EMBRAER posta resultado 4T22 com lucro líquido atribuído a acionistas de R$ 119,2 mi, fechando ano com prejuízo de R$ 953,6 mi, em 12.03.23


Fonte: InfoMoney – 10/03/2023
A EMBRAER (EMBR) teve lucro líquido ajustado de R$ 226,2 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 30,9% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, informou a fabricante de aeronaves na manhã desta sexta dia 10. Sem ajustes, o lucro líquido atribuído aos acionistas foi R$ 119,2 milhões no 4T22, uma elevação de 973,9% frente ao 4T21.

Em 2022, o prejuízo líquido atribuível aos acionistas da EMBRAER foi de R$ 953,6 milhões.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 1,198 bilhão no 4T22 contra R$ 609,4 milhões do 4T21.

A margem Ebitda ajustada atingiu 11,5% entre outubro e dezembro (4T22), alta de 3,1 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 4T21.

A receita líquida somou R$ 10,5 bilhões no quarto trimestre deste ano, crescimento de 44% na comparação com igual etapa de 2021, em linha com as estimativas (guidance) da empresa.

O fluxo de caixa livre (FCF) ajustado sem EVE no 4T22 foi de R$ 3,060,9 bilhões, levando a um FCF anual de R$ 2,735,2 bilhões em 2022, superando a estimativa do FCF para o ano devido aos excelentes resultados e desempenho de vendas da Aviação Executiva e controle muito rígido do capital de giro.

As adições líquidas ao imobilizado total no 4T22 foram de R$ 250,8 milhões, contra R$ 168,1 milhões em adições líquidas reportadas no 4T21.

Em 31 de dezembro de 2022, a dívida líquida da companhia era de R$ 3,767 bilhões ante R$ 7,768 bilhões da mesma etapa de 2021.

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 2,1 vezes em dezembro/22, queda de 1,9 p.p. em relação ao mesmo período de 2021.

A EMBRAER entregou 80 jatos no quarto trimestre de 2022, sendo 30 aeronaves comerciais e 50 jatos executivos (33 leves e 17 médios).

Em 2022, foram entregues 159 jatos, sendo 57 aeronaves comerciais e 102 jatos executivos (66 leves e 36 médios).

A EMBRAER aumentou o número de aeronaves entregues em 12,7% em relação a 2021, mesmo com restrições significativas na cadeia de suprimentos.

Carteira de pedidos firmes a entregar encerrou o 4T22 em US$ 17,5 bilhões, US$ 500 milhões a mais em relação ao ano anterior, com maior book-to-bill em Aviação Executiva e Serviços e Suporte.

A fabricante de aeronaves espera que sua receita líquida aumente em 2023 frente ao ano anterior, à medida que projeta uma melhora gradual nas interrupções na cadeia de suprimentos e uma elevação nas entregas de aviões.

A EMBRAER afirmou que espera atingir uma receita líquida entre US$ 5,2 bilhões e US$ 5,7 bilhões neste ano, o que representaria um crescimento de até 27%. Em 2022, a EMBRAER atingiu o limite inferior de sua estimativa de receita, que variava entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5,0 bilhões.

A EMBRAER já havia divulgado entregas de 159 aeronaves em 2022, atingindo a meta de jatos executivos, mas ficando um pouco abaixo de sua projeção para jatos comerciais.

Em 2023, de acordo com a fabricante, a unidade de aeronaves comerciais deverá entregar de 65 a 70 jatos, ante 57 no ano passado, enquanto as vendas também devem apresentar forte desempenho, uma vez que o volume de viagens se recupera da pandemia. A fabricante espera restaurar a carteira de pedidos ao nível anterior a 2020.

Negócios recentes da EMBRAER incluem um pedido firme de seis jatos E195-E2 realizado pela companhia aérea de baixo custo SalamAir, de Omã, bem como um acordo para 20 aeronaves junto à Porter Airlines, do Canadá, um pedido de 15 E195-E2 de cliente não revelado e um novo pedido de cinco jatos da companhia espanhola Binter.

As entregas de jatos executivos, por sua vez, têm a projeção de aumento de até 27,5% no ano, para um patamar entre 120 e 130, divulgou a fabricante.

A EMBRAER também manteve para este ano sua projeção de fluxo de caixa livre de US$ 150 milhões ou mais.


EMBRAER teme dificuldades na cadeia de suprimentos; ações sobem com resultado 4T22, com analistas destacando ganhos de margem e um forte fluxo de geração de caixa no período
As ações da EMBRAER repercutiram os resultados da fabricante de aeronaves no quarto trimestre de 2022 com alta em Bolsas.

Analistas do mercado financeiro destacaram os ganhos de margem da companhia e um forte fluxo de geração de caixa no período.

Após a divulgação dos resultados, o Bradesco BBI manteve recomendação outperform para os ADRs da EMBRAER, negociados na Bolsa de Nova York. Mas elevou o preço-alvo do papel de US$ 22 para US$ 24.

