 30 entregas em 2021, uma diferença de 2 entregas (+6,7%). A carteira de encomendas teve uma alta de 55 jatos (2021) para 87 jatos (em 2022), uma diferença de 32 jatos (+58,2%); em termos financeiros, a carteira passou de 20,8 bilhões de Euros para 35 bi de Euros, uma alta de 14,2 bi de Euros (+68,3%), com uma posição de valor histórica.

A Dassault classificou o mercado como “ativo”, mas apontou que vendas começaram a desacelerar no final do ano. A fabricante avalia que o tráfego da aviação executiva no segmento na “ponta” (high end) ainda foi maior do que em 2019, mas começou a se estabilizar no final do ano, e que o mercado de aeronaves usadas é dinâmico, os estoques aumentaram no final do ano.

Trappier descreveu o progresso com os programas dos jatos Falcon 6X e 10X.

A campanha de ceetiificação, com três aeronaves, já cumpriu mais de 400 vôos, e mais de 1.100 horas de vôo, desde o primeiro vôo do modelo, com excelente comportamento e performance de vôo, em linha com as previsões do projeto. O programa cumpriu uma turnê mundial de quatro semanas com 50 escalas. A certificação e as primeiras entregas do 6X são esperadas para meados deste ano, com algumas aeronaves já concluídas em sua fábrica em Little Rock, no Arkansas (EUA). Algumas pequenas melhorias estão sendo feitas como resultado da recém-concluída turnê mundial do 6X.

Algumas peças para o 10X já foram feitas e testes de asas foram realizados. O motor Rolls-Royce Pearl 10X fará seu primeiro vôo de teste numa aeronave plataforma de teste neste primeiro semestre. O 10X está sendo projetado para voar com 100% de combustível de aviação sustentável (SAF). Trappier disse que a cabine espaçosa será um importante ponto de venda e sugeriu que a China poderia ser uma fonte significativa de pedidos do 10X.

Enquanto isso, para o portfólio já em serviço, a Dassault segue empreendendo melhoramentos nos produtos, com uma atualização de aviônica para os modelos Falcon 7X e 8X – o novo sistema aviônico EASy IV está disponível nos modelos 7X e 8X, enquanto o módulo Falcon Privacy Suite está disponível no Falcon 8X (juntamente com o 6X e o 10X).

A Dassault divulgou que a produção de seção dianteira da fuselagem de jatos da Família Falcon na Índia está aumentando, e uma atualização de aviônica para os modelos Falcon 7X e 8X continua.

A Dassault marcou posição na questão de mobilização de ambientalistas produzindo críticas à aviação geral-executiva em período dos últimos 4 anos – os jatos executivos sendo um alvo de movimentos desde meados de 2022 (principalmente na Europa e especialmente na França). A Dassault registrou que a aviação executiva responde por 2% das emissões globais de CO2 da aviação, ou 0,04% das emissões globais de CO2, e que em sua parte está comprometida desde 2009 em alcançar emissão zero líquido até 2050, comungando a mesma meta da ICAO. A fabricante participa os programas de pesquisa francês (CORAC) e europeu (Clean Aviation), visando a redução de consumo de combustível, e emissões de CO2, por meio da otimização dos projetos de aeronaves. Adicionalmente, a fabricante informou que está desenvolvendo uma ferramenta inovadora para otimizar de planejamento de vôo com vista a reduzir consumo e emissões de CO2.

A Dassault divulgou que o atual portfólio de jatos Falcon está certificado para operar com até 50% de SAF, e que o novo modelo 10X já terá capacidade de operar com combustível 100% SAF. A fabricante destacou que os atuais fornecedores de SAF estão viabilizando redução de emissão de CO2 em até 90-80% em comparação ao QAv (JET-A). A Dassault divulgou que operou, em 2022, 179 vôos com uso de combustível com mistura de 30% de SAF (o único teor de SAF hoje disponível no mercado).

Um centro de manutenção Falcon foi aberto nos Emirados Árabes Unidos no ano passado e um novo centro está sendo inaugurado em Melbourne, na Flórida (EUA), para substituir as instalações agora fechadas em Wilmington, no Delaware, que “estavam se tornando obsoletas”, Trappier observou.

Trappier admitiu que o suporte aos clientes da Falcon em todo o mundo poderia ser melhorado, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de peças de reposição.

De todo o modelo, a linha Falcon segue com alta demanda do mercado, como evidenciado pelos poucos jatos disponíveis no mercado de usados, acrescentou Trappier.

A Dassault está propondo o 10X para a próxima aeronave de patrulha marítima (MPA) da Europa. Contratos de estudo no valor de € 10,9 milhões cada foram recentemente concedidos à Dassault e à Airbus, que está propondo o modelo A320NEO. [EL]

Apresentação dos resultados anual 2022:
https://www.dassault-aviation.com/wp-content/blogs.dir/2/files/2023/03/Press-Conference-March-09-2023.pdf