A ‘casa’ avalia que o balanço trimestral foi sólido e destacou positivamente o trabalho de administração da companhia. O Ebitda de US$ 228 milhões da Embraer no período ficou 20% acima das estimativas do Bradesco BBI.

Os analistas também destacaram a entrega de 80 aeronaves no quarto trimestre de 2022, ante as 50 entregues um ano antes. As vendas contribuíram para um avanço da margem Ebitda, para 11,5%. Outro highlight foi a forte geração de caixa da companhia em 2022, de US$ 540 milhões, ficando acima do guidance da EMBRAER.

As projeções conservadoras para o caixa em 2023 e negociações da fabricante na Índia também foram grifados pela equipe de análise do BBI.

O guidance da EMBRAER para este ano veio em linha com as projeções do JP Morgan, que também destacou a forte geração de caixa que a companhia apresentou e também sua margem Ebitda.

O JP tem recomendação overweight (performance acima da média do mercado) para os ADRs da EMBRAER e preço-alvo de US$ 16.

Para o Itaú BBA, além da melhora gradual nas operações da EMBRAER, alguns eventos prometem ser catalisadores para os papéis da companhia. A equipe de análise cita um grande incremento em pedidos comerciais, novos fluxos em potencial da parceria em aviação comercial na Índia e novidades no processo de arbitragem com a Boeing, que poderia resultado em um reembolso generoso.

O BBA tem recomendação outperform para o ADR da EMBRAER e preço-alvo de US$ 21.

A EMBRAER divulgou que ainda teme dificuldades na cadeia de suprimentos em 2023. O problema na cadeia de suprimentos se arrastou ao longo de 2022 e deve perdurar em 2023. O quadro afetou diretamente o guidance de entrega de aeronaves da fabricante no ano passado.

Na teleconferência de resultados do 4T22, analistas de mercado centraram nesse tema já que a própria fabricante reconhece que as dificuldades de obter peças ainda impacta o negócio, embora tenha divulgado projeções de fabricação de aviões maiores para 2023.

“A EMBRAER tem capacidade de produzir muito mais de 70 jatos comerciais por ano. É que a gente está limitada pela cadeia de suprimentos. A gente está com o slot [de produção] preenchido considerando as condições da cadeia de suprimentos”, disse o CEO da EMBRAER Francisco Gomes Neto.

A EMBRAER estima entregar de 65 a 70 aeronaves de aviação comercial em 2023 e de 120 a 130 aeronaves da aviação executiva.

Em 2022, a fabricante não atingiu o guidance na aviação comercial – foram entregues 57 aeronaves (a estimativa estava entre 60 a 70). Na aviação executiva, as entregas de 102 aeronaves ficaram na faixa de meta – entre 100 a 110.

Na aviação comercial, a meta de 65 entregas representa um aumento de 8 jatos (14%) sobre as 57 entregas de 2022 e equivale à meta de 2022.

Na aviação executiva, a meta de 130 entregas representa um aumento de 28 jatos (27,5%) sobre as 102 entregas de 2022 e de 25 aeronaves (23,8%) sobre a meta de 2022.

“Em 2022, poderíamos ter entregue mais na aviação comercial, mas fomos limitados principalmente pela cadeia de suprimentos, mas também do final do ano um pouco da logística de inspeção de aviões”, comentou o CEO.

Ainda ocorreu no ano passado na linha de aeronaves comerciais E1 a escassez de pilotos no Estados Unidos, limitando entregas. No caso do E2, a outra linha de aeronaves comerciais da EMBRAER, o problema foi o recebimento de motores.

Gomes Neto acrescentou que essas limitações influenciaram dessa forma o guidance de 2022: “Poderia ter sido melhor (o número de entregas)”.

Em 2022, na aviação comercial, a companhia entregou 67% de aeronaves E1 e 33% de E2. Já esse ano, 60% será da linha de E2 e 40% da E1. “É o primeiro ano que a gente vai entregar mais aviões E2 do que E1”, Gomes Neto ressaltou.

Francisco Gomes Neto explicou ainda que 2021 e 2022 foram dedicados à recuperação do negócio após duas crises simultâneas: a pandemia e o fim do acordo da EMBRAER com a Boeing.

“A partir de 2023 o foco seria voltar a crescer. O turn around do negócio foi concluído em 2022. Estamos preparados para iniciar nova fase de crescimento. Ainda vamos enfrentar desafios na cadeia de fornecimento esse ano”, disse Gomes Neto.

Ele comentou ainda na tele que os slots para entrega de aeronaves tanto para 2023 como 2024 estão praticamente preenchidos com a produção de jatos comerciais e executivos. “Carteira de pedidos firmes voltou ao patamar pré-pandemia”, Gomes Neto destacou.

“Esse ano vai ser um ano desafiador com a cadeia (de suprimentos). Melhor do que o ano passado, mas ainda recebendo uma quantidade menor do que a gente gostaria e atrasos na chegada. Então, a gente vai ter que continuar com toda aquela flexibilidade com a logística e produção da aeronave. Mas 2024 a gente prevê avanço importante na cadeia”, Gomes Neto finalizou